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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Obesidade, refluxo e Esôfago de Barrett podem ser tratados com endoscopia


Novas opções são menos invasivas e eficientes no tratamento dessas doenças


A medicina está em constante evolução e os tratamentos estão cada vez menos invasivos. Muitas doenças, que antes só podiam ser tratadas com cirurgia, ganharam novas opções de tratamento, via endoscopia, alguns deles, bem recentes no Brasil, como a Endossutura Gástrica, para emagrecimento, o método Stretta, para tratamento da DRGE (Doença de Refluxo Gastroesofágico) e o Barrx, para tratamento de Esôfago de Barrett.

A Endossutura Gástrica é uma técnica de redução do estômago, que permite que o paciente perca até 20% do seu peso inicial. Ela difere-se da cirurgia bariátrica convencional por alguns motivos. “Primeiro, porque ela não é uma cirurgia, é um tratamento feito por endoscopia, sem qualquer corte na parede abdominal do paciente. Segundo, porque ela pode ser realizada por pacientes portadores de obesidade leve, com IMC (Índice de Massa Corpórea) de 30 a 34,9, ou seja, que não têm indicação para a cirurgia convencional, permitida apenas para pacientes com IMC a partir de 35, que apresentam doenças causadas pela obesidade. E o terceiro ponto é que, por ser menos invasiva, a recuperação do paciente também é mais rápida”, explica o cirurgião bariátrico e endoscopista Admar Concon Filho, um dos primeiros médicos a realizar o procedimento no País.

De acordo com ele, há também outros tratamentos endoscópicos para a perda de peso. O balão intragástrico é um deles. Indicado para pacientes com IMC acima de 27 e a perda de peso chega a 20% do peso inicial, ele é colocado no estômago através de uma endoscopia, e preenchido com cerca de 600 ml de soro. Este balão, que pode ficar de seis meses a um ano no estômago no paciente, ocupa boa parte do órgão, o que causa uma sensação de “estômago cheio”, que faz com que a pessoa ingira menos alimento. A colocação pode ser feita em consultório, com sedação. “’O balão pode ser considerado como uma oportunidade de adaptação de novos hábitos durante os meses do tratamento. Dessa forma, assim que ele for retirado, a ideia é que o paciente já tenha reestruturado seus hábitos, com condições de mantê-los”, explica o cirurgião.

“Nós tínhamos uma lacuna nos tratamentos para obesidade. Algumas pessoas, apesar de não terem o IMC mínimo para fazer a cirurgia bariátrica, não conseguiam sair do sobrepeso ou da obesidade leve. Daí, surgiu o balão intragástrico como uma opção. E, mais recentemente, a Endossutura Gástrica, que é menos invasiva que uma cirurgia e, por outro lado, mais definitiva que o balão”, comenta Concon.

Outro tratamento relacionado à perda de peso é o Plasma de Argônio. Mas, neste caso, sua indicação é apenas para pessoas que fizeram cirurgia bariátrica em Y de Roux (Cirurgia de Capella, Cirurgia de Fobi-Capella ou Bypass Gastrointestinal) sem anel e não conseguiram atingir o peso desejado ou tiveram reganho de peso acima de 10% do peso mínimo atingido. De acordo com Concon, o procedimento é uma cauterização endoscópica que tem como finalidade diminuir o diâmetro da anastomose gastrojejunal.  “Fazemos um estreitamento da emenda entre o pequeno novo estômago e o intestino delgado. Assim, o esvaziamento do estômago fica mais lento, dando uma sensação de saciedade precoce, com diminuição da ingestão de alimentos e, consequentemente, redução de peso”, explica.

Refluxo e Esôfago de Barrett também ganham tratamento via endoscopia
Até pouco tempo atrás, a DRGE (Doença de Refluxo Gastroesofágico) só podia ser tratada com remédios ou cirurgias. Mas, há pouco mais de um ano, chegou ao Brasil o método Stretta, um tratamento via endoscopia para o refluxo. Realizado com radiofrequência, ele é uma alternativa para pacientes sem resultados efetivos com medicamentos e que não queiram ser submetidos a uma cirurgia.

“O Stretta é introduzido no paciente por endoscopia. Ele faz uma espécie de queimadura nas camadas internas do esôfago, fortalecendo o músculo para que o conteúdo do estômago não retorne mais”, explica Concon. O procedimento, não-cirúrgico, demora menos de uma hora e pode ser feito com o paciente sedado ou através de anestesia geral. Ele tem alta no mesmo dia e, no dia seguinte, pode retomar suas atividades normais. Nas primeiras 24 horas, o paciente deve consumir apenas líquidos e, nas duas semanas seguintes ao procedimento, precisa ingerir uma dieta leve. Os resultados mais significativos aparecem, em média, a partir de dois meses após o procedimento, quando o médico começa, então, a suspender o uso de medicamentos. 

Para os pacientes com refluxo que desenvolveram Esôfago de Barrett, também há um novo tratamento: o Barrx. Da mesma forma que o Stretta, ele é feito por endoscopia, com o uso de radiofrequência. “Este é um tratamento muito recente, que tem se mostrado eficiente. Além de prevenir o câncer, já que o Esôfago de Barrett é uma doença pré-maligna, também melhora muito a qualidade de vida dos pacientes”, explica Concon. “Basicamente, nós fazemos uma ablação do Esôfago de Barrett, com radiofrequência, e retiramos as células doentes”, conta o cirurgião. Segundo a literatura, 1 entre cada 1200 pacientes com Esôfago de Barrett evolui para câncer. O Esôfago de Barrett é uma doença que atinge cerca de 10% dos pacientes que convivem com refluxo gastroesofágico por muitos anos.

“Apesar de alguns serem relativamente novos no Brasil, todos esses tratamentos por endoscopia já são realizados em outros países. Temos acompanhado muito de perto essa evolução da medicina e ficamos felizes por oferecer tecnologia de ponta aos nossos pacientes”, comemora Concon.






Dr. Admar Concon Filho - cirurgião bariátrico, cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Ele é palestrante internacional, membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the Surgery of Obesity and Metabolic Disorders. 


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