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terça-feira, 4 de junho de 2019

Quando a impaciência vira doença?



A neuropsicóloga Priscila Gasparini dá 5 dicas de como minimizar a impaciência e prevenir problemas de relacionamento e de saúde, como hipertensão e obesidade


Quem nunca perdeu a paciência por enfrentar filas diariamente, ficar preso no trânsito ou demorar para ser atendido quando está com pressa? Quando pequenas situações cotidianas tiram a paciência com facilidade ela pode se tornar patológica e afetar o julgamento, levando a atitudes impulsivas, com consequências desastrosas tanto para o desempenho profissional quanto para a saúde.

Segundo a Associação Médica Americana, a impaciência está entre os principais fatores de risco para pressão alta em jovens adultos. Essas pessoas têm 84% mais chances de sofrer de hipertensão, o que pode levar a problemas cardiovasculares, ao enfarto e ao AVC (Acidente Vascular Cerebral) precocemente. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 10% da população brasileira entre 25 e 34 anos é hipertensa.

A obesidade também está diretamente relacionada à impaciência: a escolha por alimentos menos saudáveis e rápidos de consumir, como os de fast foods, leva ao aumento de peso e, em longo prazo, à obesidade. A correria do dia a dia, a falta de tempo para se alimentar adequadamente e o medo de não dar conta de fazer as tarefas diárias aliados à ansiedade colaboram para o aumento da produção do hormônio do estresse - o cortisol – que, em excesso, é altamente prejudicial à saúde.

A paciência é uma habilidade que pode ser desenvolvida em cada pessoa e, nos dias de hoje, é uma virtude essencial para agir com serenidade nos momentos de estresse. Segundo a neuropsicóloga Priscila Gasparini Fernandes, o impaciente patológico precisa trabalhar a intolerância e as explosões para buscar um equilíbrio entre a emoção e a razão.

“É preciso desenvolver formas de sobrepor a razão à emoção exacerbada para que o impaciente tenha uma qualidade de vida melhor. A primeira medida é entender as razões que levam à intolerância, a fim de trabalhar essa questão interiormente. Os prejuízos para a saúde são enormes e, além de afetar também aqueles com os quais convive, compromete o desenvolvimento das tarefas diárias e o bem-estar”, explica a especialista que selecionou algumas dicas para controlar a impaciência:


1) Descubra as causas para a falta de paciência:

- Relembre qual foi a última vez que ficou impaciente e o motivo;

- Pergunte aos familiares, amigos e colegas de trabalho o que eles acham que seja a causa da impaciência;

- Considere condições físicas que possam tirar a sua impaciência, como sono, fome, dor ou cansaço;

- Anote casa vez que tiver um comportamento explosivo para tomar consciência sobre o que leva à impaciência.


2) Faça exercícios de respiração

Enquanto conta até 10 procure respirar fundo, se possível, várias vezes ao dia. Os exercícios de respiração permitem o distanciamento emocional da situação que causou a impaciência, reduzem os batimentos cardíacos e ajudam a controlar a ansiedade e o estresse.


3) Diminua o ritmo

Sempre que perceber que está agindo com pressa, mesmo sem necessidade, pare e diminua o ritmo. Caminhe com tranquilidade, aprecie a paisagem, contemple o que está ao seu redor, leia um livro enquanto espera. Ao agir com paciência é possível desenvolver cada vez mais essa habilidade de viver o tempo presente, incorporando-a ao seu comportamento.


4) Controle o perfeccionismo

O perfeccionismo exagerado pode comprometer seriamente a produtividade e o bem-estar. A perfeição deve ser uma motivação para dar o seu melhor, mas é necessário ser paciente quando as coisas não saírem como o esperado. Desapegue-se do controle e se permita aceitar o que não pode mudar.


5) Tenha empatia

Tentar se colocar no lugar do outro é uma das formas de desenvolver a paciência no dia a dia. Quando um atendente demorar com o seu pedido, por exemplo, escolha pensar que talvez ele esteja sozinho para dar conta de todo o serviço ou que ele é novo nesse trabalho, ao invés de ser grosseiro. Seja gentil e respeitoso, pois assim evitará o estresse por pequenas coisas no cotidiano.





Dra Priscila Gasparini - Psicóloga clínica e psicanalista com especialização em neuropsicologia e neuropsicanálise, mestrado e doutorado pela Universidade de São Paulo (USP) e 29 anos de experiência.
Coordena a clínica Seu Equilíbrio, em São Paulo, e realiza trabalhos de atendimento hospitalar de pré e pós-operatório no Hospital Beneficência Portuguesa e Hospital das Clínicas, além de dar suporte ao atendimento de pacientes internados em hospitais psiquiátricos.



Clínica Seu Equilíbrio


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