A hiena representa o que diagnosticamos como distimia (ou transtorno depressivo persistente), uma depressão de longa duração (dura mais de dois anos). A doença não costuma ser muito intensa, mas é constante, causando tristeza, desânimo, falta de interesse e dificuldade de sentir prazer nas atividades cotidianas. Sintomas físicos como alterações do apetite, do sono, da libido podem estar também presentes.
Além do pessimismo crônico, a pessoa não consegue sentir alegria em nada do que faz, irrita-se ou reclama frequentemente e transmite uma “energia ruim” no convívio com os outros. O quadro depressivo, apesar de leve, em geral, é crônico, e causa vários prejuízos na vida da pessoa.
Devido a seu início em geral precoce, muitas vezes na adolescência ou na idade adulta jovem, pode ser confundido com a personalidade da pessoa, com seu “jeito de ser”, o que muitas vezes leva ao não-reconhecimento do quadro como uma doença. Assim, a pessoa não procura tratamento médico para sua distimia.
O tratamento da distimia, tal como dos demais quadros depressivos, envolve o uso de medicamentos antidepressivos e psicoterapia.
Do ponto de vista da terapia cognitiva (ou terapia cognitiva comportamental, a TCC), o distímico apresenta uma distorção no modo de pensar, sempre com um viés negativo. Este viés negativo envolve três aspectos: a percepção pessimista de si mesmo (“não valho nada”), a percepção sobre o meio social e profissional (“ninguém me valoriza”) e a percepção sobre o futuro (“nada vai mudar”). A proposta da TCC é corrigir essa visão do distímico, fazendo com que o paciente perceba como estes pensamentos distorcidos prejudicam sua vida. Quando a terapia o faz enxergar o mundo com outros olhos, ele fortalece o pensamento positivo, abrindo espaço para melhora da distimia.
Prof.
Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra e psicanalista. Doutor em Medicina pela
Universidade de Würzburg, Alemanha. (CRMSP 34330)
Nenhum comentário:
Postar um comentário