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sábado, 17 de agosto de 2024

Médica da AMCR explica os benefícios da vida sexual para a saúde física e mental

Foto: banco de imagem
Consenso e comunicação aberta aliadas ao uso de preservativo são essenciais para que o sexo seja seguro e saudável  



Segundo pesquisa realizada pela plataforma Gleeden no ano passado, 72% dos entrevistados afirmam levar uma vida sexual pouco satisfatória ou insatisfatória. Sobre práticas sexuais seguras, 90% dos entrevistados disseram que conhecem todos os métodos contraceptivos existentes para ambos os sexos e 67% afirmaram que sempre usam camisinha na hora do sexo - número considerado baixo para a Dra. Samanta Saggin, ginecologista e obstetra da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).
 

“Usar preservativo é essencial para a prática segura de sexo. Só assim é possível prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e gravidezes não planejadas”, afirma a médica. Ela prossegue reforçando que uma relação sexual saudável é caracterizada por consentimento mútuo, respeito, comunicação aberta e prazer para ambas as partes envolvidas. “Para tudo isso, garantir segurança na hora do ato sexual é primordial”, destaca. 

Para ela, o primeiro aspecto a ser levado em consideração para que o sexo seja uma prática positiva é o consentimento. “Ele garante que ambas as partes estão confortáveis e dispostas a participar e, por isso, deve ser explícito. E tem mais: a qualquer momento, uma das partes tem o direito de desistir. Quando isso acontece, é preciso parar imediatamente”, afirma a médica. 

Por isso, a especialista ressalta que a comunicação entre o casal deve ser sempre aberta e honesta para que a vida sexual seja satisfatória, pois isso evita mal-entendidos e abre espaço para ajustes nos comportamentos a fim de melhorar a satisfação dos dois. “A comunicação também ajuda a estabelecer limites e garantir que ambos estejam confortáveis com o que será praticado durante o sexo”, ensina. 

As relações sexuais regulares e prazerosas, conforme a médica salienta, trazem diversos benefícios para a saúde física e mental, como redução do estresse, melhoria do sistema imunológico, melhoria da qualidade do sono, redução da pressão arterial e liberação de endorfinas que aumentam a sensação de bem-estar. “Sem falar que elas fortalecem a intimidade e o vínculo entre parceiros. Isso contribui muito para a saúde mental”. 

Durante a atividade sexual, o cérebro produz endorfinas, que são as substâncias que geram excitação, satisfação e bem-estar. Elas também estão relacionadas à euforia e à calma antes e depois do orgasmo e estão relacionadas à resposta de recompensa que experimentamos ao sentir diferentes formas de prazer. 

A prática fortalece também nossas defesas fisiológicas contra vírus, bactérias e outros patógenos. Há, inclusive, estudos que sugerem que ter relações sexuais três vezes por mês pode ajudar a nos proteger do coronavírus. “A descoberta estende-se, é claro, a outras doenças infecciosas”, diz Samanta. 

Para finalizar, a especialista da AMCR reforça que cada pessoa é única em suas necessidades e valores. Porém, todos podem se beneficiar de uma vida sexual ativa e saudável.




AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana 
Para saber mais informações, acesse o site


Slow Morning: Como a tendência que preza pelo bem-estar conquistou adeptos pelo mundo

Isa Santini é adepta a prática Slow Morning
 Foto: @isasantini
Para começar a manhã com mais calma e fugir da correria do dia a dia, a prática tem chamado atenção das pessoas e se tornado um estilo de vida

 

Nos últimos anos, a busca por uma vida mais equilibrada e menos agitada tem impulsionado a popularização de práticas que priorizam o cuidado físico e mental. Uma dessas tendências é o Slow Morning - em tradução livre, amanhecer calmo -, um conceito que promove o início do dia de forma mais calma e consciente, preparando o corpo e mente para os desafios diários. Adotar a rotina traz inúmeros benefícios, que vão além de uma simples manhã tranquila. Entre os principais, estão: a redução do estresse, aumento da clareza mental, melhoria do bem-estar emocional e maior produtividade. “Quando o dia começa com tranquilidade e foco, a pessoa estabelece uma base sólida para enfrentar as obrigações diárias com mais serenidade e energia”, explica Isa Santini, empresária referência em luxo e beleza à frente do Ateliê Beauty, luxuoso spa conceito que é pioneiro em inovação e tecnologia, e adepta ao Slow Morning. 

De acordo com Isa, cada um pode personalizar a prática à sua rotina e de acordo com suas necessidades e preferências. “Minha rotina, por exemplo, inclui práticas de meditação e yoga, seguidas de uma reflexão tranquila sobre o dia. Eu acordo todos os dias às 4:30 da manhã e realizo essas atividades em um ambiente dedicado e especialmente preparado para essas práticas em minha casa. Recentemente, tenho incorporado técnicas de meditação que aprendi na Índia, como o soul sync”, compartilha. 

