Médicos avaliam
que a falta de exercício físico regular contribui para um aumento de peso que
pode levar a complicações de doenças
O isolamento social mudou os hábitos da população ao redor do mundo. As
rotinas não são mais as mesmas e o sedentarismo tomou conta da maioria das
casas durante o período de pandemia. Agora, a preocupação de médicos e
nutricionistas é que a humanidade enfrente outra pandemia: a da obesidade.
Segundo a endocrinologista do Hospital Brasília Jamilly Drago, a
obesidade é uma doença crônica evolutiva, “, ou seja, quando não tratada, pode estimular outras doenças graves como a
hipertensão arterial e o Diabetes Mellitus. Além disso, é um fator agravante
para uma infecção mais severa de coronavírus.
A endocrinologista conta que, no começo da quarentena, já havia uma
preocupação com o aumento do peso da população, pois o confinamento proporciona
aumento de peso. Entretanto, de acordo com Drago, a alimentação inadequada não
foi sozinha a causadora do excesso de peso. A falta de atividade física também
ajudou nesse acréscimo.
“Eu não imaginei que em pouco tempo meus pacientes pudessem ter
adquirido tanto excesso de peso. No consultório, 6 em cada 10 pessoas relataram
aumento de 4 a 12 kg em média. Raros foram os que perderam ou mantiveram seu
peso nesses últimos meses”, destaca.
De acordo com dados mais recentes do Ministério da Saúde, em março de
2020, cerca de 55% da população brasileira estava com excesso de peso e 19,8%
estava obesa. Para a endocrinologista, após seis meses de isolamento, esse
número pode ter aumentado.
Obesidade e coronavírus
Um estudo feito pela Universidade da Carolina do Norte em parceria com o Banco
Mundial, divulgado em agosto, revelou que vacinas contra a gripe são menos
eficazes em pessoas obesas. O relatório ainda aponta a possibilidade de vacinas
contra a Covid-19 terem o mesmo efeito reduzido.
A proposta não afirma que uma vacina será ineficaz em populações obesas,
mas este deve ser um fator a se considerar como um modificador de dados.
Mesmo que uma pessoa obesa contraia uma versão mais leve de coronavírus,
a condição promove alterações no metabolismo, como resistência à insulina e
inflamação. Isso pode provocar uma resposta deficiente à infecção por Covid-19.
Para a doutora Drago, o problema não está apenas na dificuldade de se
alimentar bem, mas no reinício de alguma atividade física, seja ao ar livre ou
home fitness. “Encontro resistência no começo do ‘novo normal’. Isso pode
prejudicar a saúde, piorar as doenças crônicas de base e, em especial, a saúde
do coração”, avalia.
Atividade física em casa
Nos últimos meses, a Organização Mundial da Saúde levantou hashtags a
fim de estimular as atividades físicas em casa. Nas redes sociais, as
#HealthyAtHome (#SaudávelEmCasa) vêm acompanhadas de exercícios simples,
variedades de atividades e movimentos diferenciados por idade.
“Com a pandemia do novo coronavírus, a rotina mudou de forma expressiva,
incluindo redução de atividade física e piora do hábito alimentar. Além disso,
o isolamento social associado ao sedentarismo acarreta alteração do humor,
interferindo na saúde mental das pessoas”, afirma Rafael Leal, Nutrólogo no
Hospital Brasília.
De acordo com o médico, a ansiedade e o medo do desconhecido estimulam a
falta de hábitos saudáveis. “Porém, no momento devemos nos adequar à nova
realidade. Praticar atividade física regular, seja em casa ou em locais
apropriados, e ter uma alimentação balanceada são os pilares para manter o
corpo saudável e minimizar a chance de doenças crônicas, além da evolução
desfavorável da infecção por Covid-19”, finaliza.
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