Crianças com idades entre 1 e 2 anos correm
um risco muito maior de queimadura química ocular do que anteriormente
reconhecido, e os esforços efetivos de prevenção devem incluir considerações
para essa faixa etária.
Crianças
de um a dois anos estão em maior risco de queimar os olhos com produtos
químicos, apesar da crença de que os adultos em idade laboral eram os mais
expostos a esse tipo de lesão ocular grave, aponta uma nova pesquisa
de saúde pública.
“As
descobertas, divulgadas no JAMA Ophthalmology,
destacam a necessidade de educar o público sobre o que parece ser evitável e
potencialmente causador de lesões permanentes. As fábricas e empresas onde os produtos
químicos perigosos estão em uso possuem precauções contra incidentes, como
óculos de segurança e tratamentos, como estações de lavagem de olhos.
Acredita-se que este estudo seja o primeiro a salientar que as crianças estão
realmente em risco”, explica o oftalmologista
Virgílio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
Segundo
os autores do estudo, “são lesões terríveis, que ocorrem com maior frequência
nas crianças mais pequenas e são totalmente evitáveis. Essas crianças não lidam
com produtos químicos no trabalho. Elas são prejudicadas principalmente porque
entram em contato com produtos químicos, como produtos de limpeza domésticos,
que são incorretamente armazenados".
“As
queimaduras químicas dos olhos estão entre as lesões oculares mais críticas e
graves porque continuam a queimar o olho após o contato e podem danificar as
estruturas internas de forma irreparável’”, explica Eduardo de
Lucca, oftalmologista do IMO.
Acredita-se
que o estudo seja o primeiro a usar uma amostra nacional em todas as faixas
etárias. Para sua pesquisa, os autores analisaram quatro anos de dados das
amostras do Departamento de Emergência Nacional, que inclui informações de
cerca de 30 milhões de visitas anuais de emergência de mais de 900 hospitais nos
EUA. Entre 2010 e 2013, houve mais de 144 mil consultas de emergência
relacionadas a queimaduras oculares químicas em todo o país. As lesões mais
comumente ocorriam em casa, eram mais comuns entre aqueles na metade inferior
da escala de renda e eram mais propensas de ocorrer no Sul.
“As
lesões eram mais comuns entre as crianças de um e dois anos. Crianças de um ano
são duas vezes mais propensas a sofrerem queimaduras oculares do que as
crianças de 2 anos. As lesões em jovens caem substancialmente depois que as
crianças têm idade suficiente para entender os perigos; com um ano de idade são
13 vezes mais prováveis de queimar os olhos do que aos sete anos de idade”, diz o médico.
Os
autores defendem que a chave para reduzir essas lesões é manter produtos de limpeza
doméstica e outros produtos químicos - principalmente produtos em garrafas de
pulverização - fora do alcance de crianças pequenas. Defendem também uma mudança
simples no projeto das garrafas de spray, com a implementação de uma
trava que as bloquearia, após cada uso, o que teria um impacto real.
“Essas
lesões podem ocorrer em um instante. Deixar os produtos químicos domésticos e
os limpadores inacessíveis para crianças pequenas é a melhor maneira de pôr fim
a isso. Segundo os autores, os tipos mais comuns de lesões em crianças pequenas
são causadas por agentes alcalinos - comumente encontrados em produtos de
limpeza - e não de ácidos, como bateria e ácidos sulfúricos. Os agentes
alcalinos tendem a causar mais danos porque as queimaduras continuam causando
lesões por mais tempo nos olhos. Se alguém tiver contato com esses produtos
químicos nos olhos deve imediatamente lavá-los com água, algo que pode
ser feito jogando a água da torneira sobre os olhos por muitos minutos”,
destaca Eduardo de Lucca.
Enquanto
as crianças de um ano e dois têm as maiores taxas de queimaduras oculares
químicas por ano, individualmente, as pessoas em idade laboral ainda estão em
alto risco. Os jovens de 20-29 anos têm as taxas mais altas, seguidas dos de
30-39 anos, 40-49 anos e 0-9 anos de idade. Isso mostra que ainda há margem
para melhorias nos locais de trabalho.
As
queimaduras oculares químicas são um problema considerável nos Estados Unidos.
A pesquisa mostra que as estratégias de prevenção específicas para cada idade precisam
ser postas em prática para manter as pessoas seguras contra lesões
devastadoras.
IMO, Instituto de Moléstias Oculares.
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