Quer
dizer, senhores ministros, senhores congressistas, senhores da imprensa, que
democrático, no seu ponto de vista, é o mal nascido e mal criado
"Inquérito do fim do mundo", ilimitado nos objetivos e raivoso na
condução, sem limites, sem borda e sem tampa?
Quer dizer
que democrático é o explosivo coquetel ideológico dos grupos Antifa, só porque
proclamam, contra os fatos e a história, ser "pela democracia",
apesar de justificarem a violência que habitualmente praticam?
Quer dizer
que democrático é o senador Davi Alcolumbre, com conivência da Casa que
preside, sentar-se sobre os insistentes pedidos de impeachment contra ministros
do STF? Será por democrática simetria que um terço dos senadores é investigado
ou responde ação penal no STF em processos que se arrastam a passos de jabuti,
enquanto o inquérito das fake news, que interessa particularmente ao STF, anda
a galope?
Quer dizer
que usar a mão pesada do Judiciário para inibir as manifestações populares de
desagrado com a conduta belicosa do STF é conduta democrática?
Quer dizer
que o ministro Celso de Mello se credencia como magistrado guardião da
democracia e do equilíbrio quando compara o Brasil à Alemanha de Hitler e
afirma que bolsonaristas "odeiam a
democracia" e pretendem instaurar uma "desprezível e abjeta ditadura"?
Quer dizer que democrático é o silêncio das ruas bloqueadas para evitar
manifestações populares diante de um Congresso
Nacional omisso, surdo aos legítimos anseios expressos nas urnas de 2018?
Quer dizer
que é antidemocrático apontar a chantagem com que parlamentares de má fama
constrangem o governo?
Quer dizer
que é antidemocrática a inconformidade popular com o fato de o Congresso, em um
ano e meio, não haver votado a PEC que permite a prisão após a condenação em
segunda instância? Será, então, democrático desatender a esse clamor pelo fim
da impunidade determinada por uma preceito que só agrada bandidos e seus
advogados?
Será
democrático o STF quando, em eloquentes votos, rejeita o ideário conservador e
liberal que venceu a eleição presidencial?
Será
democrático o STF preservar a mentalidade política e as posições ideológicas
próprias da era Lula, quando a maioria da nação já lhe disse não nas urnas?
Serão
democráticos, por fim, o doce e dolente sossego dos poderosos, o monótono
papaguear da grande imprensa, embalados pelo silêncio da sociedade? Mas não é
esse desejado silêncio a própria voz das ditaduras?
Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Nenhum comentário:
Postar um comentário