O crescimento da popularidade do Slow Morning pode ser atribuído a uma crescente conscientização sobre a importância do bem-estar em um mundo acelerado. “A pandemia também teve um papel crucial ao destacar a necessidade de cuidar da saúde mental e emocional. Hoje, mais do que nunca, as pessoas estão buscando maneiras de equilibrar as pressões do trabalho com a vida pessoal e essa prática oferece uma solução eficaz”, ressalta Santini. Para quem deseja adotar essa prática, o primeiro passo é definir um horário fixo para acordar cedo e reservar tempo para si mesmo antes do início das atividades diárias. Escolher atividades que proporcionem calma e prazer, como uma breve meditação, leitura ou caminhada, é essencial. “O segredo está em começar com pequenas mudanças, aumentando gradualmente o tempo dedicado à prática, sempre mantendo o foco na consistência e na criação de um ambiente propício para ela”, explica a empresária. 

A implementação de uma rotina como essa pode encontrar obstáculos, como a falta de consistência, devido a imprevistos ou uma agenda lotada, acordar cedo, que pode ser difícil para alguns, e a tentação de checar o celular ou se distrair com outras atividades, o que pode desviar o foco. No entanto, manter um horário fixo, criar um ambiente acolhedor e celebrar pequenas conquistas são estratégias que ajudam a superar esses desafios. Adotar essa prática não apenas melhora o bem-estar emocional, mas também tem um impacto positivo na produtividade. “Começar o dia com uma mente clara e focada permite uma melhor organização das tarefas e uma abordagem mais calma frente aos desafios, promovendo um estado de espírito mais equilibrado e uma capacidade maior de lidar com o estresse. Além disso, mais do que uma simples prática matinal, o Slow Morning é uma filosofia de vida que valoriza o autocuidado e a introspecção, por isso, ao criar espaço para esses momentos de reflexão e cuidado, a pessoa se prepara para viver de maneira mais plena e satisfatória”, comenta. 

A empresária ainda ressalta que o Slow Morning não é apenas uma moda passageira, mas uma resposta às demandas de uma vida moderna que muitas vezes negligencia o bem-estar individual. “À medida que mais pessoas reconhecem a importância de começar o dia com tranquilidade e propósito, a tendência continua a crescer, oferecendo um caminho para uma vida mais equilibrada e significativa”, finaliza Isa Santini.
 

Isa Santini - Sócia-fundadora e CEO do Ateliê Beauty, spa conceito que oferece uma nova experiência para cuidar do corpo e da mente com duas unidades em Campinas e uma em São Paulo, Isa é um dos maiores nomes e especialista no universo do luxo e beleza. Conhecida por seus projetos beneficentes, como o Desapego by Isa Santini - que vende peças de grife de marcas como Chanel, Valentino, Prada, Dolce Gabbana e Dior, para arrecadação de dinheiro para instituições -, a empresária foi modelo para boneca da Brinquedos Estrela “Baby Isa”, iniciativa que doou mais de 3.000 bonecas para crianças carentes. A empreendedora que ama praticar o bem também realizou páscoa e natal solidários, em que promoveu dia de spa e diversão para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e em tratamento contra o câncer. Isa também conta com quatro collabs de produtos de bem-estar, skincare, lifestyle e casa: a “Essence by Isa Santini e Ateliê Beauty”, a “Shine by Isa Santini”, a linha de olhos gregos confeccionadas com pedras energizantes, junto à AA Gioielli, joalheria que se inspira na moda, arte, história e natureza, e a Lucky Eyes by Isa Santini, coleção de louças limitada traz peças exclusivas com olho grego para proteger as pessoas e ambientes da casa.


Reflexões para mentes inquietas

Com experiência de 25 anos na escuta de pacientes, psicólogo mergulha na pluralidade do ser humano e convida a repensar o ritmo de vida em livro


Em Ensaios de A a Z para Mentes Inquietas, o psicólogo clínico e doutor em Filosofia Clécio Branco dispõe do alfabeto para apresentar uma espécie de dicionário de temas do cotidiano e propor reflexões acerca da pluralidade do ser humano e da natureza que o cerca. 

Com base na filosofia, literatura, sociologia e antropologia, o autor mescla as teorias de Platão, Nietzsche, Deleuze e outros pensadores antigos e modernos com populares produções cinematográficas, como a série Breaking Bad e o filme Um Dia de Fúria, para reunir o que chama de “pedacinhos de inspiração”. 

O escritor oferece pequenas doses de alento ao que o filósofo e ensaísta sul-coreano Byung-Chul Han chama de “sociedade do cansaço”, em textos curtos e profundos. O conteúdo é influenciado por leituras, palestras e a experiência de 25 anos em escutas de pacientes, além de imagens da natureza. 

A erva daninha imita a planta comestível, e as duas se valem de uma zona de vizinhança que as torna imperceptíveis. Ela é anômala em meio às plantas. Trata-se de uma estratégia de sobrevivência que o homem retira da natureza, não de olhar a questão sob a perspectiva moral do bem e do mal. Não se pode pensar moralmente a natureza — pensar que haja o mal ou o bem na natureza. 

(Ensaios de A a Z para Mentes Inquietas, p. 31) 

Clécio Branco, que também possui formação em Ciências Sociais e História, convida o leitor a prestar um culto à vida, abordando sobre amor, ciúme, desejos e escolhas, e elementos como água e tempo – a fim de sobreviver em um mundo “demasiadamente tecnológico”. Para ele, é preciso repensar o excesso de produtividade e de consumo, que levam o corpo e a natureza à exaustão.  

