A pandemia aumentou a procura do brasileiro por seguros que tragam alguma segurança financeira para casos de doenças, invalidez, desemprego ou para proteger a família em caso de morte. Mas o que deveria ser a solução para muitos problemas pode se tornar uma grande dor de cabeça, caso o plano ou a seguradora não seja escolhido com cautela. “São diversos os tipos de seguro e de seguradoras, se a pessoa não verificar bem o que está sendo contratado, pode pagar por muito tempo e, quando mais precisar, não receber nenhum centavo”, alerta o gestor de riscos financeiros, Yuri Utida.
O
especialista explica que é preciso tomar cuidado com consultores que só estão
focados em cumprir metas e pesquisar muito para fugir das chamadas seguradoras
piratas. “Uma pessoa leiga no assunto pode ser influenciada a fechar contratos que,
no fim, vão apenas retirar o seu dinheiro e nunca o devolver”.
Utida
cita o exemplo de uma família que ficou sem receber o seguro por um descuido na
hora de fechar o negócio. “A pessoa tinha uma doença pré-existente que a
deixou inválida. Porém, na hora de fechar o contrato com a seguradora, isto não
foi questionado e, um ano depois, após a morte do segurado, a família tentou
receber a indenização, mas foi negada sob o apontamento de que a doença não
havia sido informada”.
As
seguradoras são protegidas pela lei em casos como estes. Os artigos 768 e 769
do Código Civil preveem que o segurado perde o direito à garantia caso sofra
algum agravamento decorrente de doença que não foi anteriormente comunicada.
Para evitar prejuízos, é preciso pesquisar e conhecer as opções que o mercado
oferece, até encontrar a que melhor se encaixe nas necessidades de cada um.
Além disso, o cliente deve ser totalmente transparente quanto aos seus dados e
informações, para evitar surpresas no futuro.
Sem proteção
Uma
modalidade que costuma causar problemas é a empresarial, mantida com a ideia de
fornecer segurança aos funcionários, mas no fim pode não apresentar proteção
nenhuma. “Muitas empresas não permitem o acesso às apólices, então o trabalhador
sequer sabe sobre o que ele realmente está segurado”,
afirma o especialista.
O
gestor de riscos financeiros diz que estes seguros muitas vezes cobrem doenças
e casos de invalidez, mas quando a pessoa desenvolve lesões ou doenças
ocupacionais (a que é gerada devido às condições de trabalho), ela não está
assegurada. “Empresas precisam ofertar um seguro para cumprir a
lei e nem sempre oferecem a melhor cobertura ou a mais adequada”,
explica.
Até
mesmo nos casos de afastamento por invalidez, os seguros empresariais não
fornecem retornos tão bons quanto aparentam. “Ver que você vai receber 20
vezes o seu salário impressiona, de início, mas a verdade é que se você está
incapacitado, doente, sem conseguir trabalhar em definitivo, este valor vai te
proteger por cerca de um ano e meio, após isso não se tem mais nada”,
alerta Utida.
Orientações
Para
evitar aborrecimentos e descobrir a forma de proteção do seguro empresarial, o
especialista aconselha o funcionário a pedir a apólice para descobrir as
proteções e as garantias. “É importante verificar a forma de correção do
seguro, qual o capital que será recebido e a quem é preciso recorrer caso seja
necessário acioná-lo. Mas o melhor é não ficar dependente de seguros empresariais,
e buscar um individual. Ele tem que ser vitalício, com taxas congeladas e de
contrato unilateral, de forma que somente o cliente possa cancelá-lo e o
benefício não possa ser negado”, informa.
Consultar
a reputação da seguradora também é um passo importante, afirma Yuri. “Pesquise
sobre a empresa em que você está fazendo o seguro, confira a reputação dela no
Reclame Aqui (site brasileiro de reclamações contra empresas sobre atendimento,
compra, venda, produtos e serviços) e cheque se a companhia tem registro na
Superintendência de Seguros Privados (Susep). Seguradoras que, por mais que
tenham muitas reclamações, tenham também alta taxa de respostas e de soluções
demonstram preocupação em prestar um bom serviço e não deixar o cliente
desamparado”.
Utida
recorda que, caso a pessoa não se sinta segura para escolher uma opção sozinha,
há profissionais qualificados e imparciais que podem ajudar. “Eles vão
compreender a sua situação financeira, os seus riscos, e então te fornecerão os
seguros que melhor se encaixem na sua realidade”, conclui.
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