No setembro amarelo,
algumas ações de cuidado podem ser reforçadas
Os desafios impostos pela pandemia de Covid-19
e pelo isolamento social contribuem para o aumento das doenças mentais, a
exemplo da depressão e transtornos de ansiedade. A necessidade de se adaptar ao
home office e rotina intensa de trabalho neste momento, com inúmeros
compromissos virtuais e em muitos casos aumento do serviço doméstico, também
tem elevado os níveis de estresse e ansiedade.
Embora não haja estudos aprofundados sobre
isso, uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria, realizada em
maio deste ano, revelou que 89,2% dos especialistas entrevistados destacaram o
agravamento de quadros psiquiátricos em seus pacientes, devido aos efeitos do
novo Coronavírus na sociedade.
O momento de maior vulnerabilidade demanda
atenção redobrada para a campanha Setembro Amarelo, criada pelo Conselho
Federal de Medicina (CFM), pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e
pelo Centro de Valorização da Vida (CVV). O objetivo é promover a informação
sobre saúde mental e a prevenção do suicídio.
Todos os anos, cerca de 11 mil brasileiros
tiram a própria vida. No mundo, o número de suicídios, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), é de 800 mil por ano. Estima-se que cada morte por
suicídio afete intimamente a vida de cerca de 60 pessoas, entre familiares,
amigos e colegas.
De acordo com a psicóloga Paula Diniz
Vicentini, da clínica Personal da Central Nacional Unimed, "o medo da
Covid-19, os conflitos familiares decorrentes do isolamento e até a crise
econômica provocada pela pandemia têm aumentado o índice de problemas
emocionais e transtornos psiquiátricos". Por isso, cuidar das próprias
emoções e oferecer apoio às pessoas mais próximas são medidas que podem ajudar
a prevenir as doenças mentais e o suicídio.
Ajuda profissional
"Existem alguns possíveis sinais de
comportamento suicida. É preciso prestar atenção, oferecer uma escuta ativa,
amparar e indicar acompanhamento profissional", explica Paula. Mesmo no
isolamento social é possível escutar e oferecer apoio. A internet e o telefone
permitem a escuta ativa, mesmo à distância.
O acompanhamento psiquiátrico e psicológico
ajuda a desenvolver habilidade emocional para administrar adversidades da vida.
"Se há perigo imediato, a orientação do Ministério da Saúde é não deixar a
pessoa que pensa em suicídio sozinha. Você pode procurar ajuda de profissionais
de serviços de saúde, de emergência ou entrar em contato com alguém de
confiança, indicado pela própria pessoa".
Existem ainda os serviços oferecidos pelo CVV,
disponível em www.cvv.org.br, que trabalha para promover o bem-estar das pessoas e
prevenir o suicídio, em total sigilo, 24h por dia.
Sinais de alerta
• Falar muito sobre a própria morte e demonstrar
desesperança em relação ao futuro.
• Usar expressões que manifestam intenções
suicidas: "vou desaparecer", "vou deixar vocês em paz",
"eu queria poder dormir e nunca mais acordar", "é inútil tentar
fazer algo para mudar, eu só quero me matar", "vocês vão ficar melhor
sem mim", não aguento mais".
• Reduzir as interações: não atender a
telefonemas, não responder mensagens ou ser evasivo.
• Apresentar grandes mudanças de humor (estar
eufórico em um dia e profundamente desencorajado em outro).
• Ter atitudes arriscadas, como dirigir de
forma imprudente ou entrar em brigas.
• Começar a se despedir de amigos e familiares
como se não fosse vê-los novamente.
Central Nacional Unimed
Fonte: Ministério da Saúde
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