Ensaios de A a Z para Mentes Inquietas propõe o aprofundamento gradual na existência por meio de palavras pinçadas, e sem a necessidade de uma ordem de leitura, de forma que o conteúdo desperte maior consciência sobre o ritmo de vida de cada um. Antes de abrir este livro, pare, respire e prepare-se para pensar o mundo como nunca o fez antes. 

Divulgação

Ficha técnica 

 
Livro: Ensaios de A a Z para Mentes Inquietas 
Autor: Clécio Branco 
ISBN: 978-65-5872-736-1 
Páginas: 252 
Preço: R$ 69,90 
Onde encontrar:
Amazon  

Sobre o autor 

Clécio Ferreira Branco é formado em Psicologia Clínica e Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Filosofia e Especialista em História. Atua como psicólogo clínico e professor de filosofia e sociologia.  

Instagram 

 

Crianças e adolescentes recorrem cada vez mais a cirurgias plásticas devido ao bullying, segundo médica

Dra. Narayana Serpa afirma que, quando a discriminação enfrentada pelo jovem começa a trazer transtornos psicológicos, tanto pais quanto filhos buscam solução através de procedimentos estéticos que podem ser realizados a partir dos 6 anos

 

O bullying contra crianças e adolescentes devido a alguma característica física não é de hoje, no entanto, com a crescente da tecnologia e da exposição nas redes sociais, ele vem ganhando proporções alarmantes e pode causar danos psicológicos que vão impactar a vida de jovens ao longo de todo o seu crescimento.  

Dra. Narayana Serpa, cirurgiã plástica com mais de 20 anos de experiência, afirma que com o crescimento da discriminação entre os jovens, cada vez mais crianças e adolescentes vêm buscando por cirurgias plásticas com o consentimento dos pais. E apesar de extrema, a medida pode ser eficaz não somente sobre o bullying, mas até para desconfortos físicos que determinadas condições podem causar, como o excesso de mamas, por exemplo. 

“O bullying não está diminuindo, pelo contrário. Se a criança tem a orelha de abano, tem mama em excesso ou, no caso de adolescentes, não desenvolveu a mama, acaba desenvolvendo transtornos psicológicos justamente por essas críticas que acontecem entre as próprias crianças e adolescentes, e aí ocorre a busca pela cirurgia plástica”, afirma a médica. 

Segundo a especialista, intervenções estéticas podem ser realizadas em pacientes a partir de 6 anos, dependendo obviamente do caso. “Como eles ainda não são responsáveis pelos seus atos, precisamos do total consentimento dos pais, mas em primeiro lugar, a vontade genuína do paciente, que será instruído sobre todo o processo”.

Dra. Narayana também reforça a importância do acompanhamento psicológico, antes e depois do procedimento: “Sobretudo, o paciente deve buscar ajuda profissional para entender os impactos do bullying no seu desenvolvimento e se a vontade pela cirurgia plástica é genuína ou apenas devido à pressão projetada pela descriminação. E o acompanhamento precisa continuar, mesmo após a intervenção estética”. 

Entre as cirurgias mais procuradas por esse público no consultório de Narayana, em primeiro lugar está a correção de orelhas de abano. “Recentemente operei inclusive o meu sobrinho, que tinha as orelhas proeminentes e aos 7 anos, com as críticas que vivia sofrendo, ele começou a ser afetado de forma muito importante e grave e ele mesmo solicitou pela cirurgia”. 

Em seguida, a redução de mamas ou o aumento em caso de adolescentes ocupam os próximos lugares no pódio. Um adendo importante é que as condições tratadas de forma cirúrgica são as que também podem causar desconfortos físicos ou já se mostram permanentes a partir de determinada idade. É primordial consultar um médico de confiança e avaliar cada caso individualmente. 



Dra. Narayana Serpa - Formada em medicina em Pelotas-RS e licenciada pela Universidade de Madrid - Espanha, com mais de 20 anos de experiência, Dra. Narayana Serpa se apaixonou pela Cirurgia Plástica durante sua especialização, quando percebeu que era possível transformar não somente a estética como reparar condições, revitalizar a auto-estima e reintegrar o paciente na sociedade. Hoje, além da formação, a médica se especializou em mamoplastia em L multiplanos; contorno corporal através da lipoaspiração HD Total Definer, sendo uma das poucas médicas do Rio de Janeiro especialistas na técnica; renuvion, além de diversas técnicas ministradas nos principais congressos internacionais do mundo. Dra. Narayana Serpa atende em Ipanema, no Rio de Janeiro e é membro da SBCP.
https://dranarayanaserpa.com.br/
https://www.instagram.com/dranarayanaserpa/


A prática da oração como auxiliar no tratamento da ansiedade


Segundo uma edição do relatório Mental State of the World Report (Relatório sobre o estado mental global), o mundo vive uma verdadeira epidemia de comprometimento da saúde mental, tendo a depressão e a ansiedade como os transtornos mais incapacitantes da era contemporânea. O relatório indica que o mundo já vinha com um declínio na qualidade da saúde mental na última década, e a pandemia elevou o que era preocupante a níveis críticos. E, de acordo com especialistas, ainda não é possível encontrar nenhum sinal de melhora no horizonte. Nesse contexto, muito tem se falado sobre a importância da espiritualidade e de práticas de oração e meditação como auxiliares no tratamento da ansiedade e depressão, já que tais práticas favorecem o senso de pertencimento a algo maior que a si mesmo, proporcionando um novo sentido de vida. 

Sabemos que a ansiedade é um mecanismo natural do nosso organismo que nos ajuda a identificar e reagir aos perigos que nos rondam. É uma espécie de “alarme de emergência” interno que nas últimas décadas tem estado descontrolado pelo excesso de pensamentos negativos, medos irracionais e estresse crônico, próprio do estilo de vida atual. Mas também nos chama a atenção o fato de que os transtornos de ordem psicológica avançaram significativamente nas últimas décadas na medida em que houve um afastamento de estruturas que até então davam um sentido de vida às pessoas, como a fé e a religiosidade. 

Um dos principais benefícios da espiritualidade é promover justamente este senso de propósito e pertencimento que ficou fragmentado na chamada “morte de Deus” profetizada pelo niilismo e pelo racionalismo. Quando as pessoas se conectam com suas crenças espirituais, muitas vezes encontram um significado mais profundo em suas experiências e desafios, e isto ajuda a reduzir os sentimentos de desesperança e confusão que, muitas vezes, acompanham a ansiedade. 

Nesse contexto, a prática da oração e da contemplação tem apresentado resultados positivos no manejo da ansiedade, pois atua proporcionando momentos de pausa e reflexão para ajudar a acalmar a mente. Pesquisas mostram que a oração pode reduzir os níveis do hormônio do estresse cortisol e induzir um estado de relaxamento. Este estado de calma pode ser especialmente útil durante ataques de ansiedade, ajudando a reduzir a intensidade dos sintomas. 

A oração também pode desenvolver um senso de controle e esperança. Quando as pessoas oram, muitas vezes expressam as suas preocupações e esperanças, o que pode ser uma forma de libertar emoções reprimidas. Este ato de “liberar” as preocupações pode reduzir a carga emocional e trazer clareza mental. Além disso, a oração pode fortalecer a fé num poder superior, ajudando as pessoas a sentirem que não estão sozinhas nos seus desafios e que um poder superior está a zelar por elas. 

É importante dizer que a vida de oração e a prática da espiritualidade não substituem o tratamento psicoterápico e até medicamentoso se a pessoa estiver fazendo uso. O que as pesquisas indicam é que a prática da espiritualidade atua como um importante auxiliar, potencializando aquela melhora que já acontece no acompanhamento com um profissional da saúde mental. Quando devidamente integradas, essas práticas podem complementar outras formas de terapia, ajudando as pessoas a gerir a sua ansiedade com paz e esperança.



Daniel Machado de Assis - membro da Comunidade Canção Nova e Psicólogo, formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, psicoterapeuta de casal pelo Instituto J.L.Moreno, pós-graduando em psicologia clínica baseada em evidências. Com vasta experiência no atendimento clínico em contexto religioso, tem se dedicado ao estudo da psicologia da meia idade e na promoção da saúde mental e qualidade de vida através de palestras, cursos e formações.
Instagram: danielmachadopsi


Combate à Psicofobia: especialista reforça a importância de valorizar a saúde mental e o trabalho do psiquiatra

Renata Figueiredo, Presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília ressalta também qual o papel desse médico

 

Na última terça-feira, 13 de agosto foi lembrado o Dia do Psiquiatra. A data vem para homenagear esse profissional tão importante e ao mesmo tempo combater o preconceito, ou a psicofobia. Você já ouviu falar desse termo? Cunhado pela Associação Brasileira de Psiquiatria, a ABP, com o apoio de seu presidente, Antonio Geraldo da Silva, o termo é utilizado para descrever o preconceito, discriminação ou estigmatização contra pessoas com transtornos mentais ou aqueles que buscam atendimento psiquiátrico. 

“Este neologismo visa dar nome a uma realidade preocupante e promover a conscientização sobre a importância de combater esse tipo de discriminação”, destaca Renata Figueiredo, presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília, APBr. De acordo com a médica, o estigma associado aos transtornos mentais e à busca pelo tratamento psiquiátrico continua a ser um obstáculo significativo para que muitas pessoas recebam o cuidado de que necessitam. “O preconceito contra a psiquiatria, muitas vezes alimentado pela psicofobia, pode levar os pacientes a adiarem ou até evitarem o tratamento, o que agrava os problemas de saúde mental e aumenta o sofrimento psíquico”, pontua. 

Mas então, qual o papel do psiquiatra na promoção da saúde mental? Conforme Figueiredo, o psiquiatra é um médico especializado no diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. “Nossa atuação vai além da prescrição de medicamentos; envolve uma abordagem terapêutica integral que inclui psicoterapia e, em alguns casos, intervenções como a neuromodulação”, ressalta. “Avaliamos a saúde mental de forma holística, considerando os aspectos biológicos, psicológicos e sociais de cada paciente”, complementa. 

