Figura
carimbada nas discussões mais inteligentes que viralizam na web sobre o caráter
do brasileiro, o professor Leandro Karnal tem observado a existência de pessoas
que "substituíram cultos como do Papai Noel e do Coelhinho" pelo da
"corrupção isolada", segundo o qual apenas alguns poucos agentes da
sociedade seriam corruptos - quando na realidade, nota ele, "a corrupção
começa no andar pelo acostamento, no recibo comprado para o imposto de renda,
no atestado médico falso entregue pelo pai para o filho", entre outros
exemplos.
O
mito da corrupção como algo que parece existir só ao tomar vulto ou ser
condensado em uma empresa ou partido vem sendo catalogado há mais de 15 anos
pelo time do advogado internacional Barry Wolfe, especializado em investigação
de fraudes e criação de políticas de governança empresarial para evitar desvios
éticos. Atuando no mercado de compliance, a Wolfe Associates listou 10
indicadores surpreendentes sobre desvios corporativos no Brasil - cada qual
comprovando de uma maneira que corrupção não é fenômeno isolado e que evitá-la
pode ser menos complexo do que parece.
1. O medo de represálias explica porque poucos funcionários denunciam falcatruas: 65% dos fraudadores têm status de gerente ou diretor.
2. Há o fator de identificação com o fraudador: 7 em cada 10 corruptos corporativos estão no auge da vida profissional, na faixa dos 36 aos 55 anos, o que dá a eles aura de modelos bem-sucedidos.
3. Interessa à empresa saber que a estão usando para ilícitos? Sim, mas em termos: a maior parte das firmas brasileiras não têm canais protegidos de denúncia - e várias os têm no formato "para inglês ver".
4. Não fosse essa precariedade de canais, as empresas seriam mais éticas: 50% dos golpes desvendados o foram via dispositivos seguros de denúncia.
5. E há o paradoxo do cadeado em porta arrombada: 83% dos empreendedores brasileiros só investem em prevenção após a descoberta de um caso de corrupção em casa.
6. Um mito que dificulta a ética corporativa é o de que colega não dá golpe em colega. Dá sim: 60% dos roubos são feitos por funcionários.
7. Outro mito é o do Santo da Casa. O santo pode não ser tão certinho assim: em metade dos casos de corrupção que incluem um funcionário, o corrupto tem mais de 5 anos de empresa.
8. Uma coisa é certa: corrupto gosta de bando. Só 1/3 dos desvios corporativos é realizado individualmente.
9. Quando fraudadores se unem em quadrilha, mais de 50% dos membros são externos à empresa prejudicada.
10. E a noção de que só grandes companhias são corruptas é mesmo falsa: 60% das pequenas e médias empresas falidas estiveram envolvidas em algum tipo de fraude.
1. O medo de represálias explica porque poucos funcionários denunciam falcatruas: 65% dos fraudadores têm status de gerente ou diretor.
2. Há o fator de identificação com o fraudador: 7 em cada 10 corruptos corporativos estão no auge da vida profissional, na faixa dos 36 aos 55 anos, o que dá a eles aura de modelos bem-sucedidos.
3. Interessa à empresa saber que a estão usando para ilícitos? Sim, mas em termos: a maior parte das firmas brasileiras não têm canais protegidos de denúncia - e várias os têm no formato "para inglês ver".
4. Não fosse essa precariedade de canais, as empresas seriam mais éticas: 50% dos golpes desvendados o foram via dispositivos seguros de denúncia.
5. E há o paradoxo do cadeado em porta arrombada: 83% dos empreendedores brasileiros só investem em prevenção após a descoberta de um caso de corrupção em casa.
6. Um mito que dificulta a ética corporativa é o de que colega não dá golpe em colega. Dá sim: 60% dos roubos são feitos por funcionários.
7. Outro mito é o do Santo da Casa. O santo pode não ser tão certinho assim: em metade dos casos de corrupção que incluem um funcionário, o corrupto tem mais de 5 anos de empresa.
8. Uma coisa é certa: corrupto gosta de bando. Só 1/3 dos desvios corporativos é realizado individualmente.
9. Quando fraudadores se unem em quadrilha, mais de 50% dos membros são externos à empresa prejudicada.
10. E a noção de que só grandes companhias são corruptas é mesmo falsa: 60% das pequenas e médias empresas falidas estiveram envolvidas em algum tipo de fraude.
Sobre Barry Wolfe
Barry Wolfe é advogado internacional e Solicitor da Suprema Corte de Inglaterra e País de Gales. Formado pela Edinburgh University, pós-graduado em Direito Econômico pela Yale Law School e mestre em Direito Internacional por Cambridge, é Managing Partner da Wolfe Associates Anti-Corruption Advisers (www.wolfe.com.br), boutique especializada em investigações de crimes de colarinho branco, políticas de Compliance 2.0 e gestão de crises.
Barry Wolfe é advogado internacional e Solicitor da Suprema Corte de Inglaterra e País de Gales. Formado pela Edinburgh University, pós-graduado em Direito Econômico pela Yale Law School e mestre em Direito Internacional por Cambridge, é Managing Partner da Wolfe Associates Anti-Corruption Advisers (www.wolfe.com.br), boutique especializada em investigações de crimes de colarinho branco, políticas de Compliance 2.0 e gestão de crises.
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