Você pode dizer se o seu filho vai crescer magro ou
obeso?
O vídeo, criado pela ONG Children’s Healthcare of
Atlanta, rebobina
a vida de Jim para mostrar como ele acabou sem fôlego em uma maca. Em uma
dramatização chocante, o adulto Jim toma refrigerante, espera em um drive-thru
de um fast-food... O bebê Jim é alimentado com batatas fritas, porque
esse é “o único alimento que lhe acalma”....
No final do filme, enquanto os médicos se preparam
para operar Jim, uma mensagem toma conta da tela: "O futuro do seu
filho não precisa ser como o de Jim. Ainda há tempo para reverter os hábitos
pouco saudáveis que os nossos filhos levam para a vida adulta".
Apesar do tom dramático, a própria ONG faz questão de
esclarecer que não fez o vídeo com a intenção de deixar nenhum pai culpado. A
intenção é alertar, abrir os olhos e não culpar os pais.
“Nas redes sociais,
as discussões sobre o vídeo são fervorosas. Alguns dizem que a ação da ONG é
extrema, pois a maioria dos pais não alimenta seus bebês com batatas fritas em
seus cadeirões. Outros consideram que o vídeo se destina a incentivar as mães e
os pais a incutirem hábitos saudáveis nas crianças desde cedo. Eu considero o
vídeo uma oportunidade de discutir o tema além das portas do consultório. Há
mais de três décadas travo essa discussão com as famílias quando o assunto é a
prevenção e o tratamento da obesidade”, afirma o pediatra e homeopata Moises
Chencinski (CRM-SP 36.349), autor do Blog
Mama que te faz bem.
Obesidade além das
portas do consultório
Embora a genética desempenhe um papel relevante no
peso da criança na idade adulta, existem algumas experiências na infância que
as pessoas com IMC (Índice de Massa Corporal) mais baixos têm em comum. É o que
defende um estudo,
realizado pela Universidade Cornell, publicado no PLOS ONE.
Conheça essas experiências:
- Famílias que preparavam
refeições com ingredientes frescos;
- Famílias que faziam
atividades físicas, ao ar livre, reunindo todos os membros;
- Pais que conversavam com as
crianças sobre Nutrição;
- Crianças que tinham um bom
número de horas de sono durante a semana;
- Alguém que preparava uma
merenda escolar saudável para as crianças.
Já as pessoas com IMC maior compartilhavam as
seguintes experiências de infância:
- Pais que usavam a comida
como recompensa ou castigo para as crianças;
- Pais que restringiam a
ingestão de alimentos pelas crianças;
- Pais e / ou avós eram
obesos;
- Crianças que bebiam mais
suco ou refrigerante do que água;
- Crianças que sofreram bullying
dos colegas.
Fatores de risco modificáveis
Outro estudo, publicado
The Journal Childhood Obesity, aponta que os três fatores de risco mais
importantes para a obesidade entre pré-escolares também são modificáveis. São
eles: ter uma mãe ou pai com um IMC indicativo de excesso de peso ou obeso, não
dormir o suficiente e ter uma alimentação restrita pelos pais para fins de controle
de peso.
"Diante do mapeamento de riscos para a obesidade
apresentado pelo primeiro estudo, e da possibilidade de uma intervenção efetiva
apresentada pelo segundo estudo, podemos concluir que a obesidade na idade
adulta pode ser prevenida ainda na infância. Com esses dados em mãos, os
pediatras podem se concentrar em convencer os pais a melhorarem o seu próprio
estado de saúde, a mudarem a relação de alimentos saudáveis e não saudáveis que
ficam disponíveis ao alcance da criança e a incentivarem seus filhos a dormir
uma hora mais cedo”, afirma o pediatra.
O segundo estudo baseia-se nos resultados de visitas
domiciliares a 329 pares de pais e filhos que faziam parte do STRONG, um
programa infantil de pesquisas sobre obesidade e nutrição. Os pesquisadores
examinaram 22 variáveis diferentes que poderiam contribuir para a obesidade
infantil e descobriram que os três fatores mencionados anteriormente foram os
mais significativos para essa previsão, mesmo quando outros 19 fatores foram
contabilizados.
“Especificamente, dormir por oito horas ou menos a
cada noite foi associado a um risco 2,2 vezes maior de excesso de peso ou
obesidade em crianças, ter um pai obeso foi associado com um risco 1,9 vezes
maior de sobrepeso ou obesidade nas crianças. As crianças cujos pais
restringiam a sua ingestão de alimentos para fins de perda de peso apresentavam
1,75 vezes mais risco de estarem acima do peso ou obesas”, afirma Moises
Chencinski.
Força do exemplo
Nesse mesmo sentido, um terceiro estudo,
publicado no American Journal of Clinical Nutrition, sugere que os
padrões alimentares promovidos em casa são mais relevantes para o
desenvolvimento da obesidade infantil do que o consumo de fast food.
Segundo os autores, crianças que consomem
mais fast food tendem a ter pais que não têm os meios, o desejo ou o
tempo de comprar ou preparar alimentos saudáveis em casa. "Isso é
realmente um dos fatores que está impulsionando a obesidade infantil e que
precisa ser priorizado em qualquer solução de combate à obesidade”, diz médico,
que também é membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de
Pediatria de São Paulo.
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