A especialista define que a importância desse profissional na sociedade é inegável, pois ele desempenha um papel crucial na promoção do bem-estar mental, ajudando a reduzir o sofrimento psíquico, melhorar o funcionamento diário dos pacientes, prevenir suicídios e promover uma melhor qualidade de vida. Além disso, esse médico trabalha em conjunto com outros profissionais da saúde para oferecer um cuidado integral e eficaz.
 

Combatendo a Desinformação e o Preconceito 

Renata pontua que a desinformação e o estigma em torno da psiquiatria e da saúde mental são os principais desafios que dificultam o acesso ao tratamento adequado. Segundo a médica, para combater essa barreira, é fundamental investir em educação e conscientização. “Campanhas de sensibilização, como as realizadas durante o Dia do Psiquiatra, são essenciais para destacar a relevância do trabalho desse profissional e esclarecer a população sobre sua verdadeira função”, comenta.
 

A Importância das Políticas Públicas em Saúde Mental 

Para que o trabalho dos psiquiatras seja eficaz, é necessário que seja apoiado por políticas
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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

5 dicas de como proteger sua saúde bucal durante o inverno

Descubra como hábitos simples podem prevenir problemas dentários durante os meses mais frios, com dicas de uma especialista

 

No inverno, é comum ajustar hábitos e rotinas para enfrentar o frio, e a saúde bucal deve ser uma das prioridades nesse período. As baixas temperaturas podem impactar diretamente a saúde dos dentes e gengivas, tornando essencial redobrar os cuidados para evitar problemas que possam surgir. Além disso, o inverno aumenta a incidência de gripes e resfriados, que também podem afetar a saúde bucal. 

Algumas doenças respiratórias podem causar congestão nasal, o que frequentemente leva à respiração pela boca, resultando em ressecamento da mucosa bucal e na redução da produção de saliva. Essa condição aumenta o risco de cáries e infecções gengivais. Por isso, manter a hidratação e a higiene bucal em dia é ainda mais crucial nesta época do ano para prevenir complicações. Maria Aparecida, professora do curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva, separou algumas dicas essenciais para cuidar da saúde bucal durante as temperaturas mais baixas.

 

Bebidas: Durante o inverno, o consumo de bebidas quentes, como café e chá, aumenta significativamente. Embora esses líquidos ajudem a aquecer, eles também podem contribuir para a erosão do esmalte dental e o aparecimento de manchas nos dentes. "Beber líquidos quentes em excesso pode danificar o esmalte dos dentes, tornando-os mais vulneráveis a cáries e sensibilidade", explica Maria Aparecida.
 

Água: Outro fator relevante é a tendência de beber menos água durante o inverno. A menor ingestão de água pode levar à diminuição da produção de saliva, que é de grande importância para o bom funcionamento do organismo. A saliva ajuda a neutralizar os ácidos produzidos pelas bactérias na boca e a remover partículas de alimentos. Manter-se hidratado é vital para garantir que a boca produza saliva suficiente para proteger os dentes e gengivas.
 

Escovação: A escovação e o uso do fio dental muitas vezes são negligenciados durante os meses mais frios. O frio pode fazer com que as pessoas se sintam menos motivadas a escovar os dentes adequadamente, especialmente à noite. A escovação deve ser feita pelo menos duas vezes ao dia, e o uso do fio dental é indispensável para remover a placa bacteriana entre os dentes.
 

Alimentação: Além disso, é comum o aumento do consumo de alimentos mais calóricos e açucarados no inverno, como chocolates e sobremesas quentes. Esses alimentos, se não removidos adequadamente através da higiene bucal, podem acelerar o desenvolvimento de cáries e doenças gengivais. " O ideal é mantermos uma alimentação balanceada, com o consumo de proteínas, frutas, verduras e legumes que contribuem para a saúde bucal", recomenda a especilista.
 

Frio: A exposição ao ar frio também pode provocar sensibilidade nos dentes. O contato com o ar gelado pode causar desconforto e dor, especialmente se os dentes já estiverem enfraquecidos por outros fatores. Usar um protetor labial e evitar respirar pela boca pode ajudar a minimizar a sensibilidade ao frio.

 

A visita regular ao dentista é outro hábito que não deve ser negligenciado durante o inverno. Consultas periódicas permitem a detecção precoce de problemas e a realização de tratamentos preventivos. Agendar uma visita ao dentista a cada seis meses é crucial para manter a saúde bucal em dia, independentemente da estação do ano. 

Por fim, é importante lembrar que a saúde bucal está diretamente ligada à saúde geral do corpo. Problemas bucais não tratados podem levar a complicações mais sérias, como infecções e doenças sistêmicas. "Cuidar dos dentes e gengivas é essencial para o bem-estar geral. Pequenas mudanças nos hábitos diários podem fazer uma grande diferença", conclui Maria Aparecida.




Centro Universitário Newton Paiva


Especialista alerta sobre as causas e consequências desse distúrbio comum

 

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população brasileira sofre de bruxismo. Este transtorno, que afeta significativamente as pessoas, é caracterizado pelo ato involuntário de apertar, ranger ou bater os dentes, ocorrendo principalmente durante o sono. A longo prazo, o bruxismo pode causar desgaste dentário, sensibilidade dentária, doença periodontal e disfunção temporomandibular, além de impactar a saúde mental e emocional, contribuindo para depressão e distúrbios de ansiedade devido à privação de sono. 

A professora e especialista em Ortodontia pela Universidade Iguaçu (UNIG), Thiana Quintella de Oliveira, explica que existem dois tipos principais de bruxismo: o bruxismo em vigília e o bruxismo do sono. "Embora ambos possam estar relacionados à ansiedade e ao estresse, suas causas específicas variam. O bruxismo do sono pode ser desencadeado por alguns fatores, como traumas, predisposição genética, distúrbios respiratórios durante o sono e o uso de certas substâncias, como medicamentos, álcool, nicotina e cafeína", diz Thiana. 

A má qualidade do sono tem um impacto significativo na saúde bucal em geral. A privação de sono pode levar ao bruxismo do sono, resultando em desgaste dentário e dores orofaciais, além de enfraquecer o sistema imunológico, metabolismo, saúde mental e aumentar o risco de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. O bruxismo do sono é classificado como um distúrbio de movimento do sono, causando microdespertares que interrompem os ciclos de sono e impedem seu aprofundamento, trazendo fadiga, sonolência diurna e dores de cabeça matinais. 

A professora da UNIG ainda destaca a importância de evitar o uso de telas antes de dormir, especialmente para crianças, para prevenir problemas de sono, incluindo o bruxismo. "O uso de telas antes de dormir pode ser prejudicial, pois a luz emitida impede a produção de melatonina, hormônio que induz o sono. Recomendamos desligar as telas pelo menos uma hora antes de dormir para garantir uma boa qualidade do sono". 

O tratamento do bruxismo deve focar na causa principal e geralmente requer uma abordagem multidisciplinar através da participação de dentistas, psicólogos e otorrinolaringologistas, além de mudanças comportamentais. É recomendado que pacientes com bruxismo procurem um dentista o quanto antes para iniciar medidas de controle, devido aos possíveis impactos significativos na saúde bucal e geral.


Dias frios intensificam obstrução nasal e a solução pode ser cirúrgica

 O tratamento geralmente é cirúrgico. Durante a operação, o cirurgião reposiciona o septo de volta a sua posição normal, removendo a obstrução nasal

 

A chegada do inverno e de dias mais frios favorece, em muitas pessoas, a obstrução nasal. A dificuldade de respirar pode estar relacionada a alergias respiratórias, gripes, resfriados, rinites e sinusites, mas também pode estar relacionada à estrutura do nariz ou ao desvio do septo nasal.

"A obstrução nasal é um dos principais sintomas associados ao desvio do septo. Quando o septo não está alinhado, a passagem de ar fica bloqueada e o resultado é o aumento da quantidade de muco e a dificuldade respiratória", explica a médica otorrinolaringologista e especialista em rinoplastia, Marina Serrato.

Embora o desvio do septo não seja uma doença grave, ele pode levar a sintomas persistentes e comprometer a qualidade de vida da pessoa afetada. O diagnóstico de desvio do septo depende de uma avaliação médica detalhada e da realização de exames como nasofibroscopia e tomografia computadorizada.

"O tratamento geralmente é cirúrgico. Durante a operação, o cirurgião reposiciona o septo de volta a sua posição normal, removendo a obstrução nasal", explica Marina.

 

Rinoplastia funcional

Ela conta que a grande maioria dos pacientes que fazem a cirurgia para desvio de septo acabam aproveitando a oportunidade para melhorar a estética do nariz, o que é chamado de rinoplastia funcional.

A rinoplastia funcional consiste na cirurgia para resolver distúrbios respiratórios ocasionados por problemas no nariz, associada a melhora estética. As duas têm como objetivo melhorar a qualidade respiratória do paciente e restabelecer a simetria do órgão, respectivamente.

"Pacientes que possuem a necessidade de corrigir a estrutura interna (septo) e ou externa (pirâmide nasal – óssea e ou cartilaginosa) do nariz, para estabelecer a sua função respiratória, acabam optando por realizar de maneira associada à rinoplastia estética. Isso ocorre pelo fato de que o paciente já terá que passar por uma anestesia, realizar o preparo cirúrgico e, obviamente, porque possui queixas estéticas", conta Marina.

 

Cirurgias mal sucedidas

A médica conta que a rinoplastia funcional também é utilizada para corrigir cirurgias estéticas mal sucedidas ou procedimentos realizados em consultório como, por exemplo, a rinomodelação definitiva. “A rinoplastia evoluiu muito nas últimas décadas. No entanto, é comum que pacientes nos procurem para realizar uma correção que possa ter deixado sequelas como perda de tecido ou de cartilagem e problemas respiratórios significativos”, explica.

A médica reforça ainda a importância do procedimento ser realizado com um médico com formação na área de otorrinolaringologia ou cirurgia plástica e que entende tanto da área funcional como da estrutura estética do nariz, para evitar problemas futuros.

"Além disso, priorizar bons hospitais na realização dos procedimentos, exigir consulta pré-anestésica e equipe capacitada é fundamental", alerta.


