No mês em que é
comemorado o Dia Internacional da Mulher (8 de março), a Sociedade Brasileira
de Dermatologia (SBD) chama a atenção para problemas dermatológicos recorrentes
entre a população feminina, que não devem ser subestimados. Acne, melasma e
queda de cabelo são exemplos de manifestações de alta prevalência que, apesar
de corriqueiras, provocam prejuízos estéticos e impactam de modo negativo a
autoestima de muitas mulheres.
De acordo com a
presidente do Departamento de Cabelos e Unhas da SBD, Fabiane Andrade Mulinari
Brenner, a perda significativa de cabelo está entre as principais reclamações
ouvidas por especialistas dentro dos consultórios. Segundo ela, pesquisas
científicas sobre o tema vêm revelando a repercussão desse problema na
qualidade de vida das pacientes.
"Muitas daquelas
que sofrem com o rareamento dos fios capilares acabam vivenciando conflitos
sociais bastante dolorosos. A autoimagem, sobretudo para a mulher, é
fundamental na construção da autoconfiança e autoestima. Diversas vezes, uma
queda mais acentuada de fios pode desencadear problemas que afetam a saúde
mental da paciente, levando a quadros de depressão, interferindo no casamento,
sociabilidade e vida profissional", diz.
Alopécia - A calvície feminina
pode ser desencadeada por diversos fatores, como desregulação hormonal,
síndrome do ovário policístico ou até mesmo menopausa. Na maioria dos casos, a
doença está relacionada a fatores hereditários e à atuação do hormônio
masculino, sendo assim denominada de alopecia androgenética. A condição
modifica o ciclo natural de desenvolvimento dos folículos pilosos, provocando o
afinamento dos fios ao longo do tempo.
"Depois que um
fio de cabelo cai, o folículo capilar inicia a produção de um novo fio com as
mesmas características de espessura e cor do anterior. Em pacientes com
alopecia androgenética, esses novos fios vêm cada vez mais finos. Esse processo
de miniaturização é o que torna o cabelo progressivamente mais ralo, até deixar
o couro cabeludo aparente", explica Fabiane Brenner.
Segundo a
especialista, tanto a queda acentuada de cabelo quanto o rareamento dos fios
são considerados sinais de alerta. Nesses casos, a mulher deve procurar um
dermatologista para receber orientações sobre as opções de tratamento
disponíveis. Atualmente, existem produtos de uso tópico e diário, que estimulam
o crescimento adequado dos fios, e ainda medicamentos sistêmicos, que bloqueiam
a ação do hormônio masculino e podem ser receitados pelo dermatologista. Além
disso, é recomendada uma investigação de problemas correlacionados, como
distúrbios de tireoide, deficiência de nutrientes, entre outros.
Doenças de pele - O impacto de
manifestações indesejadas na pele também é motivo de transtorno para muitas
mulheres. Conforme salienta a assessora do Departamento de Cosmiatria da SBD,
Maria Paulina Villarejo Kede, inúmeras pacientes relatam rotinas exaustivas de
uso de maquiagem para esconder problemas como a acne e o melasma. "A
preocupação em disfarçar aquilo que o espelho insiste em revelar ocupa um tempo
considerável no dia a dia de muitas mulheres, especialmente quando a
manifestação afeta o rosto. Nesses casos, é nítida a repercussão negativa na
autoestima", afirma.
Para evitar
transtornos, o acompanhamento com o dermatologista é fundamental, uma vez que
prevenção e terapêutica precoce são as principais ferramentas para garantir a
saúde da pele. A acne, que além de afetar os adolescentes também é verificada
em muitas mulheres adultas, é um exemplo de doença inflamatória que deve ser
tratada precocemente, sobretudo para impedir o surgimento de cicatrizes e
preservar a saúde mental das pacientes.
De acordo com Maria Paulina
Villarejo Kede, no geral, o aparecimento súbito de acne ou a piora do quadro na
mulher adulta têm relação com alterações hormonais. Outra causa comum é o uso
excessivo de cosméticos, que também ocasiona o aparecimento de cravos pretos e
brancos.
"O tratamento
varia de acordo com o grau da acne e a extensão do acometimento. Há opções de
produtos tópicos, que controlam a oleosidade e a inflamação, bem como promovem
renovação celular, e ainda medicamentos orais, alguns deles a base de
antibióticos. O tratamento hormonal é indicado apenas em alguns casos. De todo
modo, é imprescindível agendar uma consulta", explica a especialista.
Nos episódios de acne
moderada a grave, a isotretinoina oral é considerada o tratamento mais efetivo.
No entanto, devido ao seu caráter teratogênico, o medicamento é contraindicado
para pacientes grávidas. Segundo Paulina, a limpeza de pele, com extração
manual de cravos e espinhas, também é útil, desde que realizada por
profissional qualificado.
Melasma - Já as manchas escuras
que surgem principalmente na face das mulheres -nomeadas como melasma - também
podem ser amenizadas, por meio de cremes clareadores e de procedimentos
estéticos, como microagulhamentos, peelings e uso de lasers, em especial os do
tipo Q-switched. Além disso, independentemente do tratamento realizado, o uso
diário de protetores solares com cor é essencial para controlar esse problema.
"O melasma é
caracterizado por manchas que apresentam distribuição característica na testa,
têmporas, nariz e regiões das maçãs e supralabial do rosto. Elas também podem
se apresentar no corpo, principalmente no colo e nos braços. No geral, a
manifestação é causada pela exposição solar associada à influência de hormônios
gestacionais e de hormônios contidos em anticoncepcionais. Há ainda fatores
genéticos envolvidos nesse processo", informa Paulina.
No geral, o melasma
com apresentação superficial, ou seja, que atinge apenas a camada superior da
pele, é considerado de fácil tratamento. Já aquele com pigmento em camadas profundas
da pele é mais resistentes à terapêutica.
Para Paulina Kede,
ambos os problemas - acne e melasma - geram uma grande demanda ao atendimento
dermatológico. "São condições com efeitos cosméticos e psicológicos
desagradáveis, que não devem ser negligenciados e precisam ser adequadamente
acompanhados para não implicar em perda na qualidade de vida das
pacientes", finaliza.