Apesar das altas
chances de concepção, muitas mulheres ainda não conhecem os benefícios do
método
Com as mulheres tendo cada vez mais espaço no
mercado de trabalho e independência financeira, tanto no Brasil como no resto
do mundo, a casa dos 20 aos 30 anos não é mais focada na formação da família e
sim no crescimento profissional e individual. Segundo estudo do IBGE, entre
2008 e 2018 as mães entre os 30 e 44 anos aumentaram 36%.
Apesar da mudança necessária sobre tais
estereótipos, a gravidez ainda depende muito da qualidade e quantidade de
óvulos produzidos pelo corpo feminino, que naturalmente diminui com o passar do
tempo. Além disso, fatores como endometriose, menopausa precoce ou tratamentos
de quimioterapia, também afetam esta produção.
A prática da ovodoação é assunto pouco conhecido no
Brasil, mesmo sendo autorizada desde 1993 pelo Conselho Federal de Medicina. O
processo consiste em coletar gametas de uma doadora anônima, para que possam
passar por um processo de fertilização in vitro. Assim como na doação de sêmen,
a receptora pode escolher a doadora com base num questionário que engloba
características físicas e psicológicas. “A ovodoação, ou doação de óvulos, é
uma alternativa importante para muitas mulheres que passam por problemas de
infertilidade, independente da sua idade” comenta Dr. Fernando Prado,
especialista em reprodução humana e responsável pela Clínica Neo Vita.
Mesmo sendo um procedimento pouco difundido, sua
procura aumenta crescentemente. Segundo Doutor Prado, o número de pacientes que
buscam pelo tratamento já chega na casa dos 30% a 40%. “O grande apelo são as
altas chances de concepção, que variam entre 55% e 65%. Um casal tentando
engravidar naturalmente tem até 20%, para comparação,” exemplifica.
Apesar de parecer milagroso quando olhamos os
dados, a maior parte da ressalva com a ovodoação é emocional. Além dos
sentimentos de falha que acompanham a incapacidade de conceber, muitas mulheres
ficam incertas sobre ter um filho que não é geneticamente seu, mas o especialista
explica que é uma preocupação infundada. “Não importa qual a origem, seu
organismo e seu útero vão determinar a forma como os genes recebidos a partir
do óvulo doado serão expressos. Assim, a criança nascida será emocionalmente,
fisicamente e psicologicamente diferente da criança que nasceria se fosse
concebida no útero da doadora”, enfatiza.
De qualquer maneira, doutor Fernando acredita não
há nada de errado em buscar também tratamento psicológico durante a reprodução
assistida, já que é um processo difícil. Mas, tendo acompanhamento de
profissionais qualificados, ele afirma que não há o que temer. “Nestes anos
todos lidando com a infertilidade, ninguém que tenha tido filhos de óvulos
doados jamais se arrependeu,” conclui.
Fernando
Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana,
doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo,
diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.
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