Sugestões do
programa Criança e Consumo ajudam a identificar publicidade infantil, driblar
os pedidos das crianças e comemorar a data com menos apelos comerciais
No próximo dia 21 de abril (domingo), celebraremos
mais uma Páscoa e, por isso, lojas e supermercados já estão enfeitados com
túneis coloridos repletos de ovos de chocolate, muitos "recheados" com
personagens infantis e brinquedos - objetos de desejo das crianças. Para
entender como pais, mães e responsáveis lidam com apelos comerciais dirigidos
ao público infantil durante essa época do ano, o programa Criança e Consumo, do
Instituto Alana, mapeou, por meio de enquete, quais são os principais pedidos
das crianças nessa época.
Os resultados mostram que 65% dos que responderam
costumam presentear alguma criança com ovos de chocolate. Desses, 60% afirmam
que as crianças pedem o chocolate por causa do brinquedo e 49% dizem que os
apelos infantis são por conta dos personagens estampados na embalagem. Além
disso, 47% das respostas apontam que as publicidades infantis na TV e internet
também influenciam nos pedidos.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
(Idec) divulgou, esta semana, resultados de um levantamento recente
que identificou publicidade infantil abusiva para promover 57 tipos de ovos de
chocolate, feita por nove empresas diferentes. Entre as práticas ilegais, o
Idec constatou a utilização de linguagem infantil, efeitos especiais e excesso
de cores; personagens ou apresentadores infantis; desenho animado ou de
animação e promoções com brinquedos colecionáveis ou com apelos ao público
infantil.
"As crianças são especialmente visadas pelas
empresas, que investem em personagens, brinquedos, embalagens coloridas e
comerciais na televisão para chamar a atenção deste público. Esses apelos,
abusivos e ilegais, contribuem para que as crianças sejam fisgadas pelas marcas
e peçam, especialmente, por ovos de chocolates acompanhados de brinquedos.
Nessa Páscoa, nossa sugestão é presentear as crianças com presença,
brincadeiras, vivências", ressalta Livia Cattaruzzi, advogada do programa
Criança e Consumo, do Instituto Alana.
Para ajudar no delicado equilíbrio entre finanças
da casa e pedidos das crianças durante a Páscoa, o programa Criança e Consumo
compartilha algumas dicas para ajudar a minimizar os apelos de consumismo
infantil nos próximos dias.
1. Recheios de brinquedos custam mais caro
Ovos de chocolate que estampam personagens nas
embalagens ou vêm acompanhados de brinquedos licenciados são, geralmente, mais
caros. Pesquisas realizadas este ano por Procons em diferentes regiões do
Brasil mostram que os preços dos ovos de chocolate variam bastante. O Procon de
São Paulo, por exemplo, registrou que a maior diferença encontrada entre os
ovos de Páscoa foi de 88,42% no produto 'Surpresa LOL Surprise' de 150g, que
custa até R$ 74,99. O Procon do Paraná constatou a mesma situação - também com
o produto acompanhado de brinquedos LOL - e apontou que os preços desse produto
variam em até 50% nas lojas. Já o Procon de Maceió (AL), encontrou um ovo de
chocolate de 150g custando até R$ 72,99 (conforme o tipo e marca do brinquedos
que o acompanha), enquanto um ovo de chocolate artesanal de 650g custa quase o
mesmo preço.
2. Brinque com as crianças de
faça você mesmo
Uma boa alternativa é transformar a cozinha de casa
em uma fábrica de chocolates: compre barras de chocolates, reúna as crianças e
preparem doces coloridos e personalizados. Além de uma forma diferente de
festejar a Páscoa, a atividade pode ser uma brincadeira criativa e uma
oportunidade de conversar com as crianças sobre o significado da Páscoa,
destacando que a data é muito mais do que consumo ou brinquedos. Depois que os
ovinhos de chocolate estiverem prontos, vale aproveitar para promover outras
brincadeiras como esconde-esconde de ovos, corrida do ovo, ou amigo chocolate.
3. Brinquedos descartáveis e nada sustentáveis
Os brinquedos que acompanham os ovos são, em sua
maioria, objetos de plástico de pouca durabilidade. Além da imensa quantidade
de plástico gerada para produção - entre embalagens e brinquedos - esses itens
ficarão, muitas vezes, esquecidos pela casa. Por isso, é importante conversar
com as crianças sobre o ciclo dos produtos, desde sua fabricação até os
impactos gerados para meio ambiente e planeta.
4. Venda casada não é legal
O Código de Defesa do Consumidor proíbe a venda
casada (ação que vincula a venda de produtos), sem que seja oferecido ao
consumidor opção de escolha. Ou seja, os tais brinquedos amplamente anunciados
às crianças, têm seu custo embutido ao valor do ovo de chocolate.
5. Saiba identificar publicidade infantil na TV e
na internet
Nessa época, alguns fabricantes de chocolate
investem em dirigir suas publicidades e ações para o público infantil. Essas
publicidades podem aparecer, por exemplo, na TV durante o programa favorito das
crianças ou em um canal do youtube - quando um influenciador apresenta os
brinquedos que vêm junto do chocolate. Por isso, é importante que os
responsáveis acompanhem os conteúdos que as crianças assistem, e conversem com
elas para explicar as motivações comerciais da empresa. E, caso se deparem com
estratégias publicitárias direcionadas às crianças, denuncie aos órgãos de
Defesa do Consumidor ou ao Criança e Consumo. A publicidade direcionada
às crianças é considerada abusiva e, portanto, ilegal, conforme o artigo 227 da
Constituição Federal; o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA); o Código de
Defesa do Consumidor (CDC), e a Resolução
163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
(Conanda).
Sobre o Criança e Consumo
Criado em 2006, o programa Criança
e Consumo, do Instituto Alana, atua para divulgar e debater ideias sobre as
questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, assim como apontar
caminhos para minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da comunicação
mercadológica.
Sobre o Instituto Alana
O Instituto
Alana é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que aposta
em programas que buscam a garantia de condições para a vivência plena da
infância. Criado em 1994, é mantido pelos rendimentos de um fundo patrimonial
desde 2013. Tem como missão "honrar a criança".
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