Aumento da pressão arterial desencadeia doenças graves e atinge 24,3%
da população. Aprenda a fazer corretamente a aferição
O Brasil viu a incidência de hipertensão arterial
ascender entre a população. De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de
2017, a doença popularmente conhecida como pressão alta, passou de 22,6% em
2006 para 24,3% em 2017. Porém, dados do Ministério da Saúde indicam que apenas
cerca de 10% realizam o tratamento adequado.
O alto potencial de letalidade se dá pelo
desencadeamento de doenças hipertensivas graves, acidente vascular cerebral,
infarto agudo do miocárdio e doenças renais. Segundo o Dr. Thiago Midlej,
cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essas comorbidades têm como
principal causa a hipertensão, desta forma, "a hipertensão é a maior causa
de mortalidade, pois é a base para as doenças mais graves que existem que podem
levar à óbito".
De 2004 a 2014, as doenças hipertensivas e a hipertensão
arterial sistêmica causaram a morte de 457.305 indivíduos, segundo dados da
Sociedade Brasileira de Cardiologia. Em 2016, o Ministério da Saúde
contabilizou 49.640 mortes provocadas pelo aumento da pressão arterial, maior
índice durante o período de 2006 a 2016. Para chamar atenção para a sua
gravidade e destacar a importância de preveni-la, o dia 26 de abril foi
instituído como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à
Hipertensão Arterial.
A falta do diagnóstico, que apesar de simples,
não é de conhecimento de todos devido ao aspecto silencioso, torna o índice de
pessoas em tratamento baixo. Livros e diretrizes médicas, de modo geral,
apontam que a doença não apresenta sintomas. "Na prática, alguns pacientes
descrevem tontura, mal-estar, dor de cabeça e dor na nuca.", observa
Midlej. Esses sintomas, por podem passar desapercebidos, por não serem
associados à pressão arterial elevada.
Portanto, o acompanhamento médico torna-se o meio
pelo qual os pacientes podem receber o diagnóstico e dar prosseguimento ao
tratamento. No dia a dia, fatores externos podem elevar momentaneamente a
pressão, por isso, o cardiologista explica que não pode considerar apenas uma
medição isolada, mas que é necessário realizar ao menos duas aferições em dias
diferentes e os dois valores serem superiores à 140x 90 mmHg, conhecido como 14
por 9. A partir dos 30 anos recomenda-se fazer uma avaliação médica uma vez por
ano.
Alguns fatores contribuem para a manifestação da
enfermidade. Na hipertensão primária, cerca de 80% dos casos, a genética é o
principal deles. Na secundária, algumas doenças específicas como
hipotiroidismo, doença de Cushing, entre outras, e também aumento de peso e
maus hábitos alimentares podem desencadear o aumento da pressão.
Pacientes obesos, sedentários, com alimentação
não saudável e rica em sal, quando submetidos ao acompanhamento médico, podem
fazer o controle sem o uso do anti-hipertensivo, com a prática de atividade
física, redução de peso e dieta equilibrada e hipossódica. O médico do Hospital
Alemão Oswaldo Cruz reforça a importância dos novos hábitos. "Sempre a
atividade física e a mudança de estilo de vida compõem o primeiro passo para o
tratamento para o paciente hipertenso". Já os casos originários da
genética são tratados com anti-hipertensivos.
Mulheres
A prevalência da doença é maior nas mulheres
quando comparado aos homens. De acordo com o VIGITEL de 2017, o índice
registrou 26,4% na população feminina contra 21,7% na masculina. Isso se deve
principalmente à questão hormonal associada à menopausa, uma vez que ocorre a
redução dos hormônios vasodilatadores. Consequentemente, os vasos dilatam em
menor proporção, ficam mais contraídos, aumentando a pressão arterial.
Idosos
Com o passar dos anos, há um enrijecimento
natural dos vasos sanguíneos, consequentemente levando ao aumento da pressão.
Portanto, pessoas acima dos 65 anos tendem a ter predisposição para a
hipertensão, mesmo tendo passado a vida toda sem qualquer alteração. Isso se
reflete na pesquisa da VIGITEL de 2017, na qual essa parcela da população com a
doença no país foi de 60,9%.
Gestantes
Para gestantes com pressão alta a gestação pode
representar um risco tanto para a mãe quanto para o bebê. O acompanhamento
médico rigoroso desde o início é essencial, pois algumas medicações não podem ser
tomadas e no período existem ciclos de queda e elevação da pressão arterial.
Principalmente no último trimestre, há um aumento
rápido e progressivo da pressão que pode causar risco elevado. A placenta se
amplia e aumenta a resistência vascular, fazendo com que o sangue chegue com
mais dificuldade ao bebê.
Como medir corretamente a
pressão arterial
A aferição doméstica da pressão arterial pode ser
realizada desde que sejam seguidos alguns pontos importantes:
Antes de medir a pressão
- Na
hora de comprar um aparelho de pressão, escolha aquele que tem braçadeiras
para circunferência de braço e que seja validado pelos órgãos
fiscalizadores competentes;
- Grandes
refeições, alimentos gordurosos, ricos em açúcar, café e bebidas
alcoólicas devem ser evitados pelo menos meia hora antes de aferir a
pressão;
- Descanse
5 minutos antes de medir a pressão;
- Evite
medir a pressão após a prática de atividade física, aguarde pelo menos uma
hora após o término do exercício para fazer a medição.
Na hora de medir a pressão
- Meça
a pressão sentado em uma cadeira, com as costas apoiadas no encosto, sem
cruzar as pernas;
- Não
meça a pressão sobre roupas como, por exemplo, casacos, mangas de blusas e
camisas;
- Ajuste
a braçadeira no braço, sem folgas, 2 a 3 dedos acima da dobra do cotovelo;
- Mantenha
o braço relaxado e apoiado na altura do coração. Vire a mão do braço
esquerdo com a palma para cima;
- É
importante anotar os valores da pressão que aparecem no visor do aparelho,
com data e horário.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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