Novas opções são
menos invasivas e eficientes no tratamento dessas doenças
A medicina está em constante evolução e os
tratamentos estão cada vez menos invasivos. Muitas doenças, que antes só podiam
ser tratadas com cirurgia, ganharam novas opções de tratamento, via endoscopia,
alguns deles, bem recentes no Brasil, como a Endossutura Gástrica, para
emagrecimento, o método Stretta, para tratamento da DRGE (Doença de Refluxo
Gastroesofágico) e o Barrx, para tratamento de Esôfago de Barrett.
A Endossutura Gástrica é uma técnica de redução do
estômago, que permite que o paciente perca até 20% do seu peso inicial. Ela
difere-se da cirurgia bariátrica convencional por alguns motivos. “Primeiro,
porque ela não é uma cirurgia, é um tratamento feito por endoscopia, sem
qualquer corte na parede abdominal do paciente. Segundo, porque ela pode ser
realizada por pacientes portadores de obesidade leve, com IMC (Índice de Massa
Corpórea) de 30 a 34,9, ou seja, que não têm indicação para a cirurgia
convencional, permitida apenas para pacientes com IMC a partir de 35, que
apresentam doenças causadas pela obesidade. E o terceiro ponto é que, por ser
menos invasiva, a recuperação do paciente também é mais rápida”, explica o
cirurgião bariátrico e endoscopista Admar Concon Filho, um dos primeiros
médicos a realizar o procedimento no País.
De acordo com ele, há também outros tratamentos
endoscópicos para a perda de peso. O balão intragástrico é um deles. Indicado
para pacientes com IMC acima de 27 e a perda de peso chega a 20% do peso
inicial, ele é colocado no estômago através de uma endoscopia, e preenchido com
cerca de 600 ml de soro. Este balão, que pode ficar de seis meses a um ano no
estômago no paciente, ocupa boa parte do órgão, o que causa uma sensação de
“estômago cheio”, que faz com que a pessoa ingira menos alimento. A colocação
pode ser feita em consultório, com sedação. “’O balão pode ser considerado como
uma oportunidade de adaptação de novos hábitos durante os meses do tratamento.
Dessa forma, assim que ele for retirado, a ideia é que o paciente já tenha
reestruturado seus hábitos, com condições de mantê-los”, explica o cirurgião.
“Nós tínhamos uma lacuna nos tratamentos para
obesidade. Algumas pessoas, apesar de não terem o IMC mínimo para fazer a
cirurgia bariátrica, não conseguiam sair do sobrepeso ou da obesidade leve.
Daí, surgiu o balão intragástrico como uma opção. E, mais recentemente, a
Endossutura Gástrica, que é menos invasiva que uma cirurgia e, por outro lado,
mais definitiva que o balão”, comenta Concon.
Outro tratamento relacionado à perda de peso é o
Plasma de Argônio. Mas, neste caso, sua indicação é apenas para
pessoas que fizeram cirurgia bariátrica em Y de Roux (Cirurgia de Capella,
Cirurgia de Fobi-Capella ou Bypass Gastrointestinal) sem anel e não conseguiram
atingir o peso desejado ou tiveram reganho de peso acima de 10% do peso mínimo
atingido. De acordo com Concon, o procedimento é uma cauterização endoscópica
que tem como finalidade diminuir o diâmetro da anastomose gastrojejunal.
“Fazemos um estreitamento da emenda entre o pequeno novo estômago e o intestino
delgado. Assim, o esvaziamento do estômago fica mais lento, dando uma sensação
de saciedade precoce, com diminuição da ingestão de alimentos e,
consequentemente, redução de peso”, explica.
Refluxo e Esôfago de Barrett também ganham
tratamento via endoscopia
Até pouco tempo atrás, a DRGE (Doença de Refluxo
Gastroesofágico) só podia ser tratada com remédios ou cirurgias. Mas, há pouco
mais de um ano, chegou ao Brasil o método Stretta, um tratamento via endoscopia
para o refluxo. Realizado com radiofrequência, ele é uma alternativa para
pacientes sem resultados efetivos com medicamentos e que não queiram ser
submetidos a uma cirurgia.
“O Stretta é introduzido no paciente por
endoscopia. Ele faz uma espécie de queimadura nas camadas internas do esôfago,
fortalecendo o músculo para que o conteúdo do estômago não retorne mais”,
explica Concon. O procedimento, não-cirúrgico, demora menos de uma hora e pode
ser feito com o paciente sedado ou através de anestesia geral. Ele tem alta no
mesmo dia e, no dia seguinte, pode retomar suas atividades normais. Nas
primeiras 24 horas, o paciente deve consumir apenas líquidos e, nas duas
semanas seguintes ao procedimento, precisa ingerir uma dieta leve. Os
resultados mais significativos aparecem, em média, a partir de dois meses após
o procedimento, quando o médico começa, então, a suspender o uso de
medicamentos.
Para os pacientes com refluxo que desenvolveram
Esôfago de Barrett, também há um novo tratamento: o Barrx. Da mesma forma que o
Stretta, ele é feito por endoscopia, com o uso de radiofrequência. “Este é um
tratamento muito recente, que tem se mostrado eficiente. Além de prevenir o
câncer, já que o Esôfago de Barrett é uma doença pré-maligna, também melhora
muito a qualidade de vida dos pacientes”, explica Concon. “Basicamente, nós
fazemos uma ablação do Esôfago de Barrett, com radiofrequência, e retiramos as
células doentes”, conta o cirurgião. Segundo a literatura, 1 entre cada
1200 pacientes com Esôfago de Barrett evolui para câncer. O Esôfago de Barrett
é uma doença que atinge cerca de 10% dos pacientes que convivem com refluxo
gastroesofágico por muitos anos.
“Apesar de alguns serem relativamente novos no
Brasil, todos esses tratamentos por endoscopia já são realizados em outros
países. Temos acompanhado muito de perto essa evolução da medicina e ficamos
felizes por oferecer tecnologia de ponta aos nossos pacientes”, comemora
Concon.
Dr. Admar Concon Filho - cirurgião bariátrico,
cirurgião do aparelho digestivo e médico endoscopista. Ele é palestrante
internacional, membro titular e especialista pelo Colégio Brasileiro de
Cirurgia Digestiva, Colégio Brasileiro de Cirurgiões e Sociedade Brasileira de
Endoscopia Digestiva, além de membro titular da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica e membro da International Federation for the
Surgery of Obesity and Metabolic Disorders.
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