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terça-feira, 3 de novembro de 2020

A assepsia como esperança na manutenção do negócio e do emprego

A vida como ela é, dia após dia, vivida e vivenciada em suas peculiaridades instáveis e imprevisíveis em tempos de pandemia, faz com que os cidadãos de um modo geral repensem suas rotinas, seus estilos, suas relações e, principalmente, seu futuro, nunca tão desafiado e incerto como hoje. Nesse turbilhão de acontecimentos, enquanto esse futuro não chega para nos salvar, precisamos sobreviver e nos manter em plena atividade para ganhar o pão, o álcool em gel e o nosso sabão de cada dia.

Realidade alterada, a base capitalista da sociedade permanece imutavelmente presente pela necessidade de produção e promoção de lucro, tendo no trabalhador propriamente dito sua força motriz, em harmonia de dependência na prestação de serviços e na remuneração compensatória, onde qualquer desbalanço gera a quebra do negócio e, consequentemente, a perda do emprego ou da prestação de serviços.

Com o desequilíbrio sendo provocado por uma causa maior que atinge o valor supremo da existência humana, a vida, o fiel da balança passa a ser um elemento fundamental que ganha status de instrumento corporativo elevado a princípio institucional, capaz de garantir a perpetuidade do empreendimento. O que antes era cumprido por foça de lei, hoje passa a ser cumprido por condição de existência. Ambos, empregador e empregado, incorporam de forma imperiosa em suas obrigações contratuais e sociais a assepsia no ambiente de trabalho.

Portanto, a eliminação ou neutralização do risco de contágio passa a ser a principal esperança para a manutenção das relações sociais, comerciais e trabalhistas, sem a qual se perde negócio, se perde trabalhador, se perde consumidor. Um ambiente seguro de trabalho deixa a mera imposição da letra fria da lei constitucional e infraconstitucional para, na prática do dia a dia, ganhar ares de protagonista, chamariz em mídia e alavanca de produção, em verdadeiro fio condutor do negativo para o positivo, da falência para o próspero, da miséria para o sustento do trabalhador e seus dependentes de uma forma geral.

É desta forma que a vida em sociedade dará sequência a sua realidade adaptada, impondo cuidado com a segurança e medicina do trabalho antes mesmo do negócio, como pauta impreterível em reuniões de operação, de marketing ou de recursos humanos; para assim retomarmos a autonomia no controle das nossas ações, assegurando certa previsibilidade para atingirmos o futuro mais rapidamente salvando o negócio e o emprego. Afinal, com saúde nos manteremos vivos e com trabalho seremos dignificados.

 


Decio Sebastião Daidone Jr. - advogado trabalhista, professor universitário, mestre em Direito do Trabalho e Processo do trabalho pela PUC/SP, sócio do Barcellos Tucunduva Advogados e membro do Comitê Jurídico Trabalhista da ABIPLA (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional)

 

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