O diagnóstico da hipertensão passa por dois números:
14 por 9; se ao medir no aparelho a pressão alcançar esses
números ou ultrapassá-los, é um sinal de alerta
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Dado
integra Pesquisa Vigitel 2023 e mostra que problema atinge mais mulheres;
cardiologista Dr. Fernando Nobre explica
A hipertensão arterial é um problema silencioso e atinge
27,9% da população adulta brasileira, segundo levantamento do Sistema de
Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel), divulgado no ano passado. Em números absolutos, são mais de 30
milhões de pessoas.
Segundo a Pesquisa Vigitel, a frequência de diagnóstico
médico de hipertensão arterial foi maior entre mulheres (29,3%) do que entre os
homens (26,4%) e constatou-se, ainda, que em ambos os sexos, esta frequência
aumentou com a idade.
Dados publicados pelo Ministério da Saúde em maio de 2023
apontaram que a taxa de mortalidade por hipertensão arterial no Brasil atingiu
o maior valor dos últimos dez anos, com a ocorrência de 18,7 óbitos por 100 mil
habitantes. O levantamento considerou a base de dados final do Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM) para o ano de 2021.
No mês de abril, o problema ganha maior destaque, com o dia
26 sendo marcado como Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.
O diagnóstico da hipertensão passa por dois números: 14 por
9. Se ao medir no aparelho a pressão alcançar esses números ou ultrapassá-los,
é um sinal de alerta. A pressão alta é o principal fator de risco para
complicações graves de saúde, como doenças cardiovasculares, doenças renais
crônicas e morte prematura. Também está diretamente ligada a até 60% dos casos
de infarto e em 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC), ressalta o
cardiologista e especialista em hipertensão arterial, Dr. Fernando Nobre.
“Entre as principais causas do avanço desse problema está o
estilo de vida, com o sedentarismo, má alimentação, excesso de sal, além do
sobrepeso e obesidade. Existe também o fator genético, já que a hipertensão
pode ser hereditária em até 50% dos casos. A falta de diagnóstico pode levar a
sérias complicações”, explica o médico.
O cardiologista comenta que em avaliação realizada,
inicialmente, na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e
posteriormente em todo o país, apenas 17% dos entrevistados tinham conhecimento
de a hipertensão ser um fator de risco para infarto e AVC.
Mulheres X Homens
Segundo a American Heart Association, os riscos de
doenças do coração aumentam para todos com o passar da idade. No entanto, as
mulheres, após a menopausa, podem ficar ainda mais vulneráveis, ao perderem a
proteção hormonal natural.
“No período da menopausa, os níveis de estrógeno são
reduzidos e o coração e vasos sanguíneos ficam mais expostos às alterações que
levam a elevação da pressão arterial e de outras doenças cardiovasculares”,
fala o cardiologista.
O especialista lembra ainda que, além das alterações
hormonais, outro fator importante é o estresse ao qual elas são submetidas
todos os dias, com grandes jornadas de trabalho, excesso de responsabilidade e
de conciliação de papeis. “Porém, há uma vantagem neste quesito, pois as
mulheres costumam ir mais ao médico, o que pode favorecer a prevenção da
doença”, salienta.
Crianças e Adolescentes
A hipertensão não poupa essa faixa da população. Embora seja
muito menos frequente – 3 a 5% de prevalência – as crianças e adolescentes
também são acometidas, fazendo com que a atenção deva ser instituída já nas
avaliações dos pediatras.
Hipertensão arterial no mundo
Um em cada três adultos é afetado pela doença no mundo,
segundo relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde) publicado em 2023 e que
destacou os efeitos devastadores da pressão alta, chamado pela entidade de
“assassino silencioso”.
De acordo com o documento, quatro em cada cinco pessoas com
hipertensão arterial não recebem tratamento adequado e, se os países
conseguirem expandir estratégias que possibilitem o controle adequado da
pressão, 76 milhões de mortes poderão ser evitadas até 2050.
“A prevenção, a detecção precoce e o tratamento eficaz da hipertensão são algumas das intervenções mais econômicas na área da saúde e precisam ser priorizados na atenção primária, por programas governamentais, nas sociedades médicas e pela própria população”, conclui o Dr. Fernando Nobre
Fernando Nobre - cardiologista, Doutor em Medicina pela USP (Universidade de São Paulo), com área de concentração em Hipertensão Arterial. Ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão e do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de um dos autores do livro Hipertensão (junto com Celso Amodeo e Andréa Brandão), na sua 3ª. Edição. Foi criador e diretor, por mais de 20 anos, da Unidade de Hipertensão Arterial da Divisão de Cardiologia, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
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