Autismo leve: desafios e conquistas
Compreender e colocar em prática dicas
simples contribui com a qualidade de vida para pacientes e familiares
Conhecido como “Abril Azul”, este mês é dedicado à conscientização sobre o autismo. Uma condição que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge atualmente uma em cada 160 crianças no mundo e duas milhões de pessoas no Brasil. Geralmente diagnosticado na infância, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ser definido como uma condição especial do neurodesenvolvimento. André Leite Gonçalves, neuropediatra do Vera Cruz Hospital, explica que a TEA tem como principais aspectos o comportamento repetitivo, a dificuldade de interação social e interesses restritos e intensos em áreas específicas. “Em geral, esses pacientes têm um bom desenvolvimento da linguagem e do raciocínio, mas podem apresentar dificuldades na comunicação não verbal (gestos e expressões faciais) e na compreensão das nuances da linguagem, como, por exemplo, uma brincadeira, ironia ou sarcasmo”, explica.
Embora não haja cura, intervenções e apoios adequados podem ajudar a pessoa a desenvolver suas habilidades e a se integrar melhor na sociedade. “O primeiro passo é o diagnóstico, que, se realizado de forma precoce, contribui muito com a qualidade de vida do paciente”, explica. “De modo geral, envolve a avaliação de uma equipe de profissionais especializada em TEA, ou seja, psicólogos, psiquiatras e neuropediatras, e inclui a observação do comportamento infantil, entrevistas com os pais e cuidadores, e testes específicos para avaliar habilidades sociais, comunicação e padrões de comportamento característicos da síndrome”, completa.
O tratamento envolve terapias comportamentais e educacionais, que têm o objetivo de desenvolver habilidades sociais, de comunicação e comportamentos adequados. Também podem exigir o uso de alguns medicamentos. “O fundamental é que o tratamento seja individualizado e leve em consideração as necessidades de cada paciente diagnosticado com a síndrome”, destaca.
O médico destaca que a medicina tem apresentado diversos avanços e
abordagens cada vez mais eficazes para tratar pacientes com autismo leve e
outros transtornos do TEA. O que representa esperança para quem convive com o
diagnóstico. Dentre os avanços, ele destaca o uso da tecnologia. “Atualmente,
há aplicativos de comunicação e dispositivos de apoio que podem ser úteis para
melhorar a comunicação e a autonomia dos pacientes. Outro ponto importante que
constitui um avanço significativo são os programas educacionais existentes em
diversas instituições que têm equipe especializada e capacitada para ajudar as
pessoas com o transtorno a se desenvolver e alcançar um bom potencial acadêmico
e profissional”, ressalta.
Dicas para estimular bons avanços
Além do acompanhamento especializado o paciente com TEA necessita do apoio familiar; a família, por sua vez, precisa ter suporte e orientação para entender e lidar com os desafios que o TEA apresenta. Por isso, o especialista sugere algumas dicas que podem ajudar no convívio diário:
1 – Apoio profissional: procurar um profissional especializado em
autismo para a orientação, acompanhamento e suporte;
2 – Comunicação clara: use linguagem simples e direta ao se
comunicar, evitando ambiguidades e metáforas;
3 – Crie rotina: estabelecer uma rotina previsível e estruturada,
contribui para reduzir a ansiedade e o estresse;
4 – Habilidades sociais: estimule e pratique habilidades sociais
específicas, como manter o contato visual e entender as expressões faciais;
5 – Evite estímulos excessivos: ambientes barulhentos, luminosos
ou agitados podem causar uma sobrecarga sensorial; por isso, é importante
evitar;
6 – Respeite os limites pessoais: tanto os seus, quanto os dos
outros, para que o convívio seja o menos estressante possível;
7 – Desenvolva interesse específicos: explorar e desenvolver
atividades artísticas, assuntos específicos e esporte, por exemplo, pode ser
uma fonte de prazer, conforto e realização;
8 – Pratique o autocuidado: estimule a dedicação para atividades que
promovam o bem-estar físico e emocional;
9 – Estabeleça metas realistas: defina pequenas metas alcançáveis
e celebre cada conquista, por menores que sejam;
10 – Seja paciente: lembre-se de que é normal enfrentar desafios e que está tudo bem em buscar ajuda quando necessário.
Ao colocar em práticas essas dicas simples e rotineiras, o
convívio se torna mais leve e os progressos se tornam mais eficientes.
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