Transforme sua noite em energia: como a refeição noturna afeta seu treino matinal


A comida certa antes de dormir pode mudar seus resultados de treino para sempre

 

A relação entre o que comemos à noite e nosso desempenho físico na manhã seguinte é uma área de interesse crescente no mundo da nutrição e do fitness. Muitos se perguntam se a última refeição do dia pode impactar a energia e a eficácia do treino matinal. Para entender essa conexão, o nutrólogo Dr. Ronan Araujo, explica como o corpo processa os nutrientes durante a noite e como eles são utilizados ao acordar.


Como o corpo processa os nutrientes à noite?

Durante o sono, o corpo continua a metabolizar os alimentos consumidos, mas em um ritmo mais lento. Esse período é crítico para a reparação muscular e a manutenção das funções corporais. A digestão noturna de proteínas, carboidratos e gorduras contribui de maneiras diferentes para o funcionamento do corpo.


Proteínas: Ao consumir proteínas de digestão lenta, como a caseína – encontrada em alimentos derivados do leite e soja – o corpo pode prevenir o catabolismo muscular durante a noite. Estudos, como o publicado no American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, mostram que a ingestão de caseína antes de dormir pode aumentar a síntese proteica e promover a recuperação muscular.


Carboidratos: Os carboidratos ingeridos à noite são convertidos em glicose e armazenados como glicogênio nos músculos e no fígado. Esse glicogênio é uma fonte crucial de energia, especialmente para exercícios de alta intensidade. Pesquisas indicam que a ingestão adequada de carboidratos pode maximizar os estoques de glicogênio e melhorar o desempenho físico no dia seguinte.

 

Gorduras: As gorduras são armazenadas como reservas de energia no tecido adiposo e podem ser mobilizadas durante exercícios de baixa intensidade ou em períodos prolongados de jejum. 

Ao acordar, o corpo está em estado de jejum após várias horas sem ingestão alimentar. Dependendo da última refeição, os níveis de glicogênio e a disponibilidade de nutrientes variam, influenciando o desempenho no treino matinal.


Glicogênio muscular

O glicogênio armazenado nos músculos durante a noite serve como uma fonte primária de energia para exercícios matinais de alta intensidade. Treinar com estoques adequados de glicogênio pode melhorar o desempenho e retardar a fadiga.
 

Ácidos graxos livres

Durante atividades aeróbicas ou de baixa intensidade, o corpo pode recorrer a ácidos graxos liberados dos estoques de gordura como fonte de energia. Isso é particularmente relevante se a refeição noturna foi baixa em carboidratos.


Refeição pré-treino

Para aqueles que buscam otimizar o desempenho, um pequeno lanche ou refeição leve antes do treino pode fornecer energia adicional. Isso é especialmente benéfico para treinos mais longos ou intensos, onde o glicogênio hepático pode ter sido parcialmente esgotado durante a noite.

Para maximizar o desempenho nos treinos matinais, é importante considerar tanto a composição quanto o timing da refeição noturna:
 

  1. Balancear macronutrientes: Incluir uma combinação de carboidratos complexos, proteínas de digestão lenta e gorduras saudáveis pode fornecer energia sustentada durante a noite e no treino seguinte. Um estudo na Journal of Sports Sciences sugere que uma refeição equilibrada antes do sono pode melhorar a recuperação e o desempenho atlético subsequente.
     
  2. Timing da refeição: Consumir a refeição noturna 1-3 horas antes de dormir permite uma digestão adequada, garantindo que os nutrientes estejam disponíveis durante a noite.
     
  3. Hidratação: Manter-se hidratado durante a noite é crucial, pois mesmo uma leve desidratação pode impactar negativamente o desempenho físico.
     

Compreender como o que comemos à noite afeta nosso desempenho pela manhã pode ser uma ferramenta poderosa para otimizar resultados no treino. “Ao ajustar a nutrição noturna, é possível maximizar a energia disponível, melhorar a recuperação muscular e promover um estado metabólico favorável para alcançar objetivos de saúde e fitness. Para personalizar uma estratégia alimentar que atenda às suas necessidades específicas, consulte um profissional de saúde”, conclui o Dr. Ronan Araujo.

 

Dr. Ronan Araujo - Formado em medicina pela Universidade Cidade de São Paulo, médico especializado em nutrologia pela ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). Com foco em causar impacto e mudar a vida das pessoas através de sua profissão, ele também se tornou membro da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica), que o leva a ser atualmente um dos médicos que mais conhece e entrega resultados quando falamos sobre emagrecimento e reposição hormonal.



Três sinais para identificar a anemia falciforme em crianças negras

Se você trabalha no dia a dia com crianças negras – na escola, no posto de saúde ou no hospital, por exemplo –, vale a pena conhecer melhor uma doença chamada anemia falciforme. Não que ela seja exclusiva de pessoas da raça negra, mas é mais comum entre negros e mulatos. Também não se manifesta só em crianças, mas o diagnóstico precoce pode antecipar o tratamento, que é para a vida toda.

