A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) divulga nessa sexta-feira (25) documento no qual indica as condições mínimas a serem cumpridas para garantir um retorno seguro às aulas por crianças e adolescentes. O foco recai sobre a proteção da saúde física e mental dos alunos da rede pública e privada de ensino, seus familiares, professores e demais profissionais envolvidos.
Entre as
medidas recomendadas pela entidade estão a adoção de um modelo híbrido,
combinando aulas presenciais e remotas, de forma a garantir o direito de acesso
ao ensino à distância para alunos de grupos de maior risco, assim como às
famílias que, por insegurança, optarem por manter as crianças em casa. Mesma
prerrogativa deve ser oferecida a professores e funcionários das escolas. Para
aulas presenciais, a SBP defende o uso obrigatório de máscaras por crianças em
idade apropriada, a divisão dos alunos em turmas menores, o distanciamento
social, a proibição de aglomerações e a restrição da entrada de familiares na
escola.
“Os
prejuízos causados pelo fechamento das escolas para as crianças são
inequívocos, especialmente quando se prolonga por muito tempo, como atualmente
ocorre na maior parte do Brasil”, afirma a Luciana Rodrigues Silva, presidente
da SBP. “Entretanto, é importante também reconhecer que ainda temos lacunas no
conhecimento da dinâmica de transmissão do SARS-CoV-2, o que limita a
capacidade de anteciparmos com precisão os riscos associados à reabertura das
escolas”, pondera.
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A SBP também
aponta que devem ser mantidas as medidas básicas de prevenção à Covid-19, como
a higienização frequente das mãos e superfícies; o uso de garrafas de água
próprias pelos alunos; a adoção de maior espaçamento entre os estudantes em
sala de aula (com um a dois metros de distância entre as cadeiras) e a
preferência por atividades ao ar livre ou em ambientes arejados e ventilados
dentro da unidade escolar.
PLANEJAMENTO – A entidade recomenda
que as escolas estejam preparadas para fazer uma triagem de sinais e sintomas
indicativos da doença (como febre, tosse e outras manifestações respiratórias e
gastrointestinais), com a orientação de familiares para que a escola seja
comunicada com rapidez; assim como que sejam reservados espaços para acolher
alunos que manifestarem sintomas durante o período de aulas.
Para a
entidade, ainda, devem ser disponibilizados testes diagnósticos virológicos
para as crianças sintomáticas nas unidades de saúde locais. “Temos clareza de
que a presença desse conjunto de critérios não deixa dúvida de que o retorno às
aulas para crianças e adolescentes configura uma operação delicada que envolve
planejamento com ênfase em questões de infraestrutura das escolas, da
disponibilidade de materiais e de capacitação e proteção dos recursos humanos
dos estabelecimentos de ensino, que precisam estar preparados para responder
aos novos desafios”, comenta Luciana Silva.
Os pediatras
alertam que a decisão pela retomada da rotina escolar deve considerar o
panorama epidemiológico de cada cidade, a garantia de medidas de prevenção
pelas escolas e a infraestrutura da rede de saúde local. Nesse panorama, a SBP
preconiza que o retorno às aulas
deve ser
definido após uma análise individualizada da realidade de cada município, com a
participação de técnicos das áreas de saúde e educação, atuando de forma
integrada.
Para
facilitar o processo, a entidade sugere a criação de comitês para avaliar as
escolas durante visitas em que seriam conferidos pontos como, número de
banheiros, disponibilidades de pias, capacidade física das salas de aula, e a
adoção de protocolos de higiene baseados em consensos rigorosos para
funcionários, professores e alunos.
SINTOMAS
LEVES – Na
avaliação da presidente da SBP, a falta de elementos científicos consistentes
sobre a transmissão do vírus entre o público infantil impede a construção de
recomendações “livres de incertezas” e exigem que diálogo, envolvendo gestores,
médicos, técnicos, professores e famílias, e monitoramento contínuo de uma
eventual retomada das aulas ocorram como medidas essenciais para proteger a
vida de crianças e adolescentes.
Segundo a
entidade, dados colhidos em diferentes países revelam que crianças e
adolescentes apresentam quadros em sua maioria leves e ou assintomáticos da
Covid-19, “a despeito da eventual e rara ocorrência de casos graves, como os
descritos em crianças que apresentaram a síndrome inflamatória multissistêmica”.
Nos Estados Unidos, diz o documento, de acordo com os dados do Centro de
Controle de Doenças (CDC), agência local que acompanha a vigilância, as mortes
em crianças e adolescentes de 0 a 21 anos representam aproximadamente 0,1% do
total de mortes associadas à pandemia.
No Brasil,
segundo a SBP, “fenômeno similar é observado, com o grupo etário de 0 a 19
anos, representando aproximadamente 0,7% do total de mortes associadas à
doença, apesar deste segmento etário constituir mais de 25% da população destes
dois países. As hospitalizações de crianças e adolescentes também ocorrem em
número substancialmente mais baixo do que entre os adultos, representando em
geral, aproximadamente 2% a 3% do total de admissões hospitalares atribuído à
Covid-19 nos diversos países”.
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