O Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho
até conseguir ingressar de vez no mindset da inovação. Isso porque ainda
lidamos com um círculo empresarial apegado a conceitos e valores antiquados
que, como demonstra a crise dos últimos anos, não é mais viável. As mudanças do
mundo são constantes, cada vez mais rápidas e dinâmicas, e a verdade é que essa
é apenas uma parte da evolução da complexidade humana.
Apesar disso, o mercado não está estagnado, e as
mudanças de comportamento do consumidor demonstram que não importa o quanto as
empresas se apeguem ao passado, seus clientes já estão vivendo o futuro, e
pior, ao lado de seus concorrentes internacionais.
Nesse contexto, há quem já esteja se movimentando.
Não é à toa que a ISO, que é uma organização mundial, formatou a ISO 56.002, a
partir de um estudo detalhado com todos os seus 163 países membro. Trata-se de
uma norma que pretende permitir uma classificação real entre o que é inovação e
o que não é.
A proposta da certificação é criar uma política
capaz de suportar a organização no desenvolvimento de novos processos que
acompanhem o mundo volátil em que nos encontramos. É uma certificação
internacional, que pretende garantir que a inovação não seja apenas um
discurso, mas sim uma cultura inerente ao cotidiano da empresa.
Foi um trabalho árduo. O comitê técnico de inovação
foi criado pela ISO em 2008, dando início aos estudos para elaboração de uma
norma específica para o assunto. Em 2013, o comitê já havia levantado todas as
normas de inovação dos países associados. A partir de 2015, começaram as
reuniões para elaboração da norma.
Em linhas gerais, o texto diz que inovação é a
introdução de produtos, processos, métodos ou sistemas que não existiam
anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da até
então em vigor. A norma avalia, basicamente, seis pilares de inovação:
liderança visionária, gestão de insigths, gestão de risco, cultura adaptativa,
realização de valor e abordagem de processos. Com base nesse novo modelo
criado, a norma cria uma ferramenta de gestão baseada em uma política para
inovação, estabelecendo objetivos e decidindo métricas para quantificar e
qualificar os resultados.
As empresas que buscarem se certificar passarão por
uma fase de diagnóstico, onde identificarão se a cultura de inovação já existe
e precisa apenas de adaptações, ou se a certificação servirá como uma
ferramenta para implantação desse novo mindset. A próxima fase estabelece um
cronograma, que varia caso a caso, uma vez que é completamente personalizado
para cada empresa. Quando os ajustes estiverem prontos, uma acreditadora ligada
ao INMETRO faz a avaliação para certificar.
Todos os tipos de empresa podem - e devem - buscar
a ISO 56.002 para garantir que seus processos de gestão da inovação sigam as
melhores práticas do mundo. Essa será uma grande oportunidade de transformar as
empresas brasileiras, disseminando condutas inovadoras ideais para enfrentarmos
os desafios que estão sendo impostos todos os dias pela modernidade. As
empresas já perceberam que o mundo mudou e elas precisam mudar junto para
continuarem ativas.
Alexandre
Pierro - engenheiro
mecânico, bacharel em física aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria
em gestão da qualidade e inovação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário