Instituição é a
única produtora de máquinas de escrever em Braille na América Latina e se
mantém como referência no apoio à alfabetização de pessoas com deficiência
visual no país.
Pontos em altorrelevo no papel traduzem o
sentimento das pessoas com deficiência visual em descobrir um universo chamado
conhecimento. Quando foi inventado no século XIX pelo jovem francês Louis
Braille, o sistema braille quebrou estigmas sociais de que um cego jamais
conseguiria ler ou escrever. No Brasil, a homenagem ao método de alfabetização,
acontece em 8 de abril, quando é comemorado o Dia Nacional do Braille.
Em meio ao pioneirismo do país em ser o único da
América Latina a produzir a máquina de escrever em braille, tecnologia
nacionalizada pela Laramara – Associação Brasileira de Assistência à
Pessoa com Deficiência Visual, difundir o sistema ainda é um
desafio a ser vencido, pois ele deixou de receber as devidas atenções após o
surgimento de novas tecnologias, como audiolivros e outras evoluções,
principalmente na área da informática.
De acordo com a pedagoga especializada da Laramara,
Maria da Graça Corsi, a falta de acesso à educação, limitou o processo de
desenvolvimento e aprendizagem. “O Brasil sempre foi exemplo no que se refere
ao braille. O método foi criado em 1825 e já na década de 1850 era introduzido
no país. Devemos reforçar que o sistema não está obsoleto; ele é atemporal e
merece ser valorizado, pois a combinação sistemática de pontos, oferece acesso
à leitura e escrita para as pessoas com deficiência visual”, explica.
Segundo dados do IBGE - Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - existem mais de 6,5 milhões de brasileiros com baixa
visão e cegueira ávidos por informação e aprendizado. Sem o conhecimento do
sistema, por exemplo, não é possível compreender a ortografia, os números, a simbologia
aritmética, a fonética ou a musicografia. “Com o acesso à educação, podemos
desenvolver senso crítico sobre o mundo e exercer a cidadania para melhor
participação em todas as esferas sociais”, reforça Maria da Graça.
Para empoderar e garantir a inclusão das pessoas
com deficiência visual, desde 2004, a Laramara começou a produzir a máquina de
escrever em braille, por meio de uma parceria com escolas SENAI, transformando
o Brasil no único país da América Latina a oferecer essa tecnologia. De todos
os equipamentos com selo brasileiro, mais de 7.000 crianças e jovens receberam
o recurso gratuitamente, graças às doações de empresas e contribuintes.
O gestor de projetos e parcerias da instituição,
Cristiano Gomes, explica que a nacionalização da máquina representa um dos
maiores avanços desde a chegada do braille ao país. “Nosso maior desafio é
garantir que o equipamento assista a todos os usuários com deficiência visual,
mas para isso, dependemos do apoio financeiro da iniciativa público-privada para
aumentar nossa linha de produção”, ressalta.
Sobre Método Braille:
O Braille é constituído por 64 sinais em relevo e podem ser lidos por meio do tato. Desta forma, é possível escrever letras, incluindo sinais de pontuação, matemáticos e outros. Cada ponto da cela recebe um número de identificação de 1 a 6, iniciando no primeiro ponto superior à esquerda, e terminando no último ponto inferior à direita, no sentido vertical. O método pode ser lido da esquerda para a direita, preferencialmente com as duas mãos. Com a prática, algumas pessoas podem ler até 200 palavras em apenas por minuto.
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