Antes
mesmo do verão chegar, as autoridades de saúde do Brasil têm alertado a
população para o risco de surto de febre amarela durante a estação favorita dos
brasileiros. O aumento da temperatura favorece a reprodução dos mosquitos
transmissores e, por consequência, o potencial de circulação do vírus. De
acordo com números divulgados pelo Ministério da Saúde, de 1º de janeiro a 8 de
novembro de 2018, foram registrados 1.311 casos e 450 mortes, quase o dobro do
identificado no mesmo período do ano anterior, 736 casos e 230 mortes.
“Há
uma possibilidade de um alto índice de casos de febre amarela no Brasil durante
o verão. Esta previsão se dá pelo cenário de baixa cobertura vacinal,
principalmente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São
Paulo. O maior número de casos humanos foi entre dezembro de 2017 e fevereiro
2018, no entanto, a detecção em primatas tem se mantido ao longo de todo o
ano”, conta o infectologista do Hospital Anchieta, Dr. Manuel Palácios.
A
doença
A
febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda transmitida por vetores
artrópodes – insetos que se alimentam de sangue e são capazes de transmitir
agentes infecciosos entre seres humanos ou animais - e causada por um vírus do
gênero Flavivirus,
família Flaviviridae.
“Atualmente,
a febre amarela silvestre (FA) é uma doença endêmica no Brasil (i.e., região
amazônica). Na região extra-amazônica, períodos epidêmicos são registrados
ocasionalmente, caracterizando a reemergência do vírus no País. O vírus é
mantido na natureza por transmissão entre primatas não humanos (PNH) e
mosquitos silvestres arbóreos, principalmente dos gêneros Haemagogus e Sabethes (no Brasil).
Sendo a febre amarela silvestre uma zoonose, sua transmissão não é passível de
eliminação, necessitando de vigilância e manutenção das ações de controle
(especialmente por meio de cobertura vacinal adequada. Uma pessoa com febre
amarela silvestre pode, porém, ser fonte para um surto da chamada febre amarela
urbana, transmitida principalmente pelo Aedes
aegypti, um mosquito que vive nas cidades”, alerta o especialista.
Sintomas
De
acordo com o Dr. Manuel Palácios, as manifestações clínicas da febre amarela
podem variar desde infecções assintomáticas até a quadros graves e fatais,
sendo importante destacar que a expressão da doença independe do contexto de
transmissão, se urbana ou silvestre. Estima-se que quadros assintomáticos
ocorram em aproximadamente metade dos casos infectados.
“O
quadro clínico clássico caracteriza-se pelo surgimento súbito de febre alta,
geralmente contínua; dor de cabeça intensa e duradoura; falta de apetite;
náuseas e dores musculares. Nas formas leves e moderadas os sintomas duram
cerca de dois a quatro dias e são aliviados com o uso de sintomáticos,
antitérmicos e analgésicos, e ocorrem em cerca de 20% a 30% dos casos. As
formas graves e malignas acometem entre 15% a 60% das pessoas com sintomas que
são notificadas durante epidemias, com evolução para óbito entre 20% e 50% dos
casos. Na forma grave, a dores de cabeça e musculares ocorrem em maior
intensidade, acompanhadas de náuseas e vômitos frequentes, coloração amarelada
da pele (icterícia) e diminuição do fluxo urinário ou manifestações
hemorrágicas, como sangramento nasal, vômitos com sangue e sangramento
ginecológico atípico”, explica o infectologista.
Medidas
Preventivas
-
Evitar viagens para áreas de risco ou em surto (especialmente áreas de floresta
na Amazônia Legal).
-
Vacinação preventiva com vacina fornecida pelo Ministério da Saúde (MS).
Segundo recomendações da Organização Mundial de Saúde, aceitas pelo MS, uma
dose plena da vacina confere proteção duradoura não precisando de novas
aplicações. (nota: aplicações de dose fracionada, só tem indicação para surtos
e não conferem proteção duradoura).
-
Uso de telas de proteção e repelente nas potenciais áreas de risco.
-
Evitar manipular ou manusear animais mortos encontrados em áreas de floresta ou
peri-urbana. Sempre notificar imediatamente a equipe de Zoonoses.
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