Você já se olhou no
espelho e se achou linda, mas ao fazer uma selfie se sentiu menos atraente do
que pessoalmente? Esse fenômeno é conhecido como distorção
de imagem e está se tornando uma preocupação
crescente na dermatologia. Com o aumento do uso de câmeras de celulares, muitas
pessoas estão se acostumando a ver uma versão distorcida de si mesmas, o que
pode levar a uma busca por procedimentos estéticos desnecessários.
Ao se verem
frequentemente em selfies distorcidas, “muitas pessoas podem desenvolver uma visão
negativa de sua aparência, o que pode levar a problemas de autoimagem e até
depressão. O uso excessivo das redes sociais e a busca por aprovação através de
"likes" podem exacerbar esses problemas.”, afirma a dermatologista
Dra. Isabela Etto Cabello.
O que é a distorção de imagem?
A distorção de imagem é um efeito visual causado pelas lentes das câmeras,
especialmente nas câmeras frontais dos celulares, que são geralmente
grande-angulares. Esse tipo de lente é projetado para capturar um campo de
visão mais amplo, mas isso pode levar a distorções perceptíveis, especialmente
em fotos tiradas de perto, como selfies.
Quando você tira
uma selfie, a câmera está muito próxima ao rosto, exagerando características
faciais. Por exemplo, o nariz pode parecer maior, o rosto mais largo, e as
proporções faciais podem parecer desbalanceadas. Além disso, a iluminação
inadequada e os ângulos desfavoráveis podem acentuar essas distorções.
A ciência por trás da distorção
Estudos mostram que a lente grande-angular das câmeras frontais dos celulares
pode distorcer a imagem de maneira significativa. Uma pesquisa publicada no
JAMA Facial Plastic Surgery em 2018 revelou que as selfies tiradas a uma
distância de 30 centímetros aumentam a aparência do nariz em até 30% em comparação
com fotos tiradas a uma distância padrão de 1,5 metros. Isso ocorre devido à
perspectiva forçada, onde a proximidade da lente amplia desproporcionalmente as
características centrais do rosto.
Implicações psicológicas
A constante exposição a essas imagens distorcidas pode ter um impacto
psicológico significativo. Muitas pessoas começam a acreditar que as
características exageradas nas selfies refletem sua aparência real. Isso pode
levar a uma insatisfação com a própria imagem corporal e um desejo crescente de
corrigir essas "imperfeições" através de procedimentos estéticos.
O papel do dermatologista
No consultório, é cada vez mais comum encontrar pacientes que desejam realizar
procedimentos estéticos baseados na percepção distorcida de sua aparência em
selfies. Eles podem querer reduzir o tamanho do nariz, redefinir o contorno
facial ou eliminar a papada, sem perceber que essas "falhas" são, na
verdade, resultado da distorção da câmera.
Como
dermatologistas, temos a responsabilidade de educar nossos pacientes sobre a
distorção de imagem e suas implicações. Devemos explicar que a imagem vista nas
selfies não é uma representação fiel de sua aparência. Esse entendimento é
crucial para reduzir a ansiedade e evitar procedimentos estéticos desnecessários.
Estudos e dados relevantes
Diversos estudos destacam a importância de abordar essa questão com os
pacientes. Um estudo da American Academy of Facial Plastic and Reconstructive
Surgery (AAFPRS) de 2020 indicou que 55% dos cirurgiões plásticos faciais relataram
um aumento nos pacientes buscando procedimentos estéticos devido à preocupação
com sua aparência em selfies. Isso reflete a necessidade de maior
conscientização sobre a distorção de imagem.
Estratégias para
orientar os pacientes
Educação
visual:
- Mostrar aos pacientes a diferença entre uma selfie e uma foto tirada com uma câmera
profissional a uma distância adequada.
- Utilizar
programas de simulação de imagem para demonstrar como a aparência real difere
das selfies.
Consulta aprofundada:
- Realizar consultas detalhadas para entender as preocupações dos pacientes e
explicar as causas das distorções.
- Discutir a
importância de uma imagem corporal saudável e realista.
Recusar
procedimentos desnecessários:
- Ter a coragem de dizer "não" quando um procedimento é solicitado
com base em percepções distorcidas.
- Oferecer
alternativas que enfoquem a saúde da pele e a autoestima, ao invés de mudanças
drásticas na aparência.
“A distorção de
imagem causada pelas câmeras de celulares é uma realidade que impacta a
percepção que as pessoas têm de si mesmas. Como dermatologistas, nosso papel é
orientar e educar os pacientes sobre a verdadeira natureza dessas distorções e
a importância de uma autoimagem saudável. Ao fazermos isso, podemos ajudar a
reduzir a ansiedade em relação à aparência e evitar procedimentos estéticos
desnecessários, promovendo uma abordagem mais equilibrada e realista da
beleza.”. Conclui a Dra. Isabela Etto Cabello.
Dra.
Isabela Etto Cabello - Médica especializada em dermatologia e nutrologia - CRM
- 208687
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