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IMAGENS RETIRADAS DA INTERNET |
Dr. Alberto Guimarães fala sobre as cinco principais
dúvidas sobre esse tema
O
parto humanizado ou humanização do parto trata-se de um direito garantido por
lei e é considerado um processo no qual todas as atenções são voltadas às necessidades
da gestante. Segundo o ginecologista e obstetra, Alberto
Guimarães, defensor do parto humanizado, é a mulher quem tem o
controle da situação e as suas decisões devem ser respeitadas e levadas em
consideração para tornar o momento do parto em uma experiência única, saudável,
instintiva, entendendo esta ação como um ato fisiológico e natural do ser
humano.
O
parto humanizado oferece inúmeros benefícios como: apoio emocional, maior
percepção do momento do parto, recuperação mais rápida, uma vez que não é
necessário realizar cortes e nem aplicar anestesia. Além disso, a interação
entre mãe e filho é imediata, haja vista que a amamentação ocorre no local onde
o nascimento aconteceu.
O
parto humanizado é aquele em que o evento maior que é de se parir, é realizado
pela mulher. A mulher colocada como protagonista deste evento, uma pessoa que
tem e teve seu desejo respeitado, teve suas necessidades atendidas. Tais quais,
principalmente, a ideia de acompanhante por ela escolhida, um ambiente
acolhedor, pouca luz, pouca gente circulando nesse meio, possibilidade dela
ingerir alimentos se ela desejar, de caminhar durante o trabalho de parto, de
ter uma ajuda, a colaboração da doula com massagens para diminuir o desconforto
e dar apoio. Então o parto normal humanizado é o parto em que o protagonismo é
da mulher, como nós costumamos defender, dizendo que o parto é um evento
feminino e tem que ser respeitado como tal.
2. Uma cesárea também pode ser
humanizada?
Claro
que quando nós falamos no parto humanizado, a maioria das pessoas imaginam que
seja um parto natural/normal e, na verdade uma cesariana com indicação
obstétrica, também pode nesse ato ser incorporados práticas onde respeita a
passagem do neném para ser feito o contato pele a pele ou o corte tardio do
cordão, isso não precisa abrir mão pelo fato de ser uma cesárea, esses aspectos
que vão fazer diferença depois desse nascimento na vida do bebê e da mãe.
3. Porque as taxas de cesárea
são tão altas no Brasil?
O Brasil sem dúvida é um campeão mundial de cesáreas, esse tema é
complexo. A percepção porque chegamos nesse ponto, sem dúvidas existem aspectos
que diz respeito a parte médica, ao sistema de saúde vigente no Brasil, diz
respeito a remuneração, ao estímulo e a mudança da questão do parto que era no
primeiro momento num tipo de estrutura domiciliar. Essa ida para a parte
hospitalar, atuação de especialista, medicalização do parto na questão da
anestesia, antibióticos, a sinalização de que a segurança viria com a questão
hospitalar e a participação médica, é um dos fatores que acabou carreando pra
essa quantidade de cesáreas que observamos hoje.
Ouve um momento que a mulher ia simplesmente para uma cesárea
eletiva, ela começou imaginar que isso seria uma situação privilegiada que o dinheiro
estaria resolvendo o principal medo do parto que é relacionado a dor. Então a
ilusão de que seria mais seguro na questão hospitalar, estaria usando
recursos mais avançados e fazendo uso da questão financeira pra ter um parto
entre aspas em condições mais favoráveis que o parto normal, foi também um
responsável por essa distorção. Onde se imaginava “ah eu posso, vou lá e faço e
uma cesárea. Quem não pode, espera o tempo que for pra nascer”.
E sem dúvida, acreditar no parto cirúrgico, no parto agendado como
melhor, é uma distorção, pode até entender que seja mais tranquilo no sentido
de previsível, mas não é mais seguro, é o que mostram os estudos.
4. As mulheres têm medo do
parto?
Em nossa cultura, realmente o parto é percebido como uma
experiência que leva muito ao medo, remete a dor, remete a um desafio quase
instransponível. Daí na questão da criação desse programa Parto Sem Medo, nós
tínhamos uma clareza de que ajudar a mulher a enfrentar essa questão do medo,
ela perceber a fisiologia do parto, como ele acontece, quais as modificações
que acontecem, como é que funciona a questão das contrações, do corpo, que
ajuda ela pode ter desde o pré-natal, quais preparos pode ter nesse sentido e
que suporte terá por ocasião do parto. Acredito que isso, faz a diferença,
porque muitas mulheres de posse desse conhecimento e desse resgate, da coragem,
realmente estão se colocando no que nós chamamos de protagonismo. As mulheres
que passaram por essa experiência que é desafiadora sim, mas ao receber seu
neném no colo ainda cheio de secreção, de sangue, a criança externa, ela traz a
vibração que aquela experiência foi marcante e aquela experiência valeu a pena
e muitas dizem imediatamente pós-parto que fariam tudo de novo. Então isso nos
encoraja em falar e a fazer a diferença na assistência de parto e ajudar a
mulher a resgatar essa força que é dela.
5. Como podemos tranquilizá-la
e deixá-la ser a protagonista desse momento tão especial?
A
mulher poder compartilhar com a equipe de saúde seu desejo na questão do parto,
sentir que esse desejo vai ser respeitado. Discutir claramente as condições
para esse nascimento e ficando claro nesse contrato, que pode ser verbal, de
que as cesáreas existem sim, podem e devem ser usadas no caso de indicações
precisas. Uma cesárea bem indicada se for preciso, vai ser realizada. Então, se
a mulher sabe que a experiência do parto é assistida, que está sendo
acompanhada e estando tudo bem com ela, se houver alguma situação realmente que
leve a complicações para o bebe e para sí, obvio que a equipe de saúde tem que
estar ali de maneira verdadeira, assistindo sem fazer nada sem for necessário e
fazer tudo que precisar ser feito caso tenha indicação desse atendimento.
Quando fica clara a comunicação entre o que a mulher, o casal grávido estão procurando,
o que estão desejando e que possibilidade aquela equipe de saúde tem em relação
a multiprofissional com participação do obstetra, da doula, da obstetrícia.
Enfim, essa conversa fica mais fácil e nós vamos perceber que o médico e a
equipe de saúde busca é tão grande quanto essa mulher busca e achar um desfecho
positivo: neném bem, mãe bem e de preferência alta breve, isso é o que
desejamos.
Alberto Guimarães - Formado
pela Faculdade de Medicina de Teresópolis (RJ) e mestre pela Escola Paulista de
Medicina (UNIFESP), o médico atualmente encabeça a difusão do “Parto Sem Medo”,
novo modelo de assistência à parturiente que realça o parto natural como um
evento de máxima feminilidade, onde a mulher e o bebê devem ser os
protagonistas. Atuou no cargo de gerente médico
para humanização do parto e nascimento do Centro de Estudos e Pesquisas Dr.
João Amorim, CEJAM, em maternidades municipais de São Paulo e na
Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
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