Ao longo dos últimos anos, as mulheres têm assumido seu protagonismo no mundo corporativo, quebrando pré-conceitos e rótulos sobre suas competências profissionais. Mas as conquistas não anulam o quanto ainda é necessário evoluir a discussão sobre o assunto dentro das empresas. Isso porque a representatividade feminina é um assunto corporativo, como todas as demais questões sociais, e é fundamental assumir um papel ativo ao enfrentar esses temas, se as empresas quiserem pessoas e resultados melhores.
Uma pesquisa do Instituto Insper
indicou, em 2019, apenas 13% das empresas brasileiras têm CEO’s mulheres e, em
posições de diretoria, somente 26%. Os números revelam que ainda são minoria em representatividade
na gestão das empresas,
mesmo com pesquisas que apontam para a relação entre diversidade de gênero em
cargos de liderança e maior rentabilidade. O feminismo corporativo precisa discutir, em especial, as relações profissionais sob os aspectos de respeito e igualdade, que são desafios da liderança de
equipes.
Um bom líder tem características que
podem e devem ser desenvolvidas no processo de liderança. É preciso saber orientar, motivar, gerir
conflitos, manter a equipe sob um mesmo propósito e, sem dúvida, saber ouvir. É seu papel estar atento a possíveis
conflitos entre as pessoas de sua equipe, tratá-los de forma adequada e não
jogar os problemas para debaixo do tapete. Exatamente por este motivo as discussões sobre o feminismo
corporativo são tão importantes para o desenvolvimento das pessoas .
Os exemplos de comportamentos
prejudiciais à convivência positiva são inúmeros, a começar pelos rótulos e
estereótipos que as mulheres carregam pela vida inteira, e que também são transportados para a
vida profissional. Já no
momento da contratação de um profissional existe diferença de tratamento. Muitas vezes quando um homem é
contratado, os comentários são sobre sua competência profissional, quando é uma
mulher comenta-se sobre beleza física.
Durante toda a jornada profissional
os rótulos ainda as perseguem, pois são constantemente requisitadas a provar
sua capacidade intelectual para realizar o trabalho e conquistar altos cargos e
é responsabilidade dos líderes quebrar esse ciclo, que promove ambientes nos quais esforços e
oportunidades são desiguais. É preciso também dar um basta definitivo nos
assédios que ocorrem dentro das empresas, principalmente os psicológicos (mobbing), promovendo
diálogos mais aberto sobre o que é e como ocorre, poque suas vítimas mais comuns são mulheres, que
sofrem violência emocional em condutas abusivas e de medo extremo.
Sabe aquele chefe que todo mundo
obedece por medo? Ou aquele colega de trabalho que insiste em fazer
brincadeiras sobre o tipo físico de alguém? Ou ainda aquele que faz comentários
machistas avassaladores que trazem insegurança? Pois é, isso ainda acontece e
não deveria.
Outro tipo de comportamento comum é a
interrupção masculina frente à uma fala feminina, meramente pela distinção de
gênero em reuniões de equipe, com clientes e
possíveis parceiros. Além de ser extremamente deselegante, essa ação traz
insegurança e afeta o resultado de projetos. Cabe à liderança ouvir toda a equipe e promover melhor
integração, mais respeito e liberdade para propor novas ideias e produtos. Por fim, existe ainda o mansplannig, que é a mania desagradável
de alguns homens de explicar para as mulheres o que já sabem, sem ser
solicitado, de forma a promover sua suposta superioridade. Esses são alguns exemplos do que uma
liderança não pode admitir, sob qualquer hipótese, em sua equipe. E por passar ou já ter passado por
experiências semelhantes é que líderes mulheres em um ambiente plural tendem a
ter melhores resultados organizacionais.
A sensibilidade para liderar é um pré-requisito para qualquer líder,
afinal bons resultados, em geral, são consequência de relações construídas com
base em respeito e igualdade e
para que exista uma sociedade mais justa é preciso uma mudança da cultura
empresarial. A liderança deve dar voz e representatividade para todas e todos,
independentemente de seu gênero, idade, cor de pele e condição social ou
econômica, e os ambientes
de trabalho devem ser espaços acessíveis para o desenvolvimento pessoal e
profissional.
Nós, mulheres, já ocupamos hoje, com
representatividade, igualdade e respeito funções e desafios importantes graças
a nossa competência e dedicação. A tendência é que nossa participação
corporativa cresça e nos leve cada vez mais longe nos próximos anos.
Elaisa Bagatelli - diretora da Área
de Gestão e Qualidade na Fass
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