Freelas, jobs, bicos, empregos temporários. Tudo
isso não é apenas consequência de um período de recessão econômica, mas uma
realidade para a qual todos devemos estar preparados. Sucessivas mudanças de
comportamento e cultura culminaram no fim da era do emprego e início da era do
trabalho, com cargos flexíveis e igualmente instáveis. Mas, afinal, o que isso
significa?
O economista britânico Guy Standing, Ph.D pela
Universidade de Cambrigde estuda há anos as mudanças no mercado de trabalho
provocadas pela globalização e pela revolução tecnológica. Em 2011, ele
publicou um livro falando sobre o “precariado”, combinação entre as palavras
“proletariado” e “precário”. Segundo ele, esse grupo de pessoas passa a vida
sobrevivendo entre trabalhos temporários que agregam pouco valor, sensação de
pertencimento e realização pessoal. Extremamente frustradas, essas pessoas se
tornam vulneráveis a líderes que consigam despertar esse tão almejado
sentimento de união e podem até se deixar seduzir por correntes políticas
extremistas.
Não é difícil perceber que isso já vem acontecendo
há anos. Jovens recém-formados se frustram ao se deparar com um mercado de
trabalho pouco acolhedor, que os recebe como mais um de uma linha de produção.
E é aí que mora o problema. Enquanto a geração anterior foi condicionada a
entrar em uma empresa e ir, pouco a pouco, conquistando seu espaço, hoje as
vagas estão cada vez mais escassas e o mundo se tornou ainda mais volátil – ou
líquido, como classificou o sociólogo polonês Zygmund Bauman.
Sendo assim, como encontrar propósito em empregos
que podem durar alguns anos, no máximo? Como desempenhar sua função com valor e
sentimento de dever cumprido? De fato, não é nada fácil para quem foi ensinado
que bastava estudar e você estaria feito pelo resto da vida. A 4ª Revolução
Industrial chegou atropelando todos os planos e dando uma nova cara ao emprego
tradicional, mais especializado e menos operacional.
O relatório “Futuro do Trabalho”, publicado em 2016
pelo Fórum Econômico Mundial, estimava a perda de mais de 5 milhões de empregos
até cinco anos – isso sem prever a pandemia que nos atingiria nos anos
seguintes. Mas, mesmo uma notícia tão grave pode ser positiva para outros:
áreas como computação, matemática, arquitetura e engenharia devem ter um ganho
de 2 milhões de empregos.
Se é o fim da era do emprego, seremos nós os
próprios criadores de trabalhos e funções – literalmente, pela maior facilidade
de se abrir um negócio hoje, e metaforicamente, ao aderirmos a novas
modalidades de exercer uma profissão. O marketing pessoal deve se tornar cada
vez mais importante: é preciso ser visto para ser lembrado. Oferecer serviços
com retorno sobre investimento previamente calculado. Ter aquela formação
profissional invejável não é mais suficiente se você não se mostrar um
profissional com uma boa rede de conexões, resiliência, proatividade, espírito
de equipe e um cidadão ativo na sociedade. As empresas estão de olho em alguém
com diferencial. Um trabalho comunitário pode fazer mais diferença no currículo
do que, necessariamente, uma pós-graduação. Se os critérios de seleção mudaram,
você também precisa mudar.
A pandemia acelerou tendências e mais do que nunca
é preciso correr atrás do tempo perdido. Procure aprimorar suas características
positivas, acadêmicas ou não, e elaborar aquilo que pode te enfraquecer
profissionalmente. Entre as poucas certezas para os próximos anos está a que
permanecer na zona de conforto não leva a nada. O trabalho com propósito parte
do princípio de encontrar aquilo em que você se sente realizado e ir atrás de
oportunidades para que isso se concretize. Bem-vindo, a era do trabalho já
começou!
Marcos
Yabuno Guglielmi - coach empresarial certificado da ActionCOACH,
empresa número 1 do mundo em coaching empresarial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário