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quarta-feira, 5 de junho de 2019

Junho laranja alerta para a leucemia


O junho  laranja alerta para a leucemia, câncer do sangue que ataca os glóbulos brancos. No passado, o tratamento era restrito, mas atualmente  obteve grandes avanços com o auxílio das terapias alvo, o transplante de medula óssea e a terapia com células CAR-T, chegando em muitos casos à cura do paciente ou à significativa melhoria de sua qualidade de vida


Para o Brasil, segundo dados do INCA- Instituto Nacional do Câncer, estimam-se 5940 casos novos de leucemia em homens e 4860 em mulheres para cada ano do biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,75 casos novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres, ocupando a 9ª e a 10ª posições respectivamente entre os cânceres.
O Hemomed Instituto de Oncologia e Hematologia é o maior centro privado de atendimento do câncer, somando 10 mil atendimentos mensais, e com grande expertise nos cânceres do sangue, as leucemias. Segundo Daniela Ferreira Dias, onco-hematologista e coordenadora do Departamento de Transplante de Medula Óssea do Hemomed, o tratamento dessa doença teve grande evolução, chegando em muitos casos à cura do paciente ou à significativa melhoria de sua qualidade de vida.
                                
                                                                                                       Foto: Divulgação                             

O que é
A especialista do Hemomed explica que a leucemia é um câncer que ataca os glóbulos brancos e que se inicia na medula óssea. Ela pode ser classificada em aguda e crônica. As leucemias agudas são classificadas em dois subtipos: leucemialinfoide aguda (LLA) e Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Embora possam acometer pessoas em qualquer faixa etária, a LLA é mais comum em crianças e adultos jovens enquanto a LMA acomete mais adultos e idosos. Em geral, os sintomas apresentados são febre, queda do estado geral, adinamia, dor nas pernas e articulações, dor de cabeça e sangramento espontâneo ou hematomas pelo corpo.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da coleta de exames medulares (punção óssea) como mielograma, imunofenotipagem e cariótipo de medula óssea. “Juntamente com os exames citados, realizam-se também exames moleculares como FLT3, NPM1, CBPA, IDH1 e IDH2, Ckit, PCR para BCR-ABL e PCR para PML-RARA (coleta por sangue periférico ou de medula), que são importantes na classificação de risco das leucemias, determinando o tratamento e indicação de transplante de medula óssea”, destaca a hematologista do Hemomed, Carla Campos.

Tratamentos avançam
Até bem pouco tempo, os protocolos quimioterápicos com associação de drogas eram a única terapia de tratamento para todas as leucemias. Hoje em dia, com o auxílio dos exames moleculares, estão sendo desenvolvidas terapias alvo específicas, ou seja, medicamentos que atuam especificamente em marcadores genéticos presentes em células leucêmicas."Essas novas terapias, quando associadas ao tratamento convencional ou mesmo em monoterapia, tem aumentado as taxas de resposta do tratamento com menos efeitos colaterais e toxicidade, principalmente para a faixa etária de paciente mais idosos”, destaca Daniela Ferreira Dias. Alguns exemplos dessas medicações são: Inibidor de FLT3 (Midostaurin); Inibidor da Tirosino Kinase (Imatinib, Dasatinib e Nilotinib); Anti CD19/CD3 (Blinatomumab); Anti CD22 (Inotuzumab); Inibidor seletivo de BCL-2 (Venetoclax).

Doação de medula óssea e transplante 
O transplante de medula óssea alogênico (aparentado, não aparentado ou haploidêntico) é uma modalidade de tratamento com intenção curativa e, atualmente, tem seu papel principal nas leucemias de alto risco. A busca por doadores começa no diagnóstico. Inicialmente são realizados exames com familiares de primeiro grau e, caso não se tenha sucesso, é feito cadastro em banco de medula. O momento de sua realização depende da resposta ao tratamento quimioterápico inicial.
Nos Estados Unidos em 2017 e 2018 uma nova modalidade de tratamento com terapia celular (chamado CAR-T) foi aprovada com resultados promissores pelo FDA, que consiste em combater a leucemia  através do sistema imunológico, mas apesar de todos avanços, alguns casos continuam refratários, além do alto custo, e necessitam de transplante de medula óssea (TMO).
O hematologista Rodrigo Santucci , diretor da divisão de hematologia do Hemomed,  destaca a importância de conscientizar a população para se tornar um doador de medula óssea, bastando  procurar o hemocentro público de sua cidade e coletar uma amostra de sangue onde será estudada uma sequência gênica chamada HLA. Este cadastro vai para o banco nacional chamado REDOME e se um dia algum paciente necessitando de TMO tem a mesma sequência de HLA, o doador é convocado (por isso a importância de manter o endereço atualizado). A doação ocorre por um procedimento simples chamado aférese que se assemelha a uma hemodiálise.   
Cada tipo de leucemia necessita tratamento específico
Dentre as leucemias crônicas, as mais prevalentes são as Leucemias Mieloides Crônicas (LMC) e Leucemias Linfoides Crônicas (LLC). Na maioria dos casos são indolentes e, não raro, o diagnóstico é feito por exames de rotina em paciente assintomáticos. Quando sintomas presentes, pode haver aumento do baço, de gânglios e leucócitos. Paciente com LMC, são tratados com terapia alvo molecular como os Inibidores de Tirosino Kinase, que são medicamentos de via oral. Somente em situações especiais há indicação de transplante de medula óssea.
Por outro lado, a hematologista Carla Campos destaca que os pacientes com LLC, patologia com predominância em idosos, o tratamento pode ser somente o acompanhamento clínico laboratorial, não necessitando de medicação quimioterápica. Quando esta é necessária, além do tratamento já existente, terapias orais com atuação molecular estão disponíveis levando a esses pacientes, melhor qualidade e sobrevida.

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