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sábado, 26 de janeiro de 2019

Obsessão pelo “corpo perfeito” pode indicar transtornos alimentares


O verão é a estação do ano que, para muitos, mais remete à alegria, em função das festas, praia, calor e sol. Todas estas programações, porém, remetem a uma pseudo necessidade de se ter um “corpo prefeito”. Nesse ponto, a alegria de muitos pode se tornar dor e sofrimento para quem se sente pressionado com os padrões sociais de beleza, em especial para quem desenvolveu algum tipo de distúrbio alimentar.

Um estudo da Secretaria de Saúde de São Paulo apontou que 77% dos jovens da cidade são propensos a desenvolver distúrbios alimentares, e a cada dois dias uma pessoa é internada no SUS por anorexia ou bulimia. Os dados alarmantes sobre a ocorrência do problema remetem à importância de se salientar que distúrbios alimentares não são hábitos excêntricos cultivados pela pessoa, mas transtornos mentais que, se não tratados, podem levar à morte.

Obesidade, anorexia, bulimia e compulsão alimentar são alguns dos distúrbios de ordem alimentar mais comuns, mas as particularidades da sociedade atual vêm agregando novos nomes a esta lista, como ortorexia e vigorexia.

A ortorexia está associada à preocupação exagerada com a qualidade e procedência do que se come, que muitas vezes se estende para a família e os amigos. Vigorexia é um transtorno psicológico no qual a pessoa desenvolve uma obsessão em ter um corpo musculoso.

“Se a pessoa está muito acima ou abaixo do peso ideal para uma vida saudável, apresenta constante insatisfação com sua autoimagem e acumula prejuízos em sua vida social, é preciso buscar ajuda profissional. Os transtornos alimentares têm tratamento, e demandam uma abordagem multidisciplinar que envolve acompanhamento psiquiátrico, psicológico e nutricional”, revela a psiquiatra da Holiste, Camila Coutinho.

A nutricionista da Holiste, Joyce Souza, especializada em Saúde Mental, Estética e Obesidade, destaca que a relação com o próprio corpo é amplamente influenciada por fatores socioculturais, entre eles a moda e suas tendências.

“Como consequência, homens e mulheres apresentam um conjunto de preocupações e insatisfações com suas imagens corporais, levando-os a praticar exercícios, cuidar da alimentação, direcionando seus desejos e hábitos pessoais à confecção de uma aparência ideal. Muitas vezes, seguir essas tendências pode levar a pessoa a uma busca incessante, acompanhada de um sentimento de angústia sem solução”, detalha.


Imagem corporal e saúde

Joyce acrescenta que a imagem corporal é descrita como a capacidade de representação mental que cada indivíduo tem do próprio corpo, envolvendo aspectos relacionados à estrutura (tamanho, dimensões), aparência (forma, aspecto), entre outros tantos componentes psicológicos e físicos que se auto determinam.

“Nas sociedades contemporâneas essa construção nem sempre está associada à boa saúde. Isso se torna mais evidente com o atual crescimento de patologias como bulimia, anorexia ou vigorexia, onde a imagem corporal do indivíduo é percebida com uma grande distorção, causando sofrimento e prejuízos à sua vida. Podemos mesmo dizer que os transtornos alimentares e a preocupação excessiva com a imagem corporal andam de ‘mãos dadas’”, enfatiza.


Gratificação e compulsão

Comer é um dos prazeres da vida, mas pode se tornar um sofrimento. A psiquiatra Fabiana Nery alerta que a comida é um tipo de gratificação, mas não deve ser o único.

“Muitas vezes, a pessoa busca uma gratificação cada vez maior através dela e isso gera um problema. É preciso promover ao indivíduo outras fontes de gratificação, como exercícios, amizades, lazer, trabalho, conquistas, projetos, enfim, diversificar esses prazeres. Outro problema que ocorre é a questão oposta – a repulsa pela comida. Isso está, sim, relacionado com as exigências sociais, mas também passa pela personalidade daquela pessoa, se ela tem uma rigidez de personalidade que não se permite estar fora do padrão social”, destaca a psiquiatra.




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