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sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Selic a 13,75%: como ficam os investimentos em renda fixa?

Projeções realizadas pelo Yubb apontam atual rentabilidade de investimentos; poupança segue com rendimento negativo


Com a taxa Selic elevada para 13,75% ao ano, conforme decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) na última quarta-feira, 03, como fica o rendimento dos investimentos em renda fixa? Para saber o impacto desta medida, o Yubb (https://yubb.com.br/), maior buscador de investimentos do país, realizou um levantamento com projeções dos principais ativos. Como destaque, as poupanças nova e antiga seguem com rendimentos negativos, por outro lado, a debênture incentivada garante a melhor rentabilidade.

Confira o levantamento completo:

 

 

Rendimento bruto

Rendimento líquido

 

Rendimento real

Poupança nova*

6,17%

6,17%

 

-0,91%

Poupança antiga*

6,17%

6,17%

 

-0,91%

Tesouro SELIC

13,65%

10,92%

 

3,52%

CDB banco médio

15,70%

12,56%

 

5,05%

CDB banco grande

10,24%

8,19%

 

0,97%

LC

16,38%

13,10%

 

5,56%

LCA*

13,38%

13,38%

 

5,81%

LCI*

13,79%

13,79%

 

6,19%

RDB

15,83%

12,67%

 

5,15%

Debênture incentivada*

15,56%

15,56%

 

7,85%

* Investimentos isentos de imposto de renda. 


  • Para projeções de rendimento líquido, foi utilizada a alíquota de 20,00% de imposto de renda referente a prazos de vencimento entre 181 e 360 dias.
  • Inflação em 7,15% para 2022 baseada no Boletim Focus datado de 01 de agosto de 2022. 

Bernardo Pascowitch, fundador do Yubb, explica que o novo aumento da Selic acompanha o posicionamento econômico internacional, além da disputa eleitoral para a Presidência da República, que ocorrerá neste ano, também interferir nos números.

“De um modo geral, embora tenhamos passado por uma recente queda nas cotações do petróleo (contribuindo para aliviar a inflação brasileira), a conjectura internacional ainda é desafiadora por diversos fatores, entre eles, a inflação global desencadeada pela guerra na Ucrânia e os impactos negativos causados pela pandemia do coronavírus. Vale acrescentar que, a alta no dólar é um fator acelerador para as altas dos preços aqui no Brasil. Ainda, as eleições para a Presidência da República também contribuem efetivamente para a imprevisibilidade e riscos no cenário nacional de forma geral, pressionando o dólar e, sendo assim, a inflação”.


quinta-feira, 4 de agosto de 2022

ViaQuatro e ViaMobilidade promovem conscientização sobre doenças raras no Dia da Saúde

 

A partir do dia 05 de agosto, Dia da Saúde, passageiros das linhas 4-Amarela e 9-Esmeralda terão acesso a informações com duas ações e vídeos sobre o tema

 


No dia 05 de agosto, Dia da Saúde, duas ações presenciais na estação Luz (Linha 4) e Pinheiros (Linha 9) trarão aos passageiros panfletos com informações sobre doenças raras que acometem a população. Também ao longo do mês, vídeos de sensibilização serão transmitidos nos monitores das estações das linhas 4-Amarela, de metrô, 8-Diamante e 9-Esmeralda, de trens metropolitanos.

 

No mundo, mais de 300 milhões de pessoas possuem doenças raras e, no Brasil, cerca de 13 milhões de brasileiros convivem com essa condição. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), doença rara é aquela que afeta até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos. O número exato desse grupo de doenças ainda não é conhecido, mas estima-se que existem de 6 a 8 mil tipos de patologias, sendo que 75% afetam crianças e 80% têm origem genética. Muitas delas são diagnosticadas tardiamente e a maioria dos pacientes tem dificuldade de acesso aos medicamentos de qualidade.

 

“Ações de saúde e prevenção de doenças fazem parte das atividades oferecidas ao público que circula por nossas estações, pois zelar pelo bem-estar de nossos passageiros é praticar a mobilidade humana”, pontua Juliana Alcides, gerente de Comunicação e Sustentabilidade das concessionárias.

Sobre a Casa Hunter:
Fundada em 26 de novembro de 2013, a CASA HUNTER é uma instituição sem fins lucrativos e sem filiação política ou religiosa, com intuito de garantir soluções públicas e sensibilidade do setor privado e sociedade em geral, para os portadores de doenças raras, com a união de esforços seus familiares, amigos, além de profissionais médicos especialistas e todos os interessados pela causa.

 

Serviço:

  • 05 de agosto de 2022 -- 10h às 16h -- Estação Pinheiros (Linha 9-Esmeralda) e Luz (Linha 4-Amarela), ação de conscientização sobre doenças raras.
  • Agosto de 2022 -- Vídeo Institucional com informações e dados sobre doenças raras nos monitores dos trens e estações das Linhas 4-Amarela, 8- Diamante e 9-Esmeralda.

Dia 07/08, domingo, acontece em São Paulo, a Carreata “Zolgensma para Todos” em prol da conscientização da Atrofia Muscular Espinhal (AME)

No próximo dia 07 de agosto acontece a carreata “Zolgensma para Todos”, que sairá da Rua Baltazar Carrasco, 187 (Largo do Batata, São Paulo), às 8:30h. O evento, que acontece anualmente no mês de agosto, mês de conscientização da Atrofia Muscular Espinhal (AME), tem como objetivo lutar pelos direitos de nossas crianças com AME. 

“Lutamos por acesso ao Diagnóstico da AME, que pode ser feito no teste do pezinho ao nascer; pela precificação oficial do medicamento Zolgensma no Brasil e para que a farmacêutica Novartis baixe o valor do Zolgensma no mundo; nossa luta também é para que o remédio Zolgensma seja distribuído pelo SUS”, explica Sylvia Cortezzi, uma das coordenadoras do Movimento Zolgensma para Todos. 

O Movimento Zolgensma para todos! é um movimento social, voluntariado e apartidário, que luta pelo direito ao diagnóstico e ao melhor tratamento precoce de crianças com AME.

 

AME Atrofia Muscular Espinhal 

É uma doença rara, genética, grave, progressiva, degenerativa, que causa a morte de neurônios motores. Os neurônios motores controlam todo o corpo, desde o os músculos, coluna, pernas, braços e, também, os movimentos internos dos órgãos, levando à incapacidade de deglutir e respirar. Sem o comando dos neurônios motores, os músculos se degeneram e a criança com AME morre um pouco a cada dia, portanto é letal. 

A AME é a principal causa de óbito infantil de ordem genética, depois da fibrose cística e afeta 1 a cada 11.000 nascidos vivos, atingindo igualmente as diferentes raças e sexos.


Museu da Língua Portuguesa recebe ações gratuitas da UBS Bom Retiro com foco na saúde

Profissionais da Unidade Básica de Saúde vão ocupar saguão do Museu em todas quartas-feiras com atividades físicas e de saúde

 

O Museu da Língua Portuguesa, equipamento do Governo de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, inicia uma nova parceria com a Unidade Básica de Saúde Bom Retiro a partir do dia 3/8. Toda quarta-feira, profissionais da unidade irão realizar uma série de atividades com foco em saúde no saguão B do local. A ação é gratuita, sem a necessidade de agendamento prévio. 

Esta é mais uma ação do programa de Articulação Social do Museu da Língua Portuguesa com grupos da região onde a instituição está localizada, como os bairros da Luz, Santa Ifigênia, Campos Elíseos e Bom Retiro. No encontro do dia 3 de agosto, a partir das 14h, haverá uma sessão de alongamento, dança circular e roda de conversa sobre saúde integral. 

Para participar, os interessados precisam apenas comparecer ao Saguão B do Museu da Língua Portuguesa nos horários em que as atividades estiverem acontecendo. Nos próximos encontros, também serão realizadas oficinas de arte, artesanato e de letramento tecnológico, com o objetivo de promover a autonomia digital (sobretudo para o público da terceira idade). 

Desde a reabertura do Museu, em julho de 2021, a Articulação Social tem firmado parcerias com organizações sociais e projetos que desenvolvem trabalhos sociais, culturais e de saúde no centro da cidade, com o objetivo de estreitar os laços e criar atividades que atendam às demandas reais do território. Além disso, existe a intenção de aproximar o Museu da Língua Portuguesa do público que não costuma frequentar espaços culturais da cidade, derrubando, assim, possíveis barreiras que possam existir.

 

SOBRE O MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA

Localizado na Estação da Luz, o MLP tem como tema o patrimônio imaterial que é a língua portuguesa e faz uso da tecnologia e de suportes interativos para construir e apresentar seu acervo. O público é convidado para uma viagem sensorial e subjetiva, apresentando a língua como uma manifestação cultural viva, rica, diversa e em constante construção. 

 

SERVIÇO  

Ocupação UBS Bom Retiro 

Quando: Toda quarta-feira

Horário: Das 14h às 15h30

Onde: No Saguão B do Museu da Língua Portuguesa

Entrada gratuita

 

Museu da Língua Portuguesa

Praça da Luz s/n - Luz - São Paulo

De terça a domingo, das 9h às 16h30 (permanência até 18h)

Ingressos na bilheteria ou pela internet, por meio deste link    


Demência: o que é, sintomas e como tratar

Resultante de uma alteração progressiva no cérebro, distúrbio faz parte do quadro das doenças neurodegenerativas  

 

Doença que geralmente acomete idosos, a demência está muito ligada a perda de memória, dificuldades de pensamento, alterações de linguagem e personalidade. Quando esses sintomas começam a interferir na qualidade de vida, é o momento de acender o alerta vermelho. Algumas variações desse distúrbio são bem conhecidas, como o Alzheimer, Parkinson, Vascular, Senil e Frontotemporal. 

Segundo a professora do curso de Psicologia da UNINASSAU -- Centro Universitário Maurício de Nassau Recife, campus Caxangá, Larissa Oliveira, quando existe a perda de memória de curto prazo é necessário se preocupar. “Algumas pessoas só começam a notar que algo está acontecendo quando se perde na rua ou ainda quando existe a incapacidade de lembrar alguma tarefa ou compromisso”, explica. 

As suas causas estão diretamente ligadas ao cérebro, por meio de danos em suas células, que interfere na capacidade de comunicação. “Quando as células cerebrais não conseguem se comunicar normalmente, o pensamento, o comportamento e até os sentimentos podem ser afetados. E quando são danificadas, o órgão não consegue manter as suas funções”, conta. 

Efeitos colaterais de medicamentos, depressão, problemas na tireoide e deficiência de vitaminas também podem proporcionar esse quadro. Como não existe um exame específico que seja capaz de diagnosticar a demência, ela é, geralmente, baseada no histórico familiar e acompanhamento médico individual. Ainda existem casos em que é realizado exames de sangue e laboratoriais de imagem. 

“O tratamento vai depender de acordo com a realidade de cada pessoa. Existe a possibilidade de um acompanhamento medicamentoso, mas essa parte clínica é realizada pelo psiquiatra. É sempre importante frisar o processo terapêutico como um grande auxiliador”, finaliza a psicóloga.


Os cuidados de saúde para cada fase da mulher – da menarca à menopausa

Na próxima sexta-feira, dia 5 de agosto, é comemorado o dia nacional da saúde. E nada melhor do que uma data comemorativa para conscientizar a população sobre a importância de cuidar de si mesmo. Falando especificamente da mulher, todos sabem que as questões hormonais têm grande influência nos diversos ciclos temporais de sua vida. E como elas lidam com essas transformações e dúvidas? Uma pesquisa realizada pela consultoria B2Mamy, a pedido da Organon – farmacêutica especializada em saúde feminina – ouviu quase 280 mulheres das classes C e D de todo o Brasil, com idades de 20 a 40 anos, para saber a quem elas recorrem quando têm dúvidas sobre contracepção e outros aspectos da maternidade e da saúde feminina. A maioria respondeu que, primeiramente se informam por meio de alguma plataforma digital, como site, blog, Youtube ou rede social (55,56%), em segundo lugar, vão ao médico (41,21%) e, por fim, falam com familiares e amigos (3,23%). 

Para ajudar as mulheres a entenderem melhor seus ciclos hormonais e o que deve ser observado em cada fase da vida, a Organon buscou a opinião de Mariane Nunes de Nadai, médica ginecologista e docente do Curso de Medicina da FOB - USP (Universidade de São Paulo), campus Bauru, que falou sobre os cuidados de cada etária. 

 

Dos 10 aos 15 anos

Puberdade 

Nesta fase, é comum se perguntar ‘quando a menina deve procurar o ginecologista pela primeira vez?’ A resposta é: a partir do começo do desenvolvimento da puberdade, ou seja, do aparecimento de pelos e mamas.

O ginecologista pode explicar para a garota o que esperar dessa fase, checar como está o seu desenvolvimento e analisar se segue de forma regular, antecipado ou atrasado. Vale dizer que o desenvolvimento de cada mulher é bastante variável e que essa fase pode ocorrer em geral entre os 8 e os 16 anos. É também neste período que ocorre a primeira menstruação, as transformações hormonais e as maiores mudanças corporais na mulher.”

 

Dos 16 aos 20 anos

Início da vida sexual 

“Havendo a iniciação da vida sexual, é muito importante que haja acompanhamento para o planejamento da contracepção, orientação contra IST (Infecções Sexualmente Transmissíveis) e instruções gerais quanto à prevenção de doenças e ao planejamento reprodutivo. É fato, porém, que não há uma idade determinada para o início da vida sexual. Há mulheres que começam a ter relações íntimas antes ou até mais tarde que nesta faixa etária, portanto estas recomendações valem para qualquer período da vida.”

 

Dos 21 aos 35 anos

Planejamento reprodutivo

 Neste período, que é o mais frequente do início da vida reprodutiva, é comum que ela tenha mais cuidados em relação à saúde. Essa também é a fase que ela tem mais dúvidas sobre sua fase reprodutiva; como cuidar do seu sangramento; se a sua menstruação está normal ou não; se é possível postergar o ciclo; como se preparar para engravidar. Ou seja, é uma fase de muitas dúvidas sobre como lidar com o próprio organismo e o médico deve ser um grande parceiro para orientá-la.

Em relação ao check-up a doenças, em geral, nesta fase é mais comum falar sobre prevenção que se fazer exames. Porém, se a partir dos 25 anos a mulher já for sexualmente ativa, a OMS [Organização Mundial da Saúde] aconselha que ela comece a realizar exames de rastreamento de câncer de colo de útero, como a coleta do papanicolau. Exames de sangue e ou de ultrassom poderão ser solicitados se a mulher apresentar ou se queixar de sintomas e patologias, como um sangramento aumentado, dor pélvica, menstruação irregular ou outra situação atípica.”

 

Dos 36 aos 59 anos

Check-ups anuais 

A partir dos 40 anos a mulher começa a ter algumas doenças que são mais prevalentes, como alterações de colesterol e diabetes e doenças da tireóide. Logo, o rastreio a estes males é muito importante a partir desta faixa etária, ou antes se a paciente tiver sintomas ou histórico familiar, e ainda como suporte à observação do corpo da paciente em relação à menopausa. Nem todas as mulheres necessitam de reposição hormonal, e seu uso deve ser individualizado na avaliação da mulher climatérica.

O câncer de mama é outra patologia que merece atenção. Algumas entidades, como a Sociedade Brasileira de Mastologia, recomendam que mulheres acima de 40 anos façam mamografia anual, sendo que, dependendo da situação, como histórico familiar, pode se pedir antes ou com maior frequência. Ou seja, tudo depende da anamnese cuidadosa e do exame clínico da mulher.”

 

Dos 60 anos em diante

Manter acompanhamento ginecológico 

“Após os 60 anos, a mulher precisa, sim, ter um acompanhamento completo junto ao seu ginecologista, pois é principalmente a partir dos 65 anos que se deve começar a rastrear osteoporose – ou até mesmo antes, se a mulher tiver fatores de risco.

Outro ponto é que, mesmo que a mulher não tenha mais vida sexual ativa, ela precisa fazer rastreio de algumas patologias com o seu ginecologista.”

 

Organon

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Formigamento e dormência nos dedos? Conheça mais sobre a Síndrome do Túnel do Carpo

Fraturas na região e doenças crônicas são as principais causas da lesão 

 

De nome difícil, a Síndrome do Túnel do Carpo pode ser bem incômoda. Seus sintomas aparecem, geralmente, no período da noite, causando nas mãos a sensação de formigamento e picadas, inchaço e dormência nos dedos, fraqueza e dificuldade para segurar objetos e, em alguns casos, sensação de queimação no antebraço.

De acordo com o Dr. Layron Alves, ortopedista especialista em cirurgia do ombro e cotovelo e sócio da Clínica LARC, esse problema acontece devido à compressão de um dos principais nervos da mão, o nervo mediano.

“O nervo mediano é responsável pela sensibilidade do polegar, dedo mediano, indicador, médio e parte do anelar, e passa por dentro do túnel de carpo para fazer a ligação entre o punho e as mãos. Quando essa passagem fica menor do que o normal, o nervo é comprimido, causando desconforto”, explicou o especialista.

“Além disso, o nervo mediano também é responsável pela capacidade motora, por isso a importância de um tratamento precoce. Se o problema não for tratado adequadamente, pode limitar o uso das mãos, causando, em casos mais graves, atrofia”.

Essa síndrome pode surgir devido a fraturas na região ou doenças crônicas, como diabetes e problemas autoimunes. As mulheres precisam ficar mais atentas, pois há uma predisposição maior de desenvolver a síndrome do túnel do carpo.

“É comum a relação entre a doença e movimentos repetitivos, como a digitação no computador, porém, não há comprovação. O que se sabe é que esses gestos podem agravar dores nas mãos e nos punhos”, contou o Dr. Layron Alves.

Um estilo de vida saudável é a melhor forma de evitar a doença, controlando sempre a obesidade e o diabetes, por exemplo. Evitar traumas na região também é importante, por isso a importância do uso de equipamento de segurança ao andar, por exemplo, de bicicleta e skate.

“O diagnóstico é clínico e auxiliado pelo exame de eletroneuromiografia. Levando em conta o grau de comprometimento da doença, várias possibilidades podem ser adotadas para aliviar o desconforto, como o uso de anti-inflamatórios, imobilização da região (uso de órtese) e fisioterapia”, finaliza o especialista.

O especialista enfatiza que, existem alguns tratamentos minimamente invasivos e guiados pelo ultrassom, que podem evitar o procedimento cirúrgico. Por isso, a importância de iniciar o tratamento assim que os primeiros sintomas aparecerem. 

 

Dr. Layron Alves - ortopedista e especialista em tratamento de doenças crônicas degenerativas e em cirurgia do ombro e cotovelo, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (SBCOC). O especialista é preceptor efetivo da residência médica do Hospital Ipiranga SP e membro do grupo de cirurgia do ombro e cotovelo da Faculdade de Medicina do ABC.


Câncer de cólon tem o segundo maior número de casos no Brasil

O rastreamento precoce continua sendo o principal instrumento no tratamento da doença. Especialista fala sobre a colonoscopia na prevenção de câncer

 

 

Atrás apenas da próstata (1º lugar para os homens) e da mama (1º lugar para as mulheres), o câncer de cólon é o segundo mais comum no país, atingindo 40 mil brasileiros por ano, de acordo com estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Apesar da grande ocorrência no Brasil, é possível evitar a doença com o diagnóstico precoce. 

No país, a cada 100 mil habitantes, 20 são diagnosticados com o câncer de cólon, uma doença que atinge o intestino grosso e o reto. Os tumores malignos são tratáveis e, na maioria dos casos, com cura quando detectados na fase inicial. A grande maioria dos casos de câncer começam com pequenas lesões, que crescem na parede interna no intestino, chamados de pólipos, algumas doenças inflamatórias no órgão ou ainda por meio de síndromes genéticas. 

A sua gravidade e a alta incidência são um sinal de alerta aos médicos quando pacientes trazem queixas de dores abdominais, sangramento nas fezes ou alterações no hábito intestinal, como diarreias e constipações, antes inexistentes. Para o médico Luis Fernando Tullio, CRM 11648-PR e RQE 4309 e 8667, gastroenterologista e responsável técnico do Serviço de Endoscopia Digestiva no Hospital Santa Cruz/Rede D’Or, o câncer de cólon avançado, geralmente, apresenta sintomas característicos, mas no estágio inicial pode ser assintomático, tornando difícil sua suspeita por parte do paciente. 

E a principal ferramenta para o diagnóstico precoce é a colonoscopia. O exame é feito com o auxílio de um tubo flexível e fino que tem um microcâmera na ponta. Ele transmite imagens em tempo real para o médico, que avalia as condições da parede do intestino grosso e do reto. O procedimento é realizado sob sedação, na presença de um anestesiologista, o que o torna indolor, mesmo com a necessidade técnica de injetar ar para melhorar a visualização. 

Apesar de ser a abordagem para o rastreamento mais eficaz e também o mais recomendado por estudos médicos para o diagnóstico de câncer, muitos pacientes ainda têm dúvidas sobre o procedimento. Segundo o endoscopista, é realizada uma consulta prévia, para explicar as orientações e necessidades pré e pós exame e para que o paciente possa fazer as suas perguntas sobre os procedimentos de analgesia e sedação. “Esse é um momento importante, pois o paciente informa sobre as medicações diárias, alergias e o motivo do exame. Além disso, instruímos sobre o jejum e a suspensão ou não de medicações, como alguns anticoagulantes e a insulina”, orienta o médico.  

Por se tratar de um procedimento realizado sob sedação, o exame precisa de condições necessárias para monitorização e controle do paciente, bem como atuação da equipe em casos de intercorrências. Durante o exame, que dura de 20 a 40 minutos, o médico atenta-se não só para eventuais queixas que o paciente apresenta, mas para outros achados e lesões, por muitas vezes silenciosos e que podem determinar o diagnóstico precoce de câncer. “A colonoscopia permite além de identificar, tratar endoscopicamente a maioria das lesões e pólipos encontrados, com envio posterior para análise, e, nos casos de neoplasias precoces, evitando a necessidade de tratamentos complementares, como cirurgias mais invasivas ou rádio e quimioterapia”, ressalta o endoscopista. 

Como qualquer ação médica, o exame de colonoscopia também possui riscos que são minimizados por rotinas e protocolos de segurança. “O risco mais temido e conhecido seria de perfuração do órgão. Se protocolos de segurança, que incluem rotinas de identificação, avaliação prévia, indicadores de resultados, equipe treinada, manutenção adequada dos equipamentos, entre outros, forem seguidos, os riscos diminuem ainda mais”, desmistifica o especialista. 

De acordo com o médico, a partir dos 45 anos toda a população deveria fazer o exame de forma preventiva, mesmo quando não apresenta sintomas gastrointestinais. Já para aqueles que têm casos de câncer de cólon em parentes próximos, é analisada a idade que o familiar teve o diagnóstico. “Por exemplo, se o diagnóstico do paciente foi aos 45 anos de idade, é recomendado aos familiares iniciarem os exames de rastreamento dez anos antes desta idade de referência”, finaliza Tullio.

  

Hospital Santa Cruz

www.hospitalsantacruz.com


Estudo descobre que pessoas que praticam jejum intermitente experimentam complicações menos graves da Covid-19


O jejum intermitente mostrou anteriormente ter uma série de benefícios à saúde, incluindo a redução do risco de diabetes e doenças cardíacas. Agora, pesquisadores da Intermountain Healthcare descobriram que as pessoas que jejuam regularmente têm menos probabilidade de sofrer complicações graves da Covid-19. 

Em um novo estudo publicado esta semana no BMJ Nutrition, Prevention & Health, os pesquisadores da Intermountain descobriram que os pacientes com Covid-19 que praticavam jejum intermitente regular tinham menor risco de hospitalização ou morte devido ao vírus do que os pacientes que não o fizeram. 

O jejum intermitente já demonstrou diminuir a inflamação e melhorar a saúde cardiovascular. No estudo da Intermountain, os pesquisadores identificaram pacientes inscritos no registro INSPIRE, um registro de saúde voluntário da Intermountain Healthcare, que também havia testado positivo para SARS-CoV-2 entre março de 2020 e fevereiro de 2021 -- antes que as vacinas estivessem amplamente disponíveis. 

Eles identificaram 205 pacientes que testaram positivo para o vírus. Desses, 73 disseram que jejuavam regularmente pelo menos uma vez por mês. Os pesquisadores descobriram que aqueles que praticavam o jejum regular tiveram uma taxa menor de hospitalização ou morte por coronavírus. 

"O jejum intermitente não foi associado a se alguém testou positivo para Covid-19, mas foi associado a uma gravidade mais baixa, uma vez que os pacientes deram positivo para isso", disse Horne. 

No estudo da Intermountain, os participantes que disseram que jejuavam regularmente o fizeram por uma média de mais de 40 anos. Os pesquisadores da Intermountain tiveram a oportunidade de estudar de perto esse grupo específico de jejuadores intermitentes de longa data porque uma grande parte de seus pacientes jejua regularmente por motivos religiosos. Quase 62% da população de Utah pertence à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos membros normalmente jejuam no primeiro domingo do mês, ficando sem comida ou bebida por duas refeições consecutivas. 

Embora o dr. Horne tenha dito que são necessárias mais pesquisas para entender por que o jejum intermitente está associado a melhores resultados da Covid-19, ele disse que é mais provável que isso se deva a uma série de maneiras pelas quais afeta o corpo. 

Por exemplo, o jejum reduz a inflamação, especialmente porque a hiperinflamação está associada a resultados ruins da Covid-19. Além disso, após 12 a 14 horas de jejum, o corpo deixa de usar glicose no sangue para cetonas, incluindo o ácido linoleico. “Há um bolso na superfície do SARS-CoV-2 no qual o ácido linoleico se encaixa -- e pode tornar o vírus menos capaz de se ligar a outras células”, disse ele. 

Outro benefício potencial é que o jejum intermitente promove a autofagia, que é "o sistema de reciclagem do corpo que ajuda seu corpo a destruir e reciclar células danificadas e infectadas", acrescentou o dr. Horne, enfatizando que esses resultados são de pessoas que praticam o jejum intermitente há décadas -- não semanas -- e que qualquer pessoa que queira considerar a prática deve consultar seus médicos primeiro, especialmente se for idosa, grávida ou tiver condições como diabetes, coração ou doença renal. 

Os pesquisadores também enfatizaram que o jejum intermitente não deve ser visto como um substituto para a vacinação contra a doença. "Ele deve ser avaliado para potencial uso preventivo ou terapêutico de curto e longo prazo como uma abordagem complementar às vacinas e terapias antivirais para reduzir a gravidade da Covid-19", afirmou Horne.

 

Rubens de Fraga Júnior - professor de Gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR) e é médico especialista em Geriatria e Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG). 

Fonte: Benjamin D Horne et al, Association of periodic fasting with lower severity of COVID-19 outcomes in the SARS-CoV-2 prevaccine era: an observational cohort from the INSPIRE registry, BMJ Nutrition, Prevention & Health (2022). DOI: 10.1136/bmjnph-2022-000462

 

Inverno e poluição aumentam o risco de infarto e AVC em 15%

Outros fatores, como a falta de chuva, a baixa umidade no ar durante a estação favorecem o agravamento de doenças cardiovasculares e respiratórias

 

A poluição atmosférica é a quarta causa de mortes no mundo, concorrendo com tabagismo (a principal), a hipertensão e os fatores de risco dietético-nutricionais, sendo responsável por mais de 3,7 milhões de óbitos entre homens e 3 milhões entre as mulheres. 

No inverno, a baixa precipitação das chuvas e o fenômeno da inversão térmica (retenção de uma camada de ar frio próxima à superfície, que dificulta a dispersão de poluentes) estão historicamente relacionados ao aumento da concentração de material particulado e gases tóxicos no ar e, consequentemente ao aumento das admissões hospitalares por doenças cardiovasculares (angina, infarto, arritmias e descompensação de insuficiência cardíaca), cerebrovasculares (acidentes vasculares cerebrais) e respiratórias (exacerbações de bronquite crônica, enfisema e asma). 

Este aumento nas internações relacionado à poluição não é um evento exclusivo das grandes metrópoles; ele também já foi constatado em regiões rurais, onde incêndios florestais e queimadas aumentam substancialmente a concentração de poluentes no ar, superando a origem veicular, que predomina nos centros urbanos. Nas áreas onde a prática de queimadas ainda ocorre, muitas vezes desrespeitando leis federais, estaduais e protocolos ambientais, as internações hospitalares acompanham muito nitidamente a curva de elevação da poluição no ar. 

“Os riscos de infarto são maiores no inverno porque chove menos e elevando os níveis de poluição. Isso significa que existem mais partículas em suspensão e mais monóxido de carbono circulante. Todo esse material é nocivo ao nosso organismo e aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e pulmonares”, explica Dr. Hélio Castello, cardiologista e coordenador do serviço de hemodinâmica e cardiologia Intervencionista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

O especialista chama atenção também para o clima frio, que faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, diminuindo os calibres em todo o corpo. “Esse tipo de estreitamento é especialmente preocupante para pessoas que já têm algum grau de obstrução ou entupimento nas artérias do coração, porque acaba deixando os vasos ainda menores, o que aumenta a chance de um infarto”, ressalta. 

A alimentação é outro fator que requer uma atenção especial nesta época do ano, porque tende a ser mais calórica. “No inverno, é comum abusarmos de comidas mais gordurosas e isso também afeta o coração, que precisa trabalhar mais para fazer a digestão. Além disso, esse tipo de dieta oferece mais colesterol, mais triglicérides e mais açúcar, substâncias que acabam afetando negativamente a pressão arterial e o coração”. 

A manutenção do uso de máscara também é recomendada: “Usar máscara, uma prática que se tornou comum durante a pandemia, pode ajudar a filtrar o material particulado do ar que fazem mal tanto para o coração quanto para o pulmão, mas não impede a inalação de gás carbônico”, diz. O especialista recomenda também a ingestão de líquidos, especialmente água. 

Para minimizar as consequências que o inverno e a poluição trazem para o nosso organismo, o especialista aconselha alguns cuidados que podem ser adotados por pessoas de todas as idades e, em especial, pelos idosos. “Devemos tomar todas as vacinas, não só as da Covid-19. A vacinação contra a gripe, que previne contra vários tipos de Influenza, como o H1N1, previne também contra a pneumonia. Essas doenças aumentam as chances de infarto ou AVC porque levam o corpo a um estado inflamatório, que aumenta a chance de coagular o sangue e de contrair os vasos que podem levar ao entupimento das artérias e ao infarto”, esclarece. 

O cardiologista alerta, inclusive, para a manutenção do tratamento farmacêutico: “É importante não interromper a medicação recomendada pelo seu médico, fazer controle dos níveis de pressão e não descuidar da dieta. Temos que tomar cuidado para não comer alimentos gordurosos com frequência e ficarmos atentos aos sinais do corpo. Se notar alguma alteração importante, procure um médico”, aconselha.

 

Poluição e frio afetam também o sistema respiratório

Além do material particulado e de gases como os óxidos de enxofre emitidos pelos escapamentos dos carros, temos também o ozônio, um gás considerado poluente secundário, isto é, uma substância nociva que se forma a partir de reações químicas entre outros poluentes, como os óxidos do nitrogênio e os compostos orgânicos voláteis, com o oxigênio do ar. Essas reações, facilitadas pela radiação ultravioleta da luz solar, são particularmente mais intensas em locais de alta concentração de veículos automotores e em dias e horários mais ensolarados, como frequentemente presenciamos no inverno. O ozônio, tão importante em camadas mais altas (a partir de 20.000 metros) da atmosfera por bloquear radiação ultravioleta, aqui no nosso meio é considerado um poluente, causando inflamação nas vias aéreas e contribuindo para o adoecimento e mortalidade por doenças respiratórias. 

As variações bruscas de temperatura podem trazer ainda mais preocupação por reduzir os mecanismos de defesa do sistema respiratório. Segundo o Dr. Gustavo Prado, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essa amplitude térmica que temos enfrentado nos últimos dias prejudica o batimento dos “cílios” das células que revestem o aparelho respiratório. “Os cílios fazem um batimento, como se fossem remos de uma embarcação, empurrando qualquer impureza, como material particulado e secreção, em direção às vias de saída, que são boca e nariz. Quedas bruscas de temperatura paralisam temporariamente essa atividade ciliar e isso favorece acúmulo de material particulado, impurezas e secreção, podendo causar inflamações e infecções no trato respiratório”, esclarece.
 

