Levantamento da
InfoPrice mostra variação dos preços dos principais produtos da cesta básica,
por região do País
O arroz e o feijão, base da alimentação nacional,
registraram alta variação de preços neste período de pandemia, pesando no bolso
do brasileiro. É o que aponta levantamento realizado pela InfoPrice, empresa de
tecnologia e inteligência de negócios focada em pricing do varejo físico, que
levou em consideração o comportamento dos preços no período de 10 de fevereiro
a 04 de maio.
“Nosso objetivo era entender o quanto a pandemia
estaria ou não impactando os preços dos principais produtos da cesta básica da
população. A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou pandemia do novo
coronavírus em 11 de março, mas um pouco antes disso, tivemos o Carnaval –
cujas festividades ocorreram de 21 a 25 de fevereiro. Tendo estas datas no
radar, expandimos a data de pesquisa para um período ligeiramente anterior, e
começamos a análise dos dados a partir do décimo dia do segundo mês do ano,
para garantir que não haveria interferência de altas sazonais motivadas pela
celebração. Com esta delimitação, a avaliação sobre a interferência da pandemia
nestes preços é mais assertiva”, explica Rodrigo Diana, cientista de dados da
InfoPrice.
Arroz, feijão, leite, massas, enlatados e carnes
bovinas, bases do consumo doméstico das famílias, foram os itens que tiveram
seus preços analisados pela Infoprice. Produtos de limpeza e álcool gel, pelo
aumento da procura justamente por conta da recomendação de maior asseio das
pessoas para evitar a contaminação da Covid-19, também foram objetos deste
levantamento, uma vez que o avanço da demanda costuma interferir no valor dos
produtos.
Diana esclarece ainda que os resultados obtidos são
decorrentes de ponderações de medianas nas oscilações dos produtos. “Nós não
pegamos, simplesmente, o valor do produto em 10 de fevereiro, comparamos com o
preço deste em 04 de maio, e tiramos a média. Não! Nós analisamos a variação
dos preços, produto a produto em cada ponto de venda que pesquisamos, o que
permite ter a certeza sobre o seu aumento ou diminuição naquela localidade. A
partir desses resultados, fizemos o agrupamento por categoria e também por
região, de onde vêm os resultados médios apresentados para cada macrorregião do
País. Isso nos permite ter uma abordagem muito mais assertiva e que reflete
melhor a variação dos preços no varejo”. A pesquisa comparou a variação dos
preços em 469 lojas físicas e 171.218 datapoints, que são um conjunto de
informações que vão desde o nome do produto, seu preço, a loja em que ele se
encontra, se ele está em promoção ou não, entre outras informações relevantes
para precificação, sendo esse conjunto individual para cada produto único em
cada loja.
Acompanhe a seguir os principais resultados obtidos
com o levantamento:
A região Sul foi a localidade na qual o arroz
alcançou a maior alta no período analisado: 8,52%. Em segundo lugar, com maior
avanço, está a região Nordeste, com 7,04%. No Sudeste, a variação foi de 4,55%;
e no Centro-Oeste, de 0,56%. A região Norte foi a única a apresentar alteração
negativa, com recuo de 3,07%.
Para o feijão, a volatilidade observada é ainda
mais acentuada. O valor do grão saltou 18,61% no Sudeste, com variação similar
no Nordeste (18,42%). Sul e Centro-Oeste também anotaram avanço, de 9,90% e
8,90%, respectivamente. Mais uma vez, a região Norte exibiu retração, de
11,79%.
Se para o arroz e o feijão, a região Norte
favoreceu seus habitantes, o mesmo não se pode dizer do leite, cuja variação
cresceu 12,01%, ficando atrás apenas da região Sul, que anotou avanço de
15,50%. “Nossa ferramenta apenas analisa o comportamento de preços, entender os
motivos das altas requer um estudo mais aprofundado de cada categoria.
Entretanto, nosso relacionamento com os clientes é muito próximo, e nessa troca
de informações é possível identificar alguns fatores que influenciam nestas
oscilações. No Sul, por exemplo, sabemos que houve uma pressão por parte dos
produtores para elevar o valor do leite. Há, inclusive, diversos relatos de
varejistas indicando em suas gôndolas que o preço havia subido porque os
produtores tinham elevado muito o valor do produto”, explica Paulo Garcia, CEO
da InfoPrice.
De acordo com dados divulgados pelo Conseleite
(associação civil que reúne representantes de produtores rurais de leite do
Estado e de indústrias de laticínios que processam a matéria-prima no Paraná),
no final de abril, a recomposição de preço na entressafra era um movimento
esperado em função da queda na lactação e do impacto da seca em mais de 300
municípios gaúchos, mas também reflete o aquecimento do consumo nos primeiros
dez dias do mês devido à formação de estoques pelas famílias no início da
pandemia.
No Sudeste, a oscilação no valor do leite foi de
9,26%. O Nordeste ficou com a menor oscilação: 2,31%.
A carne bovina foi o único produto que apresentou
recuo em todas as praças pesquisadas. Ao contrário do que aconteceu com o leite
no Sul e no Norte, essas são regiões que registraram as maiores contrações no
preço da carne bovina: 10,66% e 20,03%, respectivamente. Nordeste (-3,03%),
Centro-Oeste (-2,66%) e Sudeste (-1,95%) também seguiram o movimento de baixa.
Já nos enlatados, o Nordeste é a única localidade
em que se observa alta no preço dos produtos: 1,69%. Sul (-1,12%), Sudeste
(-2,05%), Centro-Oeste (-3,29%) e Norte (-6,24%) indicam retração nos valores
desta categoria. As massas, contudo, apresentaram oscilações diferentes em cada
praça pesquisada: no Sudeste (0,10%) e no Nordeste (3,31%) registraram alta;
enquanto no Norte (-1,62%), no Sul (-2,35%) e no Centro-Oeste (-4,50%), as
variações foram negativas.
Os produtos de limpeza também pesaram no bolso do
consumidor no período. Norte (4,24%) e Nordeste (4,15%) ocupam a liderança no
avanço dos preços. Na sequência aparecem Sul (1,98%), Sudeste (1,88%) e
Centro-Oeste (1,47%).
Vilão dos preços no início da pandemia, o preço do
álcool gel recuou bastante depois do pico inicial da demanda que fez o produto
faltar em muitas prateleiras. O Sul é a localidade com maior retração: -25,09%.
Centro-Oeste (-16,92%), Nordeste (-10,12%) e Sudeste (-9,06%) seguiram a mesma
performance. Não foi possível averiguar a variação do produto na região Norte.
“Este movimento também é decorrente de medidas adotadas por diversos governos,
que implementaram políticas de isenção ou redução de impostos do produto para
facilitar o acesso da população”, comenta Garcia.
Para auxiliar a população e lojistas neste momento,
a InfoPrice está disponibilizando em seu site, gratuitamente, a pesquisa
“Impacto da Covid-19nos preços do varejo brasileiro”. No documento é possível
acompanhar a variação de 50 produtos, semana a semana, em 292 cidades
brasileiras. Ainda é possível fazer a consulta por marcas.
InfoPrice
- https://www.infoprice.co/
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