O verão é a estação do ano que, para muitos, mais
remete à alegria, em função das festas, praia, calor e sol. Todas estas
programações, porém, remetem a uma pseudo necessidade de se ter um “corpo
prefeito”. Nesse ponto, a alegria de muitos pode se tornar dor e sofrimento
para quem se sente pressionado com os padrões sociais de beleza, em especial
para quem desenvolveu algum tipo de distúrbio alimentar.
Um estudo da Secretaria de Saúde de São Paulo
apontou que 77% dos jovens da cidade são propensos a desenvolver distúrbios
alimentares, e a cada dois dias uma pessoa é internada no SUS por anorexia ou
bulimia. Os dados alarmantes sobre a ocorrência do problema remetem à
importância de se salientar que distúrbios alimentares não são hábitos
excêntricos cultivados pela pessoa, mas transtornos mentais que, se não tratados,
podem levar à morte.
Obesidade, anorexia, bulimia e compulsão alimentar
são alguns dos distúrbios de ordem alimentar mais comuns, mas as
particularidades da sociedade atual vêm agregando novos nomes a esta lista,
como ortorexia e vigorexia.
A ortorexia está associada à preocupação exagerada
com a qualidade e procedência do que se come, que muitas vezes se estende para
a família e os amigos. Vigorexia é um transtorno psicológico no qual a pessoa
desenvolve uma obsessão em ter um corpo musculoso.
“Se a pessoa está muito acima ou abaixo do peso
ideal para uma vida saudável, apresenta constante insatisfação com sua
autoimagem e acumula prejuízos em sua vida social, é preciso buscar ajuda
profissional. Os transtornos alimentares têm tratamento, e demandam uma
abordagem multidisciplinar que envolve acompanhamento psiquiátrico, psicológico
e nutricional”, revela a psiquiatra da Holiste, Camila Coutinho.
A nutricionista da Holiste, Joyce Souza,
especializada em Saúde Mental, Estética e Obesidade, destaca que a relação com
o próprio corpo é amplamente influenciada por fatores socioculturais, entre
eles a moda e suas tendências.
“Como consequência, homens e mulheres apresentam um
conjunto de preocupações e insatisfações com suas imagens corporais, levando-os
a praticar exercícios, cuidar da alimentação, direcionando seus desejos e
hábitos pessoais à confecção de uma aparência ideal. Muitas vezes, seguir essas
tendências pode levar a pessoa a uma busca incessante, acompanhada de um
sentimento de angústia sem solução”, detalha.
Imagem corporal e saúde
Joyce acrescenta que a imagem corporal é descrita
como a capacidade de representação mental que cada indivíduo tem do próprio
corpo, envolvendo aspectos relacionados à estrutura (tamanho, dimensões),
aparência (forma, aspecto), entre outros tantos componentes psicológicos e
físicos que se auto determinam.
“Nas sociedades contemporâneas essa construção nem
sempre está associada à boa saúde. Isso se torna mais evidente com o atual
crescimento de patologias como bulimia, anorexia ou vigorexia, onde a imagem
corporal do indivíduo é percebida com uma grande distorção, causando sofrimento
e prejuízos à sua vida. Podemos mesmo dizer que os transtornos alimentares e a
preocupação excessiva com a imagem corporal andam de ‘mãos dadas’”, enfatiza.
Gratificação e compulsão
Comer é um dos prazeres da vida, mas pode se tornar
um sofrimento. A psiquiatra Fabiana Nery alerta que a comida é um tipo de
gratificação, mas não deve ser o único.
“Muitas vezes, a pessoa busca uma gratificação cada
vez maior através dela e isso gera um problema. É preciso promover ao indivíduo
outras fontes de gratificação, como exercícios, amizades, lazer, trabalho,
conquistas, projetos, enfim, diversificar esses prazeres. Outro problema que
ocorre é a questão oposta – a repulsa pela comida. Isso está, sim, relacionado
com as exigências sociais, mas também passa pela personalidade daquela pessoa,
se ela tem uma rigidez de personalidade que não se permite estar fora do padrão
social”, destaca a psiquiatra.
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