A vida como ela é, dia após dia, vivida e vivenciada em suas peculiaridades instáveis e imprevisíveis em tempos de pandemia, faz com que os cidadãos de um modo geral repensem suas rotinas, seus estilos, suas relações e, principalmente, seu futuro, nunca tão desafiado e incerto como hoje. Nesse turbilhão de acontecimentos, enquanto esse futuro não chega para nos salvar, precisamos sobreviver e nos manter em plena atividade para ganhar o pão, o álcool em gel e o nosso sabão de cada dia.
Realidade alterada, a base capitalista da sociedade
permanece imutavelmente presente pela necessidade de produção e promoção de
lucro, tendo no trabalhador propriamente dito sua força motriz, em harmonia de
dependência na prestação de serviços e na remuneração compensatória, onde
qualquer desbalanço gera a quebra do negócio e, consequentemente, a perda do
emprego ou da prestação de serviços.
Com o desequilíbrio sendo provocado por uma causa
maior que atinge o valor supremo da existência humana, a vida, o fiel da
balança passa a ser um elemento fundamental que ganha status de instrumento
corporativo elevado a princípio institucional, capaz de garantir a perpetuidade
do empreendimento. O que antes era cumprido por foça de lei, hoje passa a ser
cumprido por condição de existência. Ambos, empregador e empregado, incorporam
de forma imperiosa em suas obrigações contratuais e sociais a assepsia no
ambiente de trabalho.
Portanto, a eliminação ou neutralização do risco de
contágio passa a ser a principal esperança para a manutenção das relações
sociais, comerciais e trabalhistas, sem a qual se perde negócio, se perde
trabalhador, se perde consumidor. Um ambiente seguro de trabalho deixa a mera
imposição da letra fria da lei constitucional e infraconstitucional para, na
prática do dia a dia, ganhar ares de protagonista, chamariz em mídia e alavanca
de produção, em verdadeiro fio condutor do negativo para o positivo, da
falência para o próspero, da miséria para o sustento do trabalhador e seus
dependentes de uma forma geral.
É desta forma que a vida em sociedade dará
sequência a sua realidade adaptada, impondo cuidado com a segurança e medicina
do trabalho antes mesmo do negócio, como pauta impreterível em reuniões de
operação, de marketing ou de recursos humanos; para assim retomarmos a
autonomia no controle das nossas ações, assegurando certa previsibilidade para
atingirmos o futuro mais rapidamente salvando o negócio e o emprego. Afinal,
com saúde nos manteremos vivos e com trabalho seremos dignificados.
Decio Sebastião Daidone Jr. - advogado trabalhista, professor universitário, mestre em Direito do Trabalho e Processo do trabalho pela PUC/SP, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados e membro do Comitê Jurídico Trabalhista da ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional)
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