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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Sobre as decisões jurídicas e o panorama político do Brasil


As incertezas jurídicas estão povoando as decisões onde os principais personagens são políticos. Este fato tem chamado nossa atenção devido ao grande número de precedentes e determinações que garantem a esta classe alguns privilégios dificilmente alcançados pelo restante da população. Visando trazer a reflexão existem pontos a ser mencionados: como tratar o protagonismo dos julgadores, cabe exigir a atuação com imparcialidade ou neutralidade? Como diferenciar prerrogativa de privilégio? Se é que existe diferença.
A Constituição assegura que todos sejam julgados por um juiz imparcial. Para que o objetivo venha a ser alcançado foram pensados instrumentos processuais que visam garantir a imparcialidade, tais como: o impedimento e a suspeição, dispostos no Código de Processo Civil. Acredito que é aí que as pessoas confundem ser imparcial e ser neutro. A neutralidade seria a ausência de critérios subjetivos para embasar alguma decisão, sejam eles religiosos, ideológicos ou filosóficos. Não há como aferir se os valores do julgador estão a favor de alguma das partes, independente do que esteja fundamentado nos autos. Sendo assim, considerar um juiz parcial simplesmente porque suas decisões reiteradas mostram-se desfavoráveis a determinada pessoa, parece um argumento carente de fundamentação e este sim sem neutralidade.

Quanto a outro aspecto gerador de dúvidas na população é o fato da classe política ter um julgamento diferenciado, o que chamamos de foro por prerrogativa de função. Trata-se de um benefício que os ocupantes de certos cargos possuem de serem processados e julgados por órgãos jurisdicionais superiores. Instituto muito criticado foi, recentemente, (em 03/05/2018) limitado pelo STF. A partir da data citada o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados à função desempenhada. Alguns processos já foram encaminhados à Justiça estadual, como o do deputado federal Tiririca (PR-SP) em que ele é investigado por suposta pratica de assédio sexual contra a ex-babá de sua filha. 

Sendo assim, as prerrogativas são os ritos e os institutos que têm aplicação a devido caso em virtude do cargo ocupado pelo acusado. Já os privilégios são todas as manobras e as regalias que estariam disponíveis aos políticos devido a sua proximidade com o poder