Obesidade e diabetes também são
fatores de risco para desenvolver a síndrome da frouxidão palpebral
A
síndrome da frouxidão palpebral é caracterizada pela facilidade da pálpebra em
se virar para fora (eversão) de forma espontânea. Isso costuma acontecer
durante o sono e acaba deixando os olhos expostos durante a noite.
A eversão da pálpebra causa alteração no filme lacrimal e ressecamento ocular.
Como consequência, a pessoa desenvolve uma conjuntivite papilar crônica, cujos
principais sintomas são vermelhidão, irritação ocular crônica e secreção. Os
sintomas costumam piorar pela manhã e o olho afetado, geralmente, é aquele do
lado em que a pessoa costuma dormir.
Segundo Dra. Tatiana Nahas, oftalmologista especialista em pálpebras, Chefe do
Serviço de Plástica Ocular da Santa Casa de São Paulo, as
causas da frouxidão palpebral não são totalmente conhecidas.
“A síndrome foi descrita pela primeira vez em 1981. Entretanto, foi nos últimos
anos que os estudos se intensificaram, pois tornou-se um assunto de interesse
para entender melhor as doenças da superfície ocular, já que uma das principais
consequências da eversão da pálpebra é a irritação ocular crônica”.
Confusão no diagnóstico
O recente interesse pela síndrome se deve também aos estudos que apontaram que
a doença não é rara. Estima-se que na população adulta, a prevalência pode
variar de 3,8% a 15,8%. Porém, como o principal sintoma é a irritação ocular
crônica, pode passar despercebido na prática clínica.
“É comum pensar que se trata de uma conjuntivite alérgica ou uma simples
irritação ocular inespecífica. Um estudo apontou que o tempo médio para
diagnóstico, após a apresentação inicial da síndrome, foi de 17 meses”, comenta
Dra. Tatiana.
Mais comum em obesos
“A síndrome da frouxidão palpebral pode afetar pessoas de todas as idades. Mas,
é mais comum em homens e mulheres de meia idade. Entre os principais fatores de
risco, observa-se que os pacientes costumam ser obesos e apresentam algumas
doenças como apneia obstrutiva do sono, hipertensão arterial, diabetes, doença
cardíaca isquêmica, patologias da pele e do colágeno, anormalidades da córnea,
das pálpebras e glaucoma”, cita Dra. Tatiana.
Pare de coçar os olhos
Alguns estudos apontaram que deitar-se sobre a pálpebra e coçar os olhos são
fatores mecânicos que predispõem ao desenvolvimento da síndrome. Portanto, o
conselho dos médicos é evitar esses dois hábitos.
Falta de tratamento pode afetar a córnea
Umas das consequências de falta de diagnóstico e tratamento da síndrome da
frouxidão palpebral são as anormalidades da córnea. Estudos mostraram uma
prevalência de 71% de problemas na córnea de pacientes com a síndrome, sendo a
ceratite (inflamação da córnea) e o ceratocone as principais doenças
associadas.
Fator de risco para glaucoma?
As últimas evidências sugerem que a síndrome da frouxidão palpebral pode ser um
fator de risco para o desenvolvimento de glaucoma. “Porém, apenas em pacientes
com apneia obstrutiva do sono. Assim, o diagnóstico da síndrome pode apontar a
necessidade de triagem desse paciente para o glaucoma”, explica Dra. Tatiana.
Cirurgia é o tratamento mais indicado
A solução para a flacidez da pálpebra é o encurtamento cirúrgico palpebral,
geralmente associado à blefaroplastia. “É uma cirurgia que necessita de extremo
conhecimento e experiência do médico. Por isso, o oftalmologista especialista
em plástica ocular é o profissional mais indicado, uma vez que conhece toda a
anatomia e o funcionamento das estruturas do olho”, ressalta Dra. Tatiana.
Em alguns casos, mesmo com a cirurgia, pode haver recorrência do problema. Por
isso, além do procedimento cirúrgico, o tratamento envolve a perda de peso, o
controle das doenças sistêmicas envolvidas, como a apneia obstrutiva do sono,
hipertensão etc. A proteção ocular durante a noite e o uso de lubrificantes
oculares também são necessários.
“Após o diagnóstico, o paciente com a síndrome da frouxidão palpebral precisa
fazer acompanhamento com um oftalmologista para o controle da doença, bem como
para avaliar a presença das outras condições associadas, como o ceratocone, por
exemplo”, conclui a especialista.
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