O
junho laranja alerta para a leucemia, câncer do
sangue que ataca os glóbulos brancos. No passado, o tratamento era restrito,
mas atualmente obteve grandes avanços com o auxílio das terapias alvo, o
transplante de medula óssea e a terapia com células CAR-T, chegando em muitos
casos à cura do paciente ou à significativa melhoria de sua qualidade
de vida
Para o
Brasil, segundo dados do INCA- Instituto Nacional do Câncer, estimam-se 5940
casos novos de leucemia em homens e 4860 em mulheres para cada ano do
biênio 2018-2019. Esses valores correspondem a um risco estimado de 5,75 casos
novos a cada 100 mil homens e 4,56 casos novos para cada 100 mil mulheres,
ocupando a 9ª e a 10ª posições respectivamente entre os cânceres.
O Hemomed
Instituto de Oncologia e Hematologia é o maior centro privado de atendimento do
câncer, somando 10 mil atendimentos mensais, e com grande expertise nos
cânceres do sangue, as leucemias. Segundo Daniela Ferreira
Dias, onco-hematologista e coordenadora do Departamento de
Transplante de Medula Óssea do Hemomed, o tratamento dessa doença teve
grande evolução, chegando em muitos casos à cura do paciente ou à significativa
melhoria de sua qualidade de vida.
O que é
A
especialista do Hemomed explica que a leucemia é um câncer que ataca
os glóbulos brancos e que se inicia na medula óssea. Ela pode ser classificada
em aguda e crônica. As leucemias agudas são classificadas em dois
subtipos: leucemialinfoide aguda (LLA)
e Leucemia Mieloide Aguda (LMA). Embora possam acometer pessoas
em qualquer faixa etária, a LLA é mais comum em crianças e adultos jovens
enquanto a LMA acomete mais adultos e idosos. Em geral, os sintomas
apresentados são febre, queda do estado geral, adinamia, dor nas pernas e
articulações, dor de cabeça e sangramento espontâneo ou hematomas pelo corpo.
Diagnóstico
O
diagnóstico é feito através da coleta de exames medulares (punção óssea) como
mielograma, imunofenotipagem e cariótipo de medula óssea. “Juntamente com os
exames citados, realizam-se também exames moleculares como FLT3, NPM1, CBPA,
IDH1 e IDH2, Ckit, PCR para BCR-ABL e PCR para PML-RARA (coleta por sangue
periférico ou de medula), que são importantes na classificação de risco
das leucemias, determinando o tratamento e indicação de transplante de
medula óssea”, destaca a hematologista do Hemomed, Carla Campos.
Tratamentos
avançam
Até bem
pouco tempo, os protocolos quimioterápicos com associação de drogas eram a
única terapia de tratamento para todas as leucemias. Hoje em dia, com o
auxílio dos exames moleculares, estão sendo desenvolvidas terapias alvo
específicas, ou seja, medicamentos que atuam especificamente em marcadores
genéticos presentes em células leucêmicas."Essas novas terapias, quando
associadas ao tratamento convencional ou mesmo em monoterapia, tem aumentado as
taxas de resposta do tratamento com menos efeitos colaterais e toxicidade,
principalmente para a faixa etária de paciente mais idosos”, destaca Daniela
Ferreira Dias. Alguns exemplos dessas medicações são: Inibidor de FLT3
(Midostaurin); Inibidor da Tirosino Kinase (Imatinib, Dasatinib e Nilotinib);
Anti CD19/CD3 (Blinatomumab); Anti CD22 (Inotuzumab); Inibidor seletivo de
BCL-2 (Venetoclax).
Doação de
medula óssea e transplante
O
transplante de medula óssea alogênico (aparentado, não aparentado ou haploidêntico)
é uma modalidade de tratamento com intenção curativa e, atualmente, tem seu
papel principal nas leucemias de alto risco. A busca por doadores
começa no diagnóstico. Inicialmente são realizados exames com familiares de
primeiro grau e, caso não se tenha sucesso, é feito cadastro em banco de
medula. O momento de sua realização depende da resposta ao tratamento
quimioterápico inicial.
Nos Estados
Unidos em 2017 e 2018 uma nova modalidade de tratamento com terapia celular
(chamado CAR-T) foi aprovada com resultados promissores pelo FDA, que consiste
em combater a leucemia através do sistema imunológico, mas apesar de
todos avanços, alguns casos continuam refratários, além do alto custo, e
necessitam de transplante de medula óssea (TMO).
O hematologista
Rodrigo Santucci , diretor da divisão de hematologia do Hemomed, destaca
a importância de conscientizar a população para se tornar um doador
de medula óssea, bastando procurar o hemocentro público de sua cidade e
coletar uma amostra de sangue onde será estudada uma sequência gênica chamada
HLA. Este cadastro vai para o banco nacional chamado REDOME e se um dia algum
paciente necessitando de TMO tem a mesma sequência de HLA, o doador é convocado
(por isso a importância de manter o endereço atualizado). A doação ocorre por
um procedimento simples chamado aférese que se assemelha a uma
hemodiálise.
Cada tipo
de leucemia necessita tratamento específico
Dentre
as leucemias crônicas, as mais prevalentes são
as Leucemias Mieloides Crônicas (LMC) e Leucemias
Linfoides Crônicas (LLC). Na maioria dos casos são indolentes e, não raro,
o diagnóstico é feito por exames de rotina em paciente assintomáticos. Quando
sintomas presentes, pode haver aumento do baço, de gânglios e leucócitos.
Paciente com LMC, são tratados com terapia alvo molecular como os Inibidores de
Tirosino Kinase, que são medicamentos de via oral. Somente em situações
especiais há indicação de transplante de medula óssea.
Por outro
lado, a hematologista Carla Campos destaca que os pacientes com LLC, patologia
com predominância em idosos, o tratamento pode ser somente o acompanhamento
clínico laboratorial, não necessitando de medicação quimioterápica. Quando esta
é necessária, além do tratamento já existente, terapias orais com atuação molecular
estão disponíveis levando a esses pacientes, melhor qualidade e sobrevida.
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