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terça-feira, 16 de abril de 2019

Confira dicas para celebrar a Páscoa com as crianças com menos consumismo e mais significado



Sugestões do programa Criança e Consumo ajudam a identificar publicidade infantil, driblar os pedidos das crianças e comemorar a data com menos apelos comerciais


No próximo dia 21 de abril (domingo), celebraremos mais uma Páscoa e, por isso, lojas e supermercados já estão enfeitados com túneis coloridos repletos de ovos de chocolate, muitos "recheados" com personagens infantis e brinquedos - objetos de desejo das crianças. Para entender como pais, mães e responsáveis lidam com apelos comerciais dirigidos ao público infantil durante essa época do ano, o programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, mapeou, por meio de enquete, quais são os principais pedidos das crianças nessa época.

Os resultados mostram que 65% dos que responderam costumam presentear alguma criança com ovos de chocolate. Desses, 60% afirmam que as crianças pedem o chocolate por causa do brinquedo e 49% dizem que os apelos infantis são por conta dos personagens estampados na embalagem. Além disso, 47% das respostas apontam que as publicidades infantis na TV e internet também influenciam nos pedidos.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) divulgou, esta semana, resultados de um levantamento recente que identificou publicidade infantil abusiva para promover 57 tipos de ovos de chocolate, feita por nove empresas diferentes. Entre as práticas ilegais, o Idec constatou a utilização de linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores; personagens ou apresentadores infantis; desenho animado ou de animação e promoções com brinquedos colecionáveis ou com apelos ao público infantil.

"As crianças são especialmente visadas pelas empresas, que investem em personagens, brinquedos, embalagens coloridas e comerciais na televisão para chamar a atenção deste público. Esses apelos, abusivos e ilegais, contribuem para que as crianças sejam fisgadas pelas marcas e peçam, especialmente, por ovos de chocolates acompanhados de brinquedos. Nessa Páscoa, nossa sugestão é presentear as crianças com presença, brincadeiras, vivências", ressalta Livia Cattaruzzi, advogada do programa Criança e Consumo, do Instituto Alana.

Para ajudar no delicado equilíbrio entre finanças da casa e pedidos das crianças durante a Páscoa, o programa Criança e Consumo compartilha algumas dicas para ajudar a minimizar os apelos de consumismo infantil nos próximos dias.


1. Recheios de brinquedos custam mais caro

Ovos de chocolate que estampam personagens nas embalagens ou vêm acompanhados de brinquedos licenciados são, geralmente, mais caros. Pesquisas realizadas este ano por Procons em diferentes regiões do Brasil mostram que os preços dos ovos de chocolate variam bastante. O Procon de São Paulo, por exemplo, registrou que a maior diferença encontrada entre os ovos de Páscoa foi de 88,42% no produto 'Surpresa LOL Surprise' de 150g, que custa até R$ 74,99. O Procon do Paraná constatou a mesma situação - também com o produto acompanhado de brinquedos LOL - e apontou que os preços desse produto variam em até 50% nas lojas. Já o Procon de Maceió (AL), encontrou um ovo de chocolate de 150g custando até R$ 72,99 (conforme o tipo e marca do brinquedos que o acompanha), enquanto um ovo de chocolate artesanal de 650g custa quase o mesmo preço.


2. Brinque com as crianças de faça você mesmo

Uma boa alternativa é transformar a cozinha de casa em uma fábrica de chocolates: compre barras de chocolates, reúna as crianças e preparem doces coloridos e personalizados. Além de uma forma diferente de festejar a Páscoa, a atividade pode ser uma brincadeira criativa e uma oportunidade de conversar com as crianças sobre o significado da Páscoa, destacando que a data é muito mais do que consumo ou brinquedos. Depois que os ovinhos de chocolate estiverem prontos, vale aproveitar para promover outras brincadeiras como esconde-esconde de ovos, corrida do ovo, ou amigo chocolate.


3. Brinquedos descartáveis e nada sustentáveis

Os brinquedos que acompanham os ovos são, em sua maioria, objetos de plástico de pouca durabilidade. Além da imensa quantidade de plástico gerada para produção - entre embalagens e brinquedos - esses itens ficarão, muitas vezes, esquecidos pela casa. Por isso, é importante conversar com as crianças sobre o ciclo dos produtos, desde sua fabricação até os impactos gerados para meio ambiente e planeta.


4. Venda casada não é legal

O Código de Defesa do Consumidor proíbe a venda casada (ação que vincula a venda de produtos), sem que seja oferecido ao consumidor opção de escolha. Ou seja, os tais brinquedos amplamente anunciados às crianças, têm seu custo embutido ao valor do ovo de chocolate.


5. Saiba identificar publicidade infantil na TV e na internet

Nessa época, alguns fabricantes de chocolate investem em dirigir suas publicidades e ações para o público infantil. Essas publicidades podem aparecer, por exemplo, na TV durante o programa favorito das crianças ou em um canal do youtube - quando um influenciador apresenta os brinquedos que vêm junto do chocolate. Por isso, é importante que os responsáveis acompanhem os conteúdos que as crianças assistem, e conversem com elas para explicar as motivações comerciais da empresa. E, caso se deparem com estratégias publicitárias direcionadas às crianças, denuncie aos órgãos de Defesa do Consumidor ou ao Criança e Consumo. A publicidade direcionada às crianças é considerada abusiva e, portanto, ilegal, conforme o artigo 227 da Constituição Federal; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); o Código de Defesa do Consumidor (CDC), e a Resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda).




Sobre o Criança e Consumo
Criado em 2006, o programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, atua para divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como apontar caminhos para minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da comunicação mercadológica.


Sobre o Instituto Alana
O Instituto Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial desde 2013. Tem como missão "honrar a criança".
 


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