Relatório anual de meios de pagamento mostra que há vasto espaço para crescer no Brasil: atualmente, 21% dos brasileiros declara ter usado os chamados pagamentos móveis pelo menos uma vez por mês, percentual que era de 8% no ano passado
Os brasileiros
estão cada vez mais próximos do ambiente digital. Com a pandemia, ficou ainda
mais fácil ver a importância que a internet tem na vida de todos –seja para
entretenimento, fazer compras ou trabalhar, o fato é que seu uso ganhou
proporções ainda maiores com o isolamento social. Mas, mesmo antes desse
período tão intenso, o ambiente digital já era visto com cada vez mais adesão
pelos brasileiros para uma atividade de suma importância: a de realizar
pagamentos.
De acordo
com a Minsait Payments, a filial de meios de pagamento da Minsait (uma empresa
Indra), os brasileiros triplicaram o uso de pagamentos via dispositivos móveis
em um ano: em 2018, apenas 8% dos consumidores declararam ter usado esse meio
de pagamento no último mês, porcentual que subiu para 21% em 2019, superando
até mesmo países como o Reino Unido.
As
conclusões fazem parte do IX Relatório de Tendências de Meios de Pagamento (faça
o download aqui) da companhia, apresentado hoje em um webinar. O material
apresenta anualmente informações sobre a evolução dos meios de pagamento em 11
países da Europa e da América Latina e, para isso, usa dados de mais de 4 mil
cidadãos e entrevistas de 45 executivos do setor de meios de pagamento dessas
regiões.
Ainda de
acordo com o relatório, quando divididos por categorias (Pagamento NFC, QR code
dinâmico, QR code estático e Pagamento in-app), é possível ver que os
brasileiros têm grande familiaridade com o in-APP – usado por exemplo em
aplicativos de transporte e de comida –, indicado por 44% dos entrevistados.
Também são bastante relevantes os pagamentos com QR Code, em detrimento dos NFC
(comportamento totalmente inverso ao da Europa e mais especificamente, do Reino
Unido).
Considerando
o cenário brasileiro na evolução dos meios de pagamento, Ricardo Granados, head
da Minsait Payments no Brasil, aponta que a situação no país é desafiadora. “Os
números são excelentes, mas para ter sucesso nesse setor é necessário lembrar
que há uma barreira muito grande a ser superada no país: a desconfiança ou
irrelevância do recurso para boa parte da população. Além disso, muitos dos
entrevistados relataram que a falta de aceitação desse meio de pagamento por
estabelecimentos comerciais também é uma barreira para seu uso frequente. São
fatores que, sem dúvida, vão exigir atenção especial dos empresários
especialmente no contexto pós-COVID”, explica.
Mas, o
setor está longe de sofrer com a falta de interesse de empresas em explorá-lo.
De acordo com o relatório, há uma infinidade de players concorrendo para
dominá-lo, sendo a concorrência mais acirrada entre os fabricantes de
dispositivos (respondem por 29% desse mercado), os bancos (27%) e os meios de
pagamento como MercadoPago (27%).
“O Brasil
tem um grau de evolução de meios de pagamento maior do que o restante da
América Latina. Isso pode ser observado quando analisamos, por exemplo, que o
cartão de crédito ou débito já é considerado o principal meio de pagamento
utilizado por metade dos brasileiros bancarizados, ocupando o lugar do dinheiro
físico. As transferências também estão crescendo de forma significativa e devem
permanecer assim, especialmente após a aprovação de novas iniciativas como o
PIX”, reforça o executivo.
Cartões de
crédito já são mais populares do que o dinheiro
Em números,
o relatório mostra que o uso de cartões de crédito pela população bancarizada
no Brasil aumentou significativamente de 2018 para 2019: antes, 47% desse
público apontava este como principal meio de pagamento, porcentual que subiu
para 52% – ficando acima até mesmo do índice registrado pela América Latina, de
49%. Enquanto isso, o dinheiro físico apresentou queda significativa no mesmo
período: em 2018, 40% das pessoas apontavam-no como principal meio de
pagamento, porcentual que caiu para 25% no ano seguinte (inferir ao registrado
na América Latina em geral, de 31%).
Isso pode
estar relacionado com a oferta crescente de novas instituições financeiras no
país. Ainda de acordo com o relatório, o Brasil é o país que cresceu de forma
mais significativa em termos de multibancarização (em 2018, 47% das pessoas
operavam com mais de um banco, percentual que subiu para 62% em 2019). Ou seja,
cada vez mais, os brasileiros são menos “fiéis” a uma instituição financeira
só.
Para a
companhia, isso favorece a entrada de novos players, como grandes empresas de
tecnologias e neobancos, como o Nubank. Além disso, os números mostram uma
reação positiva também das instituições ditas ‘tradicionais’, que concordam em
cooperar com essas novas empresas de tecnologia em vez de competir com elas –
um ponto de vista corroborado por metade dos executivos entrevistados.
“No
contexto atual, empresas e instituições governamentais têm a oportunidade de orientar
os brasileiros em suas transações e reforçar o papel positivo que os pagamentos
eletrônicos podem oferecer, principalmente após a pandemia. Para isso, a
comunicação efetiva aos consumidores e a orientação aos lojistas podem ser
ações-chave para diversificar ainda mais a indústria de meios de pagamento no
país, sem correr o risco de banalizar o uso do cartão de crédito”, finaliza
Granados.
Minsait
Indra
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