Pesquisar no Blog

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Falta de diagnóstico reduz adesão ao tratamento e faz a hipertensão ser altamente letal


Aumento da pressão arterial desencadeia doenças graves e atinge 24,3% da população. Aprenda a fazer corretamente a aferição


O Brasil viu a incidência de hipertensão arterial ascender entre a população. De acordo com o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2017, a doença popularmente conhecida como pressão alta, passou de 22,6% em 2006 para 24,3% em 2017. Porém, dados do Ministério da Saúde indicam que apenas cerca de 10% realizam o tratamento adequado.

O alto potencial de letalidade se dá pelo desencadeamento de doenças hipertensivas graves, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e doenças renais. Segundo o Dr. Thiago Midlej, cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essas comorbidades têm como principal causa a hipertensão, desta forma, "a hipertensão é a maior causa de mortalidade, pois é a base para as doenças mais graves que existem que podem levar à óbito".

De 2004 a 2014, as doenças hipertensivas e a hipertensão arterial sistêmica causaram a morte de 457.305 indivíduos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Em 2016, o Ministério da Saúde contabilizou 49.640 mortes provocadas pelo aumento da pressão arterial, maior índice durante o período de 2006 a 2016. Para chamar atenção para a sua gravidade e destacar a importância de preveni-la, o dia 26 de abril foi instituído como o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

A falta do diagnóstico, que apesar de simples, não é de conhecimento de todos devido ao aspecto silencioso, torna o índice de pessoas em tratamento baixo. Livros e diretrizes médicas, de modo geral, apontam que a doença não apresenta sintomas. "Na prática, alguns pacientes descrevem tontura, mal-estar, dor de cabeça e dor na nuca.", observa Midlej. Esses sintomas, por podem passar desapercebidos, por não serem associados à pressão arterial elevada.

Portanto, o acompanhamento médico torna-se o meio pelo qual os pacientes podem receber o diagnóstico e dar prosseguimento ao tratamento. No dia a dia, fatores externos podem elevar momentaneamente a pressão, por isso, o cardiologista explica que não pode considerar apenas uma medição isolada, mas que é necessário realizar ao menos duas aferições em dias diferentes e os dois valores serem superiores à 140x 90 mmHg, conhecido como 14 por 9. A partir dos 30 anos recomenda-se fazer uma avaliação médica uma vez por ano.

Alguns fatores contribuem para a manifestação da enfermidade. Na hipertensão primária, cerca de 80% dos casos, a genética é o principal deles. Na secundária, algumas doenças específicas como hipotiroidismo, doença de Cushing, entre outras, e também aumento de peso e maus hábitos alimentares podem desencadear o aumento da pressão.

Pacientes obesos, sedentários, com alimentação não saudável e rica em sal, quando submetidos ao acompanhamento médico, podem fazer o controle sem o uso do anti-hipertensivo, com a prática de atividade física, redução de peso e dieta equilibrada e hipossódica. O médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz reforça a importância dos novos hábitos. "Sempre a atividade física e a mudança de estilo de vida compõem o primeiro passo para o tratamento para o paciente hipertenso". Já os casos originários da genética são tratados com anti-hipertensivos.


Mulheres

A prevalência da doença é maior nas mulheres quando comparado aos homens. De acordo com o VIGITEL de 2017, o índice registrou 26,4% na população feminina contra 21,7% na masculina. Isso se deve principalmente à questão hormonal associada à menopausa, uma vez que ocorre a redução dos hormônios vasodilatadores. Consequentemente, os vasos dilatam em menor proporção, ficam mais contraídos, aumentando a pressão arterial.


Idosos

Com o passar dos anos, há um enrijecimento natural dos vasos sanguíneos, consequentemente levando ao aumento da pressão. Portanto, pessoas acima dos 65 anos tendem a ter predisposição para a hipertensão, mesmo tendo passado a vida toda sem qualquer alteração. Isso se reflete na pesquisa da VIGITEL de 2017, na qual essa parcela da população com a doença no país foi de 60,9%.


Gestantes

Para gestantes com pressão alta a gestação pode representar um risco tanto para a mãe quanto para o bebê. O acompanhamento médico rigoroso desde o início é essencial, pois algumas medicações não podem ser tomadas e no período existem ciclos de queda e elevação da pressão arterial.

Principalmente no último trimestre, há um aumento rápido e progressivo da pressão que pode causar risco elevado. A placenta se amplia e aumenta a resistência vascular, fazendo com que o sangue chegue com mais dificuldade ao bebê.


Como medir corretamente a pressão arterial

A aferição doméstica da pressão arterial pode ser realizada desde que sejam seguidos alguns pontos importantes:


Antes de medir a pressão
  • Na hora de comprar um aparelho de pressão, escolha aquele que tem braçadeiras para circunferência de braço e que seja validado pelos órgãos fiscalizadores competentes;
  • Grandes refeições, alimentos gordurosos, ricos em açúcar, café e bebidas alcoólicas devem ser evitados pelo menos meia hora antes de aferir a pressão;
  • Descanse 5 minutos antes de medir a pressão;
  • Evite medir a pressão após a prática de atividade física, aguarde pelo menos uma hora após o término do exercício para fazer a medição.

Na hora de medir a pressão
  • Meça a pressão sentado em uma cadeira, com as costas apoiadas no encosto, sem cruzar as pernas;
  • Não meça a pressão sobre roupas como, por exemplo, casacos, mangas de blusas e camisas;
  • Ajuste a braçadeira no braço, sem folgas, 2 a 3 dedos acima da dobra do cotovelo;
  • Mantenha o braço relaxado e apoiado na altura do coração. Vire a mão do braço esquerdo com a palma para cima;
  • É importante anotar os valores da pressão que aparecem no visor do aparelho, com data e horário.




Hospital Alemão Oswaldo Cruz


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados