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quarta-feira, 26 de junho de 2019

Big Data e Internet das Coisas: como as profissões do futuro podem economizar R$ 73 bilhões ao ano na produção do país


Levantamento recente feito pelo Senai projeta, nesta década, o surgimento de 30 novas ocupações no mercado de trabalho por conta da Indústria 4.0


Com o avanço da tecnologia, diversas profissões podem ser extintas nos próximos anos. Na contramão disso, surgem também novas oportunidades e a exigência por profissionais cada vez mais qualificados. Um levantamento recente feito pelo Senai projeta, nesta década, o surgimento de 30 novas profissões no mercado de trabalho graças à Indústria 4.0 - conjunto de tecnologias que permitem a fusão do mundo físico, digital e biológico.

Dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) indicam que a migração do setor para o conceito 4.0 pode trazer uma redução de custos de produção na ordem de R$ 73 bilhões ao ano. Essa economia envolve ganhos de eficiência, diminuição de gastos com manutenção de máquinas e consumo de energia.


Uma dessas tecnologias que pode alavancar oportunidades econômicas no Brasil é a chamada Internet das Coisas, que possibilita a conexão entre objetos físicos com a internet, como é o caso de carros que se locomovem sem a presença de motorista. Para Daniel Plotrino, especialista que atua na área, o profissional do futuro precisa ter algumas habilidades para se destacar no mercado.

“O profissional do futuro precisa ser, acima de tudo, muito curioso, explorador, tem que, constantemente, se atualizar, estudar, sem depender somente da formação acadêmica. Precisa ser um pouco autodidata e saber compartilhar, isso é muito importante”, ressaltou.

Os segmentos de automóveis; alimentos e bebidas; máquinas e ferramentas; petróleo e gás; têxtil e vestuário; química e petroquímica; tecnologias da informação e comunicação, além da construção civil, devem ser responsáveis por abrir a maioria das novas vagas.


Veículos

No segmento de produção de veículos automotores, quatro novas ocupações devem ser criadas: mecânico de veículos híbridos, mecânico especialista em telemetria, programador de unidades de controles eletrônicos e técnico em informática veicular. A projeção é que, em 10 anos, até 50% das empresas do ramo necessitem desses profissionais, segundo dados do Senai.

Na visão do presidente da Associação de Startups e Empreendedores Digitais do Brasil (ASTEPS), Hugo Giallanza, as profissões do futuro no mercado de carros, por exemplo, vão exigir domínio de novos conhecimentos, como programação e aplicativos de software.

“Ninguém imaginava que essas coisas se tornariam realidade na velocidade em que elas estão se tornando. Então, a manutenção de um veículo desse é totalmente diferente. Ele é todo inteligente, ele informa. Um veículo desse vai ter menos problemas de manutenção técnica do que um carro a combustão, que você tem que trocar o óleo, trocar várias peças a todo o instante. Então, essa eficiência também vai ser convidativa para atrair novos entusiastas para esses veículos”, explicou.


Na era dominada por smartphones, tablets e aplicativos, profissões ligadas à tecnologia da informação, como analista de Internet das Coisas (IoT), especialista em Big Data (conjuntos de dados que precisam ser processados e armazenados), vão se tornar comuns. No mundo digital, a segurança das informações é uma das maiores preocupações de empresários e consumidores. 

A tendência é que, com isso, haja uma demanda por engenheiros de cybersegurança e analistas de segurança e defesa digital.

Para o escritor Sidnei Oliveira, autor do livro “Profissões do Futuro”, a inteligência artificial pode ser uma boa ferramenta de trabalho para suprir essa necessidade.

“O engenheiro de hoje tem os dias contados. Boa parte do trabalho de um engenheiro do passado ou do presente é facilmente resolvido pela inteligência artificial. A máquina, agora, está aprendendo. Qualquer profissão do futuro que seja ligada a uma atividade que eu precise aprender ou a uma atividade em que eu possa ensinar, esta é uma profissão boa para o futuro”, ponderou.


Mercado bilionário

Indústria que tem a tecnologia como matéria-prima, o mercado de eSports deve alcançar uma marca expressiva em 2019. Dados da Newzoo, agência especializada em análises de games e esportes eletrônicos, estima um faturamento recorde de 1,1 bilhão de dólares, com audiência de 453,8 milhões de pessoas no mundo.

O presidente do Instituto Campus Party, Francesco Farruggia, ressalta que, por ser um setor com alto potencial econômico e que é consumido em qualquer lugar do mundo, o mercado de games já compete com modalidades tradicionais, como futebol e basquete.

“eSports são estas competições de games e vão precisar de mão de obra, pessoas que sejam especializadas em esportes eletrônicos”, afirmou.

Com o avanço das profissões do futuro, milhões de brasileiros temem pela expansão do desemprego, que já atinge mais de 13 milhões de pessoas no país. O diretor comercial e de marketing da Inbenta Brasil, Cassiano Maschio, acredita que certas ocupações devem desaparecer.

“São profissões mais operacionais, mais repetitivas, que exigem mais esforço físico: atendentes de telemarketing, caixa de banco, na verdade estas profissões já estão desaparecendo. Motorista também, por conta dos carros autônomos”, exemplifica.

Outra área que deve sofrer alterações nos próximos anos é o mercado financeiro. Os traders, nome dado aos investidores que buscam ganhos com compra e venda de ações ou ativos negociados em bolsa de valores, podem ter o trabalho potencializado por robôs.

“Tem robô de alta performance, que opera no mercado Forex, que é um mercado que movimenta 5 trilhões de dólares, de alta liquidez. Ele entra na operação de compra ou venda e realiza a compra da moeda, pode ser euro ou dólar, depende da nossa estratégia, do que nós vamos passar. É possível obter com o robô, de forma agressiva, até 50% do seu capital investido e, com certeza, será uma das profissões do futuro pela alta lucratividade”, avalia a trader Glaucia Pétri.

Do mercado de ações aos consultórios. Para o especialista em cybersegurança Leonardo Moreira, os médicos também terão que se habituar com mudanças no exercício da profissão por conta da tecnologia.

“Esses algoritmos matemáticos (de Inteligência Artificial) vão ajudar os médicos a conseguirem um laudo mais preciso. Não vai acabar com o médico, mas acho que vai transformar a forma com que a medicina é exercida”, declarou.


Diferencial

A especialista em comportamento humano Daniela Galhardo considera que o profissional do futuro, para se tornar competitivo no mercado, terá que ter um diferencial: as habilidades socioemocionais.

“As mudanças estão muito rápidas. Então, o que vai ser - além da profissão que você vai desenvolver - o grande diferencial para um profissional se tornar competitivo? São as habilidades socioemocionais. A gente está falando da própria habilidade de cooperar, empatia, criatividade, saber ouvir, resiliência, autoconhecimento, ou seja, a habilidade que ele (trabalhador) tem para exercer aquela função ou o que vai fazer no futuro. Não é o que ele faz, mas sim como faz”, alerta Daniela.







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