Dominar uma segunda língua - no caso o inglês,
atualmente utilizado entre falantes de outros idiomas para se comunicarem no
mundo - traz amplos benefícios, especialmente ligados ao cérebro e a
habilidades essenciais do século XXI: pensamento crítico, competências
comunicativas, colaborativas, criativas e diversidade cognitiva. Saímos do
modelo do canto em uníssono (uniformidade) e entramos para a prática do canto
em harmonia (diversidade).
Transitar por duas línguas, além de dispensar
intérpretes, tem efeito profundo no modo como pensamos e agimos. O
aprimoramento cognitivo é apenas o primeiro passo. Memórias, valores e até a
personalidade podem se modificar dependendo da língua que usamos, como se o
cérebro bilíngue abrigasse duas mentes autônomas. Apesar de tamanha
importância, isso foi ignorado por muito tempo e só recentemente recebeu a
relevância merecida. Muitos pesquisadores expõem as vantagens de um bilíngue em
comparação a um monolíngue, como o adiamento de futuras demências, maior
compreensão de culturas diversas e a oportunidade de expor ideias de outras
formas. A experiência intelectual da pessoa com dois sistemas linguísticos
amplia sua flexibilidade mental e produz um leque superior na formação e
expressão de conceitos, pois o cérebro bilíngue está sempre ativo nas duas línguas
e o exercício de eleger uma e não a outra fortalece a mente.
Aprender uma língua adicional, contudo, exige
concentração e dedicação para quem não teve a oportunidade de vivenciá-la
naturalmente, como nos casos de bilinguismo precoce, em que a família herda
essa outra língua e a utiliza cotidianamente ou desde muito cedo. No
bilinguismo tardio, quando o contato com essa segunda língua acontece depois de
a primeira estar estabelecida, há um caminho mais árduo a ser trilhado, pois é
aí que teremos de estudar essa língua e não apenas adquiri-la natural e
espontaneamente. E não é fácil ter de recodificar novamente tudo o que já
sabemos na língua 1, pois temos de erguer um novo edifício em que suas
estruturas são a nova gramática, suas janelas o novo vocabulário e seus acessos
a pronúncia diversa de sons que muitas vezes desconhecemos. Quando uma criança
inicia essa construção precoce, o prédio 1 (língua materna) e o prédio 2
(língua adicional) são parte de um mesmo condomínio e esse processo é mais
harmônico, natural. Por isso a educação bilíngue, a que acontece em colégios,
funciona muito bem quando iniciada desde os anos iniciais e de forma correta.
Mas atenção! Bilinguismo não significa um par de
aulas semanais a mais de inglês no currículo. Além de encontros adicionais de
inglês, há que se ofertar outras atividades e disciplinas em inglês, com
profissionais fluentes e capacitados para promover e ampliar esse aprendizado.
Como consequência natural, o estudante começa a apresentar um nível maior de
concentração como forma de se adaptar rapidamente a contextos desconhecidos e
passa, então, a avaliar e tomar decisões mais assertivas, como o que vai falar
em seguida, como reagir, interpretar e assim por diante. O cérebro processará
esses estímulos com mais agilidade, escolhendo o sistema linguístico mais
adequado às suas necessidades naquele momento. E é aí que entra em ação o lobo
frontal, que é o centro das funções executivas do cérebro, habilidades que nos
ajudam a focar concomitantemente em múltiplos fluxos de informação, monitorar
erros, tomar decisões com base nas informações disponíveis, rever planos e
resistir à tentação de deixar a frustração nos conduzir a ações precipitadas.
Outra vantagem competitiva, e talvez a mais óbvia,
de ser bilíngue, atualmente, são as oportunidades que temos ao dominar um outro
idioma. Afinal, em mercados de trabalho cada vez mais concorridos, é
imprescindível ter um excelente domínio dessa língua adicional para se destacar
da concorrência. E a avaliação dessa habilidade pode ser feita por meio de
certificados de proficiência, análise de histórico escolar com mais horas de
aulas de/em inglês ou por testes e entrevistas práticas para atestar se o
domínio de fato existe.
Outro aspecto que se desenvolve especialmente em
alunos bilíngues é a habilidade de compreensão. Cada língua tem suas
expressões, formas de construção gramatical e até mesmo linhas de raciocínio
diferentes. Por isso, os discursos oral e escrito acabam sendo elaborados de
outra forma, com características distintas: em inglês, as ideias costumam ser
mais objetivas e concisas, fazendo com que, pela síntese, possamos expressar
mais sucintamente o que queremos. Perceber as particularidades de cada língua,
para compreender com exatidão a mensagem que se quer passar, as intenções
subliminares, características intrínsecas e linha de raciocínio, faz parte
desse lindo processo.
Ser bilíngue significa também expandir as formas de
se conectar com o mundo porque nos comunicamos para interagir com outras
pessoas nessa era totalmente interconectada, com mais oportunidades de viagem,
trabalho e estudo. E para garantir essa comunicação efetiva, aspectos culturais
também devem ser levados em consideração, já que a língua reflete
particularidades sociais de seus falantes. Nesses contextos, o falante bilíngue
se relacionará melhor com as pessoas de culturas diversas compreendendo o que
está inerte à sua fala e intenção, tornando a comunicação mais ampla e próxima.
Uma coisa é certa: dominar uma outra língua em conjunto com habilidades essenciais
para agir no século XXI é a chave para o que o futuro nos apresenta, ampliando
as escolhas pessoais e profissionais.
Luiz
Fernando Schibelbain - diretor da Positivo English Solution School (PES) e
gestor de Idiomas PES / Sistema Positivo de Ensino. Palestrante convidado do evento "Um Dia
Positivo!", que acontece dia 16/07, em Porto Alegre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário