Tratamento individualizado é recurso mais eficiente para minimizar os impactos da patologia, que atinge um milhão de brasileiros
O Dia Mundial do Vitiligo, 25 de junho, foi criado, em 2011, pela Organização das Nações Unidas (ONU), para despertar a conscientização sobre a doença e combater o preconceito. Conforme o Ministério da Saúde (MS), a patologia atinge de 0,5% a 2% da população mundial. No Brasil, são mais de um milhão de pessoas (0,54%). Theodoro Habermann Neto, dermatologista do Vera Cruz Hospital, em Campinas (SP), explica que a doença é caracterizada pela despigmentação da pele. “São lesões, em algumas regiões do corpo, de aparência esbranquiçadas, causadas pela diminuição ou ausência de melanócitos, as células que produzem a melanina, que dá a cor da nossa pele”, define.
Segundo o MS, no Brasil o vitiligo acorre em 1,2% das pessoas brancas e 1,9% das pardas/negras, configurando entre as 25 doenças dermatológicas mais frequentes em todas as regiões do país. “A causa ainda não está bem definida, mas já sabemos que fenômenos autoimunes, traumas emocionais, estresse e ansiedade podem desencadear ou agravar a doença”, explica Habermann.
O tamanho da lesão pode variar e acometer várias partes do corpo.
“Normalmente, os pacientes têm diminuição de sensibilidade na região afetada ou
podem ter dor. O vitiligo pode acometer a área segmentar (ou unilateral), ou
seja, em apenas uma parte do corpo, também podendo ocorrer em pelos e cabelos,
que acabam descoloridos; e a área não-segmentar (ou bilateral), que é o tipo
mais comum, que manifesta dos dois lados do corpo, por exemplo, duas mãos, dois
pés, dois joelhos, etc. Também pode surgir no nariz e na boca. A região afetada
perde a cor, em algumas fases há o aumento da lesão e em outras há a
estagnação. Esses ciclos podem correr durante toda a vida e a duração e as
áreas pigmentadas tendem a se tornar maiores com o passar do tempo”.
Diagnóstico
Ao suspeitar de alguma mancha mais clara pelo corpo, o ideal é procurar um dermatologista. “O diagnóstico é feito clinicamente e, em alguns casos, é preciso realizar uma biópsia, que é a retirada de um pedacinho da pele, para confirma-lo. Exceto na borda da visão, que a gente faz um teste com a Lâmpada de Wood, que é uma luz negra, específica para ajudar na detecção da doença em pacientes com pele branca”.
Segundo o dermatologista, exames de sangue também são comuns para
avaliar se o vitiligo tem alguma doença autoimune associada, como hepatite,
doença de Addison e problemas de tireoide. “Também é válido ressaltar que 30%
dos pacientes têm algum familiar que já apresentou a doença. Então, é muito
importante procurar um dermatologista habilitado pela Sociedade Brasileira de
Dermatologia, que possa dar o diagnóstico, fazer o melhor tratamento e a melhor
investigação do quadro”, ressalta.
Tratamento
Embora o vitiligo ainda não tenha cura, existem tratamentos bastante eficientes que devem ser adotados de forma individualizada. “O foco é cessar o aumento das lesões, estabilizando o quadro, e também promover a repigmentação da pele. Existem medicamentos à base de cremes que estimulam a produção de melanina, derivados da vitamina D e corticoides. Outra opção é a fototerapia, um banho de luz, com radiação ultravioleta, que é indicado para todas as formas de vitiligo com resultados muito bons, principalmente em lesões de face e tronco. Já o ultravioleta com UVA também pode ser adotado, desde que sejam tomados todos os cuidados com o risco de envelhecimento e câncer de pele. Há ainda tratamentos com laser e técnicas cirúrgicas, como transplante de melanócitos”.
Segundo Habermann, algumas medicações imunobiológicas estão em
fase de pesquisa na Europa e nos EUA e, em médio prazo, devem checar ao Brasil,
representando mais um importante avanço no tratamento. Para melhores
resultados, a orientação do dermatologista é para que o paciente com a doença
tenha o acompanhamento psicológico. “Sabemos que as lesões de pele impactam
muito na qualidade de vida e autoestima do paciente, por isso é importante que
se tenha o suporte psicológico de um profissional, o que irá contribuir,
inclusive, para os melhores resultados do tratamento e evitar que problemas
como depressão e ansiedade, por exemplo, interfiram na terapêutica adotada”.
Sem receitas caseiras
O médico chama a atenção para os ditos “medicamentos milagrosos”,
que muitas vezes são receitas dadas por pessoas leigas no assunto. “Podem levar
a riscos de queimadura, deixar as áreas ainda mais brancas e causar reações
mais graves. Portanto, o tratamento de vitiligo é individual, deve ser
discutido sempre com o dermatologista e cada caso é um caso, não devendo-se
passar uma coisa igual para todos. Depende da característica de cada pele, de
cada paciente, e os resultados vão variar de uma pessoa para outra. Por isso, é
importante procurar um dermatologista para saber qual é o melhor controle da
doença e qual a repigmentação mais adequada”, orienta.
Cuidados importantes
Para as pessoas com histórico familiar da doença, algumas medidas
podem ser adotadas. Tais como observar periodicamente a pele, evitar o uso de
roupas apertadas que provoquem atrito e pressão sobre a pele, fazer uso diário
de filtro solar e manter o controle em situações de estresse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário