Recentemente viralizou uma “trend”
no TikTok, em que algumas pessoas dizem que o raspador de língua é a solução
para resolver o mau hálito. Mas, será que é verdade?
Para esclarecer o assunto, o cirurgião dentista,
especialista em halitose e integrante da Câmara Técnica de Dentística do
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dr. Mário Sérgio Giorgi,
explica que o hábito de higienizar a língua com o objetivo de remover o acúmulo
de saburra lingual (principal causa do mau hálito), existe desde a antiguidade.
A halitose ou mau hálito é um odor desagradável da
cavidade oral, que pode ser classificada em halitose real ou imaginária
(pseudo-halitose, halitofobia). A genuína está dividida em dois subgrupos,
patológica ou fisiológica.
Na patológica, a halitose pode ser oral ou
extra-oral, com origem no sistema respiratório ou de outros sistemas. Vale
ressaltar que existem mais de 60 origens possíveis para a halitose, sendo
simples ou complexas, que variam desde a má higiene oral até uma patologia,
como diabetes.
A halitose fisiológica pode ser corrigida revisando
a higiene. Ela é transitória e pode ocorrer por ingestão de bebidas alcoólicas,
fumo ou alimentos e comidas, como cebola e alho, por exemplo.
Já a pseudo-halitose está ligada mais à parte
psicológica, pois nela, o paciente se queixa de halitose, mas o mau hálito não
é sentido por ninguém e o diagnóstico não é feito objetivamente. Na
halitofobia, o paciente está preocupado em ter um mau odor oral contínuo e,
mesmo que tenha feito o tratamento, acredita que ainda possui um mau odor, que
não cessa.
Uso do raspador
De acordo com o Dr. Mario Sergio, a remoção mecânica
da saburra é recomendada para o controle da halitose e o raspador é uma das
opções para a higienização da língua. Nesse sentido, ele esclarece que o mau
cheiro está associado à cavidade oral e os principais responsáveis pela
halitose são os chamados compostos sulfurados voláteis (CSVs), que estão
depositados na língua, chamados de saburra lingual.
O especialista explica que a principal área de
concentração desses compostos é o dorso da língua, pois sua anatomia favorece o
acúmulo de células epiteliais descamadas, bactérias, além de restos
alimentares, formando a saburra lingual, que possui uma coloração branca ou
amarelada.
Ele reforça, ainda, que a remoção mecânica é
recomendada como cuidado caseiro para controle da halitose, pois reduz a
concentração de saburra, melhorando inclusive a percepção de sabores.
“A limpeza deve ser realizada uma vez ao dia pela
manhã com um instrumento próprio (limpador), alguns chamam de raspador. Bem
delicadamente, segure a ponta da sua língua com uma gaze, puxe-a delicadamente
até a ponta do queixo, assim você exterioriza ela e consegue limpar a língua do
fundo para a frente e a saburra vai sendo depositada na gaze”, explica.
Outra sugestão, segundo o Dr. Mario, é associar a
limpeza de língua. Ele ensina que o indicado é utilizar o limpador
inicialmente, depois uma escova de perfil baixo - própria para limpeza de
língua- intercalando assim: limpador - escova de língua - limpador.
Além da limpeza, que é um procedimento importante
para a saúde oral, o especialista lembra da importância de consultas periódicas
com o cirurgião-dentista para identificar os agentes etiológicos responsáveis
pela formação da saburra e alteração do hálito.
O Dr. Mário Sérgio finaliza lembrando que alguns estudos têm demonstrado que a halitose pode também estar relacionada à diminuição da produção de saliva, portanto, é de extrema importância tomar água, pelo menos 2 litros por dia.
Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP
www.crosp.org.br
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