Especialista ensina o que é real e o que é
mentira sobre a dieta que virou assunto
Transformada
em assunto do momento, a “dieta Cetogênica” ganha cada vez mais adeptos.
Segundo Rodrigo Polesso, que é Especialista em Nutrição Otimizada para Saúde e Bem-Estar
pela Universidade Estadual de San Diego, Califórnia, trata-se de uma forma de
se alimentar repleta de benefícios e vantagens. No entanto, ele alerta para que
seja abandonado o conceito de “dieta temporária”. “Muitas pessoas pensam em
passar alguns dias ou semanas com uma alimentação específica, e depois ‘voltar
ao normal’, mas o ideal é utilizar o conceito de alimentação e estilo de vida”,
explica.
Mesmo
assim, a chamada dieta Cetogênica é cercada de mitos e informações confusas.
Por isso, Polesso lista 3 mitos e 3 verdades sobre o estilo de vida – e explica
por que é possível emagrecer com base nessa alimentação.
Mito
1: Dieta Cetogênica exige consumo zero de carboidrato
Segundo
o especialista, a ideia do consumo de carboidratos no nível zero é praticamente
impossível. "Seguir uma dieta Cetogênica significa reduzir bastante o
índice de carboidratos, mas as verduras e legumes terão alguma quantidade
deles”, explica. Caso o modelo de alimentação seja seguido à risca, serão
consumidos cerca de 20 gramas de carboidratos por dia. “Isso já vai ser o
suficiente para que o corpo entre em estado de cetose”. Ele explica que o que
chamamos de cetose é o momento em que o corpo começa a consumir os ácidos
graxos, ou seja, a gordura do corpo como fonte de energia, devido à ausência de
carboidratos.
Mito
2: Basta comer apenas proteínas
Na
verdade, segundo Polesso, as pessoas não devem ter um consumo exagerado de
proteínas. O excesso de proteína pode ser convertido
em glicose pelo corpo”, explica. Apesar de exigir uma presença grande de
carnes, ovos, peixes, laticínios integrais e frutos do mar, a dieta Cetogênica
também conta com a presença de alimentos como legumes de baixo índice
glicêmico, folhas, nozes e castanhas, manteiga, gorduras de boa qualidade (como
óleo de coco e azeite de oliva), frutas de baixo índice glicêmico em moderação
(como mirtilos, amora e morango), e bebidas como café e chá. “O que aumenta
bastante é o consumo de gorduras saudáveis de origem animais e vegetal, um
macro nutriente que, ao contrário das crenças de tanta gente, não engorda”,
completa.
Mito
3: É uma dieta complexa de seguir
O
especialista destaca que, na verdade, não há complexidades para seguir este
tipo de alimentação. “De forma geral, basta
restringir o consumo de carboidratos, alimentos industrializados e refinados, e
consumir alimentos verdadeiros”, explica. Polesso também destaca que, mesmo
assim, é importante ter o aval de um profissional. “Acredito que toda pessoa,
antes de fazer grandes mudanças alimentares, deva consultar um profissional de
sua confiança”.
Ainda assim, o especialista alerta que existe uma desvantagem
importante que torna a dieta Cetogênica mais desafiadora: as substâncias
comestíveis que encontramos no supermercado. “É desafiador ficar imune a tudo
isso e limitar a alimentação, mas com esforço é possível, e depois de um tempo
você sente o quanto faz mal consumir produtos industrializados”.
Verdade
1: Qualquer um pode fazer
Não
há qualquer tipo de restrição quanto à dieta Cetogênica. “As pessoas que mais se beneficiariam deste estilo alimentar
são aquelas que visam perda acelerada de peso, diabéticos e pessoas que sofrem
de problemas relacionados a síndrome metabólica”, resume Polesso, destacando
sempre a importância do acompanhamento médico, especialmente no caso dessas
doenças.
Verdade
2: É preciso esperar o corpo “se acostumar”
É importante levar em consideração que o corpo precisa de um
período de adaptação quando mudanças bruscas são feitas na dieta. “Muita gente que
muda a dieta de repente precisa saber que nas duas semanas seguintes o corpo
pode sofrer alguns efeitos depois de tantos anos acostumado a consumir tanto
açúcar”, explica. Polesso compara a situação com a abstinência que fumantes
sentem quando param de fumar, por exemplo, que exige um tempo para que o corpo
comece a se sentir melhor. “Se
você não se sentir com energia e disposição no começo, saiba que em breve seu
corpo vai se acostumar e se sentir melhor”, completa.
Verdade
3: Não existe risco de ter cetoacidose
Polesso
conta que o excesso de corpos cetônicos é eliminado na urina, ao contrário do
que muitos pregam, e o excesso que causaria a chamada cetoacidose não é causado
pela alimentação. “Alguns desses corpos cetônicos que não foram utilizados são liberados
na urina”, completa, reforçando que não é preciso ter medo da produção destes
elementos. “O conceito da dieta Cetogênica é antigo e comprovado pela ciência”.