Conscientizar
é o principal caminho para um diagnóstico precoce, fator essencial quando se
trata de um câncer. A campanha Fevereiro Laranja dedica-se, neste mês, a
alertar a população sobre a leucemia, câncer que ataca os glóbulos brancos e
que se inicia na medula óssea. A doença se caracteriza pela quebra do
equilíbrio da produção dos elementos do sangue, causada pela proliferação
descontrolada de células. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA),
a estimativa é de quase 11 mil novos casos por ano.
Segundo Ana Carolina Moreira de Carvalho Cardoso, médica
especialista em hematologia e transplante de medula óssea, que chega a
Joinville (SC) para integrar a equipe de oncologistas do Hospital Dona Helena,
as leucemias podem ser classificadas de acordo com a evolução e o tipo de
efeito nos glóbulos brancos. Quanto à evolução, existe a leucemia aguda e a
crônica. Na aguda, mais comum na infância, as células malignas se encontram
numa fase muito imatura e se multiplicam rapidamente, causando uma enfermidade
agressiva. Já nas leucemias crônicas, rara na infância, a transformação maligna
ocorre em células-tronco mais maduras. Nesse caso, a doença costuma evoluir
lentamente, com complicações que podem levar meses ou anos para ocorrer.
Os primeiros sintomas, de acordo com a profissional, geralmente
são inespecíficos e, na maioria das vezes, os pacientes não apresentam fatores
de risco identificáveis. Pela redução de glóbulos vermelhos, pode ocorrer a
anemia e, com ela, vem o cansaço, aumento dos batimentos cardíacos, entre
outros sintomas associados. A redução das plaquetas ocasiona sangramentos,
principalmente pela gengiva e pelo nariz (epistaxe), além de equimoses. Já a
redução do glóbulos brancos aumenta a taxa de infecções. Também pode haver um
aumento dos gânglios linfáticos, fígado ou baço, perda de peso, febre e
sudorese noturna. “Nas leucemias agudas, a doença progride rapidamente e o
tratamento deverá ser iniciado o mais breve possível. Nas crônicas, os sintomas
podem ser mais brandos e, por vezes, o paciente poderá ser assintomático”,
ressalta a especialista.
A leucemia também é classificada de acordo com o efeito que causa
nos glóbulos brancos: a leucemia linfoide, linfocítica ou linfoblástica afeta
as células linfoides, sendo mais frequente em crianças; e a leucemia mieloide
ou mieloblástica afeta as células mieloides e é mais comum em adultos. Ainda há
subtipos que requerem prognóstico e tratamentos diferenciados. A origem da
leucemia aguda ainda é desconhecida, porém, existem alguns fatores de risco que
estão comprovadamente associados. “No caso das leucemias agudas mieloides temos
alguns fatores, como tabagismo, benzeno, radiação ionizante, alguns
quimioterápicos, Síndrome de Down, história familiar e idade. No caso das
leucemias agudas linfoides, uso de alguns quimioterápicos, radiação ionizante,
entre outras”, esclarece Ana.
Diagnóstico e tratamento
A
médica, especialista em hematologia e transplante de medula óssea, frisa a
importância da avaliação de um hematologista diante da suspeita de leucemia.
Para realizar o diagnóstico, é preciso fazer um exame chamado hemograma e uma
análise do sangue periférico. Depois, o paciente realiza o mielograma (exame da
medula óssea), para avaliação da citologia, citogenética, avaliação molecular
(mutações) e imunofenotipagem (avaliação do fenótipo das células).
O
tratamento difere de acordo com o subtipo da leucemia, passando por
procedimentos como uso de quimioterápicos, observação do paciente, uso de
anticorpos monoclonais e uso de inibidores de tirosino quinase. No caso das
leucemias agudas, o transplante alogênico de medula óssea poderá ser indicado
nos casos refratários ou de subtipos mais agressivos. “Nas leucemias crônicas o
objetivo é que o paciente entre em remissão, porém sabemos que, por ser uma
doença crônica, pode ocorrer períodos de surtos e remissões. Já nas leucemias
agudas o objetivo é a cura do paciente.”
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