Dirigir pode ser prazeroso, principalmente quando não há trânsito e você
está indo passear. Entretanto, para quem usa o carro ou moto como meio de
transporte para ir trabalhar, em São Paulo, por exemplo, passar horas ao
volante pode aumentar o risco de desenvolver problemas na coluna, joelhos e
outras estruturas do sistema musculoesquelético.
Segundo uma pesquisa feita pelo IBOPE em 2015, 48% dos paulistanos gastam pelo menos duas horas no trânsito, seja para ir trabalhar, levar os filhos na escola, fazer supermercado, entre outras atividades do dia a dia. E por mais confortável que seja o automóvel, passar tanto tempo assim dirigindo é um verdadeiro perigo para o corpo humano, que não foi feito para ficar parado.
A fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em RPG, Pilates e Dor, explica que na prática clínica é muito comum receber pacientes que chegam com lombalgia e cervicalgia, quase sempre relacionadas ao tempo de exposição no trânsito e à má adaptação da posição na hora de guiar.
“Quem mora longe do trabalho ou fica muito tempo preso em congestionamentos, acaba adotando a mesma posição e realizando movimentos repetitivos, como engatar a marcha, por exemplo. Além disso, o próprio estresse frente ao trânsito deixa a musculatura mais tensa, levando à dores e desconfortos. Outro ponto é que a maioria das pessoas desconhece as medidas que poderiam ajudar a preservar o sistema musculoesquelético de lesões causadas ao volante”, explica Walkíria.
Lombalgia é principal queixa
A dor mais prevalente é na coluna, nas regiões lombar e cervical. “Hoje a maioria dos carros oferece bons apoios, mas nem todos. Muitas vezes as pessoas não sabem qual a melhor posição para guiar. Com isso, as curvaturas da coluna ficam sobrecarregadas. Há pessoas que também podem sentir dor no nervo ciático ao engatar a marcha, dependendo da distância do banco para o pedal, por exemplo. Outra dor que pode se desenvolver é nos joelhos, principalmente quando há congestionamentos em que a pessoa precisa ficar trocando a marcha muitas vezes”, comenta a fisioterapeuta.
Principal causa de afastamento
No Brasil, segundo dados do INSS, a dor nas costas é a principal causa de afastamentos do trabalho. Outro dado interessante, é que segundo uma pesquisa, a prevalência de dor musculoesquelética em trabalhadores, como motoristas de caminhão, por exemplo, é de 53,5%, sendo que 38,5% deles apresentam dor na coluna lombar.
Algumas dicas
- Encosto: A primeira regra é que a
coluna precisa ficar totalmente amparada no encosto, que não deve nem
ficar reto demais, nem muito abaixado. É fundamental que haja sustentação
para a região lombar.
- Pernas: A distância das pernas para
os pedais é fundamental para não sobrecarregar os joelhos, assim como para
evitar as dores no nervo ciático. A dica é não encostar a panturrilha
(batata da perna) e nem a parte de trás dos joelhos no banco para prevenir
o comprometimento da circulação sanguínea nas pernas.
- Distância do banco: Essa dica é valiosa, pois a
distância correta faz toda a diferença para guiar com mais conforto. O
ideal é que os braços façam um ângulo de mais ou menos 120 graus com o
volante; os joelhos fiquem levemente flexionados e que as pernas alcancem
sem esforço os pedais. Lembrando que quando não estiver usando a embreagem
ou o breque, descanse o pé no assoalho. Outra dica é conseguir apoiar o
calcanhar enquanto o motorista usa os pedais, com a parte da frente do pé.
Esse movimento ajuda a descansar a região lombar.
- Cabeça: A cabeça e o pescoço também precisam estar bem amparados para evitar a cervicalgia. A tendência é que a pessoa curve o pescoço e o tronco, fazendo uma cifose (corcunda).
“Entretanto, mesmo que a pessoa faça todos esses ajustes, pode ser
necessário uma adaptação do banco para maior conforto. Atualmente, é possível
encontrar em lojas especializadas assentos ortopédicos que ajudam a melhorar o
conforto na hora de dirigir”, comenta Walkíria.
Pilates pode amenizar dores
A fisioterapeuta lembra que o corpo humano não foi feito para ficar parado. E como, na maioria dos casos, passar horas dirigindo pode ser algo inevitável, é preciso investir em atividades que atuem de forma preventiva, com o Pilates.
“Para quem passa a maior parte do dia sentado, seja no trabalho ou no trânsito, é fundamental investir em atividades físicas que atuem no alongamento e no fortalecimento muscular. O Pilates contribui nestes dois aspectos, além de também aumentar a consciência corporal e melhorar a postura. E claro, é uma ótima maneira de aliviar o estresse, que também contribui para as dores musculoesqueléticas”, finaliza Walkíria.
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