Cuidados com o tempo seco

O especialista destaca ainda a importância de tomar algumas precauções em épocas de tempo seco. “Quando o tempo está seco e temos que lidar com uma maior concentração de poluentes no ar, como gases e material particulado, temos mais chance de favorecer uma desidratação das vias áreas levando a alterações nas características da secreção respiratória, que fica mais espessa e com maior tendência a acúmulo”, elucida e complementa: “Nesses casos é importante lavar as narinas com soro fisiológico, que além de limpar, hidrata a mucosa nasal, o que traz mais conforto”. 

Outra dica do pneumologista é evitar ambientes fechados sem ventilação e com maior concentração de pessoas, que favorecem a transmissão de infecções respiratórias, como gripes e resfriados, além da própria Covid-19. “Para minimizar os efeitos da poluição nessa época do ano alguns cuidados podem ajudar, como maior ventilação dos ambientes, manutenção preventiva de aparelhos de ar-condicionado, manter-se bem hidratado, fazer uma alimentação saudável e praticar esportes regularmente. Para as pessoas com doenças respiratórias, aconselho manter um cuidado redobrado em relação à aderência do tratamento proposto pelo médico. Não relaxem no uso dos medicamentos, nem nos cuidados gerais”, orienta. 

O pneumologista traz ainda dicas importantes para os praticantes de exercício à céu aberto. “Do mesmo jeito que o surfista olha a tábua de marés antes de ir à praia, quem faz exercícios na rua precisa também acompanhar a qualidade do ar e procurar fazer essa atividade, minimizando a inalação de poluentes de origem automotiva. Para quem pode escolher quando se exercitar, evite os horários do rush, entre 7h e 8h da manhã e entre 5h e 6h da tarde, além do horário do almoço, que, por causa da maior incidência de radiação solar, é o horário de maior concentração de Ozônio, um poluente que provoca inflamação nas vias aéreas e exacerbação de doenças respiratórias. Sempre também é importante dar preferência a ruas secundárias, evitando grandes vias de tráfego de veículos.”, recomenda.



Hospital Alemão Oswaldo Cruz

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Estudo relaciona alteração de olfato ou paladar após a COVID-19 com problemas de memória

Pesquisadores da USP acompanharam 701 pacientes internados por complicações da doença no Hospital das Clínicas. Em avaliações feitas seis meses após a alta hospitalar, observou-se que os indivíduos que apresentavam mais sequelas sensoriais também tinham pior desempenho nos testes cognitivos, principalmente os de memorização (imagem: Raman Oza/Pixabay)

 

 Estudos feitos antes da pandemia de COVID-19 apontaram a perda de olfato como um possível sinal precoce da doença de Alzheimer. Há, na literatura científica, evidências de que essa disfunção sensorial pode se manifestar anos antes dos primeiros sintomas cognitivos aparecerem, o que sugere haver uma conexão entre a região cerebral responsável pela memória e a que registra e interpreta os estímulos olfativos.

Essa hipótese acaba de ganhar força com um trabalho publicado por pesquisadores brasileiros no European Archives of Psychiatry and Clinical Neuroscience. O grupo acompanhou 701 pacientes internados com COVID-19 moderada ou grave no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), entre março e agosto de 2020. Em avaliações feitas seis meses após a alta hospitalar, observaram que os indivíduos que apresentavam mais sequelas sensoriais pós-COVID (redução ou modificação do olfato e/ou do paladar) tinham pior desempenho nos testes cognitivos, particularmente nos de memória. E esse resultado era independente de quão grave havia sido o quadro na fase aguda da doença.

“O olfato é uma importante conexão com o mundo externo e está muito relacionado com experiências passadas. O cheiro de bolo, por exemplo, pode nos trazer a lembrança da avó. Em termos de conexão cerebral, tem uma interação com a memória muito mais robusta do que a visão e a audição”, afirma o médico otorrinolaringologista Fábio Pinna, um dos autores do artigo.

Dos 701 voluntários incluídos na pesquisa, 52,4% eram do sexo masculino. A média de idade foi de 55,3 anos e o tempo médio de internação de 17,6 dias. Pouco mais da metade da amostra (56,4%) precisou ser internada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por complicações da COVID-19, sendo que 37,4% dos voluntários foram intubados.

Nas análises conduzidas seis meses após deixarem o hospital, o funcionamento do olfato e do paladar foi mensurado por meio de questionários previamente padronizados para estudos do tipo, que também avaliam aspectos relacionados à qualidade de vida.

A redução moderada ou severa do paladar foi a sequela sensorial mais comum (20%), seguida de redução de olfato moderada ou severa (18%), redução concomitante de olfato e paladar moderada ou severa (11%) e parosmia (9%) – termo usado para descrever alterações na percepção olfativa, por exemplo, quando um odor antes considerado agradável passa a ser percebido como ruim. Doze voluntários apresentaram alucinações olfativas (sentem cheiros que outras pessoas não sentem) e nove pessoas relataram alucinações gustativas (sentem o gosto de um alimento sem tê-lo provado). Nos dois casos, a maioria afirmou que essas alucinações só apareceram após a infecção pelo novo coronavírus. Em relação ao estado geral de saúde, 10,1% dos participantes descreveram como “ruim ou muito ruim”, 38,5% como “médio” e 51,4% como “bom ou muito bom”.

Também por meio de questionários padronizados, os cientistas verificaram a presença de sintomas psiquiátricos, como ansiedade e depressão. E testes neuropsicológicos foram aplicados para mensurar as chamadas funções cognitivas, entre elas memória, atenção e velocidade de raciocínio.

Ao final, todos os resultados foram analisados por métodos estatísticos com o objetivo de descobrir se havia uma correlação entre sintomas neuropsiquiátricos e disfunções sensoriais. Observou-se que os voluntários que sofriam de parosmia tinham maior percepção de que sua memória estava ruim. Aqueles que tiveram diminuição moderada ou grave do paladar saíram-se significativamente pior em uma tarefa que consistia em memorizar uma lista de palavras – usada para avaliar a chamada memória episódica (de curto prazo, muito relacionada com a atenção). Os voluntários que tiveram perda concomitante de paladar e olfato moderada ou grave também demonstraram comprometimento significativo na memória episódica.

“Não encontramos nenhum sintoma psiquiátrico [ansiedade ou depressão, por exemplo] associado à perda de olfato e paladar. Mas, como esperado, observamos que a atenção e a memória episódica estavam mais prejudicadas nos pacientes com maior alteração quimiossensorial”, comenta Rodolfo Damiano, doutorando na FM-USP com bolsa da FAPESP e primeiro autor do artigo. “Esse achado corrobora a hipótese de que a COVID-19 tem, de fato, um impacto na cognição e seus prejuízos não são apenas decorrentes de questões psicossociais ou ambientais”, avalia.

A origem do dano

No caso da doença de Alzheimer, acredita-se que a perda de olfato possa ser uma das primeiras consequências do processo degenerativo que leva à perda progressiva de neurônios. Já a perda de olfato associada à COVID-19, segundo Pinna, é decorrente da inflamação desencadeada pelo SARS-CoV-2 na mucosa olfatória. “Isso leva a uma diminuição do muco olfatório. Não temos visto uma lesão direta nos neurônios olfatórios. Eles acabam se degenerando, mas parece ser uma consequência secundária da perda do muco olfatório. A mucosa sofre um processo de atrofia e pode perder essa capacidade de captar odores”, explica o médico.

Como explica o psicogeriatra Orestes Forlenza, professor do Departamento de Psiquiatria da FM-USP e um dos coordenadores do estudo, as perdas cognitivas observadas na doença de Alzheimer e nas síndromes pós-COVID decorrem de processos patogênicos distintos, mas os dois processos podem se sobrepor. “Particularmente em indivíduos idosos, que já apresentam sintomas cognitivos primários e venham a contrair a infecção. Há indícios preliminares de que essa sobreposição de fatores patogênicos possa acelerar ou agravar a progressão das perdas cognitivas”, afirma.

Ainda não se sabe, contudo, o mecanismo exato pelo qual a infecção pelo coronavírus leva ao dano cognitivo. Para tentar identificar quais vias cerebrais estão alteradas na fase aguda da doença, o grupo da USP pretende aplicar novos testes em pacientes que apresentam perda de olfato e paladar. A ideia é que os voluntários façam as tarefas enquanto são submetidos a um exame de ressonância magnética de 7 tesla, que tem imagem de altíssima resolução (os equipamentos comuns têm apenas 3 tesla).

“Nossa hipótese é a de que o vírus provoca uma neuroinflamação, que leva ao prejuízo na cognição. Se os danos são permanentes ainda não sabemos. Continuamos a acompanhar os pacientes para descobrir se há melhora ou não”, conta Damiano.

O grupo também pretende investigar se a relação entre perda sensorial e cognitiva também ocorre em pessoas que contraíram a COVID-19 após a vacinação. “Estamos fazendo um estudo semelhante a este agora divulgado, mas considerando se o participante foi ou não vacinado e quantas doses tomou antes de se infectar. O objetivo é descobrir se a vacina oferece proteção contra complicações neuropsiquiátricas. E também se um tipo de imunizante protege mais que outro, o que o tornaria mais indicado para pessoas com doenças psiquiátricas”, conta o doutorando.

Mais atenção ao olfato

Segundo os autores, uma das mensagens importantes do artigo é que disfunções olfativas deveriam ganhar mais atenção de profissionais de saúde e das pessoas em geral.

“Quando um idoso começa a perder o olfato, pode ser um indício precoce de demência. É preciso levá-lo ao médico para uma avaliação. Já as pessoas que tiveram perda olfativa moderada ou grave após a COVID-19 devem ficar atentas nos próximos anos a alterações de memória, assim como seus familiares”, opina Damiano.

Pinna espera que os resultados estimulem médicos e pacientes com disfunção olfatória a investir no tratamento. “Antes da COVID-19 esse problema era ignorado. Os tratamentos eram pouco conhecidos, se acreditava que não havia muito o que fazer. Hoje há evidências de que é importante tratar para minimizar tanto a perda de qualidade de vida causada pela disfunção sensorial em si como para prevenir outros problemas de saúde associados. Temos um incentivo para não desistir do tratamento”, diz.

O artigo Association between chemosensory impairment with neuropsychiatric morbidity in post acute COVID 19 syndrome: results from a multidisciplinary cohort study pode ser lido em: https://link.springer.com/content/pdf/10.1007/s00406-022-01427-3.pdf.

 


Karina Toledo
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/estudo-relaciona-alteracao-de-olfato-ou-paladar-apos-a-covid-19-com-problemas-de-memoria/39273/


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