A anemia falciforme é uma doença hereditária, ou seja, passa do pai e da mãe para os filhos. Provoca uma alteração nos glóbulos vermelhos do sangue, fazendo com que a membrana da célula se rompa com facilidade. É dentro dos glóbulos vermelhos que está a hemoglobina, a estrutura responsável por transportar o oxigênio. Com isso, fica mais difícil oxigenar os tecidos e podem se formar trombos que bloqueiam o fluxo de sangue.

É mais frequente entre indivíduos da raça negra: estima-se que a anemia falciforme atinja 8% da população negra do Brasil. Vale lembrar que estamos falando da maior fatia da nossa população. O Censo 2022 mostra que quase 60% dos brasileiros se declaram pretos ou pardos.

Agora vamos aos sinais. Fique atento se a criança relatar: 

1.    Crises de dor. É o sintoma mais frequente. Em geral, a dor é nos ossos e articulações, provocada pelo bloqueio do fluxo sanguíneo e pela falta de oxigenação, mas pode se manifestar no corpo inteiro.

2.    Infecções. As crianças podem ter mais pneumonias e meningites, por exemplo. Por isso, a vacinação é importante. A febre é um sinal de alerta para a anemia falciforme.

3.    Feridas nas pernas, que podem levar um tempo maior do que o normal para cicatrizar. Também pode ocorrer inchaço e vermelhidão nas mãos e nos pés.

O jeito mais fácil de diagnosticar a anemia falciforme é fazendo o teste do pezinho, aquele exame gratuito que todo recém-nascido deveria fazer. Infelizmente, no Brasil, não é uma realidade para todos os bebês, menos ainda para a população preta e parda. O exame laboratorial específico para a doença é a eletroforese de hemoglobina. 

Conhecer a anemia falciforme é um passo para reduzir o abismo no acesso à saúde existente no país. Segundo o Ministério da Saúde, pretos e pardos têm maior taxa de mortalidade materna e infantil, maior prevalência de doenças crônicas e piores índices de atendimentos. Mais do que desigualdade, é o que defino como iniquidade: um modelo injusto que se perpetua porque está profundamente arraigado na nossa sociedade e cultura. É o oposto de equidade. 

 

DANIELA TAFNER - Doutora em Enfermagem, especialista em direitos humanos e professora convidada no Instituto de Pesquisa Afro-Latino-Americana (Alari) da Universidade de Harvard



Entenda como a endometriose pode estar conectada ao sistema imunológico

Compreender essa relação pode auxiliar no desenvolvimento de tratamentos para a doença, afirma especialista

 

Apesar de não haver nenhuma conclusão médica que aponte as causas da endometriose – doença crônica ginecológica, na qual o tecido endometrial se desenvolve fora do útero, atingindo outros órgãos locais –, estudos apontam que o sistema imunológico também é afetado pela patologia. Ainda não está claro, no entanto, se uma falha nele pode ser causadora da doença, ou se existe outro tipo de relação. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 8 milhões de mulheres sofrem de endometriose no Brasil.  

Um estudo publicado na revista científica Scientific Reports mostrou que as pessoas com endometriose têm alterada a função das células imunitárias, essenciais no combate a vírus e tumores. A pesquisa também descobriu que pacientes com essa condição apresentaram níveis elevados de inflamação – especificamente, níveis mais altos de citocinas, proteínas especiais que dizem às nossas células o que fazer quando o corpo encontra um patógeno nocivo, como um vírus ou uma bactéria.  

O processo de inflamação é uma característica fundamental de como a defesa do nosso corpo funciona. Na maioria das vezes, inflamações são processos de curto prazo. Mas, às vezes, o sistema imunológico se confunde e o corpo continua a enviar células inflamatórias e citocinas mesmo quando não existe ameaça.  

Justamente por se tratar de uma doença inflamatória é que as pesquisas trazem a hipótese de relação entre a endometriose e o sistema imunológico. No entanto, o médico ginecologista, Patrick Bellelis, especialista em endometriose e colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, ressalta que essa relação ainda não foi comprovada, mas avança, à medida que são feitos estudos a respeito. 

“A inflamação também é uma característica do ciclo menstrual, que é composto por duas fases: a folicular, que vai do primeiro dia da menstruação até a ovulação, e a lútea, da ovulação até a menstruação. A maior parte da inflamação no período ocorre no útero, mas pode se desenvolver fora dele. É daí que vem a relação de estudos que revelam alterações no sistema imunitário de pessoas com endometriose”, relata.  

O revestimento uterino em pacientes com a patologia também produz moléculas em excesso chamadas quimiocinas, que atraem outras células imunológicas, piorando a inflamação. A disfunção do sistema de defesa pode explicar por que existe uma suspeita de associação entre pessoas com endometriose e distúrbios autoimunes, como lúpus, artrite reumatóide e doença inflamatória intestinal. 

“Níveis elevados de inflamação significam, ainda, que mulheres com endometriose podem ter maior probabilidade de apresentar sintomas piores durante infecções. Embora atualmente não se saiba com que precisão o sistema imunológico está relacionado à endometriose, trabalhar para entender melhor essa relação pode ser fundamental para ajudar a desenvolver melhores tratamentos”, conclui o médico. 

  


Clínica Bellelis - Ginecologia

Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia.


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