Pandemia de Covid-19 aumentou número de pacientes que recorrem à fonoterapia após período de internação
A Covid-19 já infectou mais de 5,5 milhões de
brasileiros, resultando na morte de mais de 160 mil pessoas. Após meses de
pandemia, no entanto, diversas especialidades médicas passaram a olhar também
para outros problemas gerados pelo vírus. Entre eles estão questões
relacionadas à voz, em decorrência do processo de intubação muitas vezes
necessário durante o tratamento do novo Coronavírus.
De acordo com Bruna Rainho Rocha, fonoaudióloga do
Hospital Paulista, sete dias de intubação podem ser suficientes para gerar
complicações relacionadas à laringe. A rouquidão é um dos sintomas mais
frequentes após a intubação de um paciente, mas costuma ser temporária, com
duração de dois a três dias.
Entretanto, há situações mais graves, que também
podem gerar fraqueza na voz. “As pregas vocais ficam localizadas na laringe,
por onde passa o tubo orotraqueal para a intubação. A laringe é muito sensível
e pode ser comprometida por inúmeras causas, desde trauma, por uma intubação de
emergência ou de difícil exposição, até por um tempo longo de permanência da
cânula em contato com a mucosa da laringe”, explica a fonoaudióloga.
Para alguns pacientes que passaram semanas e até
meses intubados, é indicada a fonoterapia para a adequação da qualidade vocal.
Nestes casos, é importante recorrer inicialmente a um otorrinolaringologista,
que poderá realizar o diagnóstico do problema e, assim, o fonoaudiólogo pode
definir a melhor conduta para cada caso.
“O primeiro passo do paciente consiste em fazer uma
avaliação com um médico otorrinolaringologista para entender a causa destes
problemas, que podem ser gerados pelo tempo de intubação, por uma lesão nas
pregas vocais ou até mesmo por paralisia das pregas vocais”, completa Bruna.
Uso de máscaras
Outro problema relacionado à Covid-19 independe de
ser acometido ou não pelo vírus. Algumas pessoas têm apresentado fadiga vocal,
com prejuízos em suas falas, devido ao uso de máscaras – necessário desde o
início da pandemia.
“As máscaras de proteção contra doenças podem
atenuar o som da fala em até 12 decibéis, dependendo do tipo. Ou seja, parece
que estamos falando mais baixo do que realmente estamos e isso torna a
comunicação mais difícil – tanto para quem fala quanto para quem escuta. Para
contornar essa situação, muitas pessoas acabam aumentando a intensidade da
fala. Se não há preparo para isso, aumenta-se o risco de disfonias [problemas
de voz]”, explica a fonoaudióloga.
Alguns profissionais, no entanto, precisam utilizar
a máscara de proteção durante toda a sua jornada de trabalho. Nestes casos
específicos, Bruna recomenda algumas ações que podem diminuir os efeitos da
fadiga vocal:
- Falar
mais devagar
- Articular
bem as palavras (mexer mais a boca para falar)
- Evitar
falar em lugares barulhentos
- Aumentar
a hidratação (beber mais água ao longo do dia)
O Hospital Paulista oferece o serviço de
fonoterapia há três anos, voltado ao atendimento de casos de voz e de
motricidade orofacial, principalmente em adultos. Para quem não sabe, a
motricidade orofacial é a área da Fonoaudiologia responsável pelos cuidados com
órgãos, músculos e articulação necessários à respiração, sucção, deglutição,
mastigação, fala e mímica facial.
“Se uma pessoa é rouca, tem
cansaço para falar, fica com dor na região da garganta depois de falar, não
consegue aumentar o volume da voz ou sente que ela falha, pode procurar o
serviço do Hospital. Pessoas que roncam, têm apneia do sono, paralisia facial
ou alguma outra alteração de Motricidade Orofacial também podem verificar a
possibilidade da fonoterapia”, completa.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
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