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terça-feira, 4 de junho de 2024

A verdade por trás das selfies: distorção de imagem e procedimentos estéticos desnecessários

   

Você já se olhou no espelho e se achou linda, mas ao fazer uma selfie se sentiu menos atraente do que pessoalmente? Esse fenômeno é conhecido como distorção de imagem e está se tornando uma preocupação crescente na dermatologia. Com o aumento do uso de câmeras de celulares, muitas pessoas estão se acostumando a ver uma versão distorcida de si mesmas, o que pode levar a uma busca por procedimentos estéticos desnecessários. 

Ao se verem frequentemente em selfies distorcidas, “muitas pessoas podem desenvolver uma visão negativa de sua aparência, o que pode levar a problemas de autoimagem e até depressão. O uso excessivo das redes sociais e a busca por aprovação através de "likes" podem exacerbar esses problemas.”, afirma a dermatologista Dra. Isabela Etto Cabello.
 

O que é a distorção de imagem?

A distorção de imagem é um efeito visual causado pelas lentes das câmeras, especialmente nas câmeras frontais dos celulares, que são geralmente grande-angulares. Esse tipo de lente é projetado para capturar um campo de visão mais amplo, mas isso pode levar a distorções perceptíveis, especialmente em fotos tiradas de perto, como selfies. 

Quando você tira uma selfie, a câmera está muito próxima ao rosto, exagerando características faciais. Por exemplo, o nariz pode parecer maior, o rosto mais largo, e as proporções faciais podem parecer desbalanceadas. Além disso, a iluminação inadequada e os ângulos desfavoráveis podem acentuar essas distorções.
 

A ciência por trás da distorção

Estudos mostram que a lente grande-angular das câmeras frontais dos celulares pode distorcer a imagem de maneira significativa. Uma pesquisa publicada no JAMA Facial Plastic Surgery em 2018 revelou que as selfies tiradas a uma distância de 30 centímetros aumentam a aparência do nariz em até 30% em comparação com fotos tiradas a uma distância padrão de 1,5 metros. Isso ocorre devido à perspectiva forçada, onde a proximidade da lente amplia desproporcionalmente as características centrais do rosto.
 

Implicações psicológicas

A constante exposição a essas imagens distorcidas pode ter um impacto psicológico significativo. Muitas pessoas começam a acreditar que as características exageradas nas selfies refletem sua aparência real. Isso pode levar a uma insatisfação com a própria imagem corporal e um desejo crescente de corrigir essas "imperfeições" através de procedimentos estéticos.
 

O papel do dermatologista

No consultório, é cada vez mais comum encontrar pacientes que desejam realizar procedimentos estéticos baseados na percepção distorcida de sua aparência em selfies. Eles podem querer reduzir o tamanho do nariz, redefinir o contorno facial ou eliminar a papada, sem perceber que essas "falhas" são, na verdade, resultado da distorção da câmera. 

Como dermatologistas, temos a responsabilidade de educar nossos pacientes sobre a distorção de imagem e suas implicações. Devemos explicar que a imagem vista nas selfies não é uma representação fiel de sua aparência. Esse entendimento é crucial para reduzir a ansiedade e evitar procedimentos estéticos desnecessários.
 

Estudos e dados relevantes

Diversos estudos destacam a importância de abordar essa questão com os pacientes. Um estudo da American Academy of Facial Plastic and Reconstructive Surgery (AAFPRS) de 2020 indicou que 55% dos cirurgiões plásticos faciais relataram um aumento nos pacientes buscando procedimentos estéticos devido à preocupação com sua aparência em selfies. Isso reflete a necessidade de maior conscientização sobre a distorção de imagem.
 

Estratégias para orientar os pacientes
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Educa
ção visual:
- Mostrar aos pacientes a diferen
ça entre uma selfie e uma foto tirada com uma câmera profissional a uma distância adequada.

- Utilizar programas de simulação de imagem para demonstrar como a aparência real difere das selfies.
 

Consulta aprofundada:
- Realizar consultas detalhadas para entender as preocupações dos pacientes e explicar as causas das distorções.

- Discutir a importância de uma imagem corporal saudável e realista.
 

Recusar procedimentos desnecessários:
- Ter a coragem de dizer "não" quando um procedimento é solicitado com base em percepções distorcidas.

- Oferecer alternativas que enfoquem a saúde da pele e a autoestima, ao invés de mudanças drásticas na aparência. 

“A distorção de imagem causada pelas câmeras de celulares é uma realidade que impacta a percepção que as pessoas têm de si mesmas. Como dermatologistas, nosso papel é orientar e educar os pacientes sobre a verdadeira natureza dessas distorções e a importância de uma autoimagem saudável. Ao fazermos isso, podemos ajudar a reduzir a ansiedade em relação à aparência e evitar procedimentos estéticos desnecessários, promovendo uma abordagem mais equilibrada e realista da beleza.”. Conclui a Dra. Isabela Etto Cabello.
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Dra. Isabela Etto Cabello - Médica especializada em dermatologia e nutrologia - CRM - 208687


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