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sábado, 26 de outubro de 2024

A necessária desconstrução do Bullying – Agressor, Vítima e Plateia: A perversa estrutura do Bullying e o funcionamento do nosso cérebro

Educar, do latim: “Ex” (de dentro para fora) e “Ducere” (guiar, conduzir, liderar); ou seja, educar é mostrar ao estudante que existe um mundo além dele, um universo de possibilidades.

 

A escola é o palco dos nosso primeiros passos e interações, roteiro de diversos filmes e seriados, ambiente sagrado onde deixamos nossos filhos por muitas horas, na esperança de que estejam tranquilos e seguros...

 

Porém, na hora da chamada a Violência também se faz presente... A competição, o “ganhar sobre” em todas as áreas da nossa sociedade tomou o lugar do “ganhar junto”, do cooperar, do experimentar e fazer amigos.

 

O noticiário nos dá conta do tamanho da brutalidade, das mortes, do close no rosto dos pais aterrorizados, das escolas sem saber que rumo tomar. Será que estamos todos perdidos? Desorientados? Vamos entender o cenário.

 

Quando a gente fala em Bullying a gente deve pensar em sua estrutura cruel: agressões que ocorrem de maneira sucessiva, e podem ser tanto físicas quanto verbais.

 

Do inglês, bully significa agressor e também o verbo intimidar, e o seu derivado (bullying) pode ser definido como “comportamento agressivo”. 

 

No contexto verbal, pensamos em termos de ameaças, apelidos pejorativos, insultos, comentários ofensivos e atos de humilhação. Tudo muito ruim, não é?

 

A primeira coisa que precisamos entender é que nosso cérebro é uma maquininha, então muito do nosso aprendizado ocorre por meio do Emparelhamento.

 

O que é este Emparelhamento? Vamos pensar assim. Se toda vez que você pisar, por exemplo, em uma “bolinha verde”, você recebe uma paulada, o que acontece? O cérebro vai criar uma associação de que aquela bolinha verde representa dor.

 

Suponhamos que esta pessoa mude de contexto e em outro cenário esta pessoa enxergue a tal bolinha verde de longe, bem de longe... De qualquer forma, o cérebro vai começar a apitar automaticamente.

 

Quando digo “apitar” quero dizer que o organismo vai reagir acionando uma resposta de medo, com uma sudorese, taquicardia porque para a pessoa a bolinha representa violência e dor.

 

O que isso tem a ver com Bullying? Vamos então pensar que toda vez que essa criança ou jovem chegue à escola e sua resposta de medo seja ativada, pois o cérebro tem uma resposta negativa de medo em relação àquela pessoas e àquele ambiente. O nível de estresse fica alto.

 

A Escola então (nossa bolinha verde) passa a representar muita angústia. Imagine o grau de sofrimento psicológico que a gente submete esta pessoa e o quanto seu sistema fica fragilizado.

 

O Bullying é algo tão grave que alguns países estão adotando medidas legais para evitá-lo. No Brasil, há uma lei de combate ao Bullying, mas na prática ainda engatinhamos no assunto. 



Palco e Plateia: Outra questão, o grande problema do Bullying são os espectadores, ou seja, ele ocorre porque existe um palco e uma plateia. Muitas crianças não denunciam porque têm medo de serem a “próxima vítima”, todavia outras dão risadas, achando que é entretenimento sem consequências.

 

Então, acredito que Leis mais firmes e a Comunicação nas escolas, assim como Terapia e Grupos de Apoio lançam luz sobre o assunto. A ideia é que as crianças não participem e que logo avisem um adulto para que os professores e pais consigam atuar de maneira mais funcional, combatendo essa prática tão cruel.  


  

Perfis da vítima e do agressor: Infelizmente, muitas crianças não chegam a verbalizar que estão sofrendo na escola e, assim, os pais não conseguem fazer nada para ajudá-las.

 

Isso acontece, pois boa parte das crianças que sofre Bullying é de perfil não-reativo, ou seja, ficam quietinhas, apenas suportando - e acabam sendo alvo mais fácil das crianças que praticam Bullying.

 

Os motivos que ela não comunica a violência podem ser diversos. Devemos lançar um olhar também para a casa dessa criança, se estes pais são mais agressivos, se não oferecem abertura ou estão passando por algum momento de dificuldade. Mas, em geral a criança que sofre o Bullying é mais tímida e retraída.

 

Em contrapartida, a criança que pratica o Bullying geralmente está buscando popularidade, destaque, afirmação no grupo, obviamente por meios errados, justamente porque sua autoestima é baixa.

 

Por meio do Bullying este jovem ou criança agressor acaba sentindo prazer e recompensa, fazendo com que ela queria perpetuar este movimento perverso.

 

Vamos desconstruir o Bullying juntos? Busque ajuda.

 

Elisangela Niná - CRP 120921/06) - Psicóloga
@psielisangelanina


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