O
mês das crianças propõe uma reflexão e um momento de olhar para a infância. Uma
das atividades mais comuns o brincar, vem se modificando ao longo dos anos por
uma série de fatores, como ambiente e o uso das novas tecnologias. Uma pesquisa
realizada pela Nielsen em 2018 revela que o consumo da internet pelas crianças
com idades entre 2 e 11 anos aumentou 63% nos últimos cinco anos, totalizando
cerca de 16 milhões de pequenos que navegam pela rede.
É
na infância que as crianças mais utilizam os recursos lúdicos para desenvolver
a imaginação e os meios eletrônicos podem representar ferramentas de estímulos,
se utilizados de maneira adequada. Segundo estudos da Organização Mundial da
Saúde (OMS), o tempo diário recomendado de exposição às telas é de uma hora por
dia para crianças de 0 a 4 anos.
Pensando
nisso, como os pais podem promover o equilíbrio na utilização dos eletrônicos?
Uma das possibilidades é estimular atividades de essência da infância, como o
brincar. A palavra de origem do latim vem da raiz vinculu, que
significa ‘tudo que ata ou liga’. A brincadeira tem essa função de ligação e
elo entre as crianças, ou entre adultos e crianças. Além disso, o brincar é
reconhecido como um direito adquirido. Na legislação brasileira,
inclusive, o direito ao brincar está na Constituição Federal (1988) quanto no
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - 1990).
O
vínculo pode ser desenvolvido em brincadeiras ao ar livre, em parques e praças,
em contato com a natureza. Os estímulos auxiliam no desenvolvimento de
habilidades como paciência, tranquilidade e criatividade. Um estudo
apresentado na Pediatrics National Conference & Exhibition, de
Chicago, apontou que crianças que disfrutam de áreas verdes na escola
demonstram níveis de estresse reduzidos. Isso acontece porque o contato direto
com a natureza auxilia a construção prática do conhecimento, facilitando o
aprendizado do aluno. As atividades diárias podem despertar a curiosidade e
contribuir para a aproximação com a natureza e, ainda, criar futuros defensores
do meio ambiente.
Já
a escola tem o papel importante de entender, valorizar e respeitar a cultura do
brincar, inserindo atividades no currículo, assim como organizando o tempo e o
espaço para que isso aconteça. Os pais podem perguntar aos profissionais da
educação quais são as suas metodologias sobre o tema e como isso será
apresentado para as crianças. É importante também que os responsáveis entendam
que não é necessário antecipar as etapas e tempos da vida na infância. Há
saberes e habilidades que, se não desenvolvermos na infância, faltarão nos anos
seguintes - e o brincar é um deles. A habilidade contribui para explorar,
pesquisar, criar e inventar, atividades que estão intimamente ligadas ao
desenvolvimento dos adultos no futuro.
Viviane Aparecida da Silva - doutora
em educação e diretora educacional do Marista Escolas Sociais, que atendem
gratuitamente 7.700 crianças e adolescentes em comunidades em situação de
vulnerabilidade social.
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