Portadores de doenças cardiovasculares não devem parar os tratamentos, além da busca de atendimento médico em caso de sintomas
Entre os meses de março e julho deste ano, o Brasil registrou um aumento de 31% nas mortes por doenças cardiovasculares em casa. A variação em relação a 2019 aparece nos dados apresentados no fim de junho pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia). O número de óbitos por doenças como parada cardiorrespiratória e morte súbita saltou de 14.938 no ano passado para 19.573 em 2020. Mais pessoas morreram em casa por AVC, infarto e outras doenças cardiovasculares durante a pandemia de coronavírus - é o que indica os números apresentados pela SBC.
Em meio à pandemia e ao isolamento social, os pacientes com doenças cardiovasculares diminuíram os cuidados com o coração. Isso porque, em grande parte, os hipertensos estão com medo de se contaminar pelo coronavírus ao realizar tratamentos em hospitais. Segundo o Diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Cardiologista e Clínico Geral, Dr. Abrão Cury, essa atitude pode gerar consequências graves para a saúde.
De acordo com o Dr. Abrão Cury, as mortes por doenças cardíacas têm possivelmente três fatores principais: acesso limitado a hospitais onde houve sobrecarga do sistema de saúde, redução da procura por cuidados médicos devido ao distanciamento social ou por medo de contrair a Covid-19, e também o isolamento que prejudica a detecção de sintomas.
A Covid-19 também afeta o sistema cardíaco. E a orientação é que os portadores de doenças cardíacas não deixem de fazer uso dos medicamentos já utilizados de maneira contínua, além de não fumar e de melhorar a alimentação. "O novo coronavírus também tem ação direta no coração. Ele pode promover uma inflamação do músculo cardíaco, uma resposta inflamatória sistêmica - que na forma grave provoca uma tempestade de citocinas -, além da formação de coágulos. E esses coágulos podem acarretar, por exemplo, infarto e também produzir acidente vascular cerebral (AVC)", explica o cardiologista.
O especialista
confirma que há uma redução de pacientes com emergências cardiovasculares, como
infarto e AVC. "Agora, as pessoas vêm ao hospital quando ocorre um
agravamento do quadro, o que é muito perigoso. O tratamento para essas doenças
só é eficaz se o atendimento for precoce”, esclarece Dr. Abrão Cury.
Orientações
para os portadores de doenças cardiológicas durante pandemia
As pessoas consideradas do grupo de risco que precisam sair de casa precisam redobrar os cuidados. “Não adianta usar máscara de pano o dia inteiro e não trocá-la. O Ministério da Saúde já orientou que temos que trocar a cada duas horas. Quando conversamos a máscara fica úmida e, desta forma, quebramos a barreira de proteção e o vírus pode entrar. Se for trabalhar fora, durante oito horas, é preciso usar quatro máscaras durante todo o período”, aconselha o especialista.
Além do uso da
máscara, é primordial lavar as mãos constantemente. “Caso não há álcool 70% no
local é importante lavar as mãos com água e sabão, evitar tocar o rosto, não
ingerir alimentos descobertos que estiverem em lugar de grande concentração de
pessoas, além de manter um metro e meio de distância, são importantes para
evitar o coronavirus”, orienta.
Qual a importância do acompanhamento dos pacientes crônicos?
Não tem nenhuma
evidência, nesse momento, que qualquer medicação possa piorar sintomas da
COVID-19. Os pacientes portadores de doenças cardíacas não podem suspender o
uso dos remédios. “Exames e consultas médicas são essenciais, principalmente
para os portadores de doenças prévias, como colesterol, obesidade e
hipertensão”, esclarece.
Como os portadores de doenças cardíacas devem agir, em caso de
sintomas, mesmo diante do isolamento social?
Não podemos
subestimar dores e desconfortos. “Se estiver com dor no peito, incômodo como
falta de ar, formigamento e mal-estar, o ideal é procurar o pronto socorro
cardiológico para a realização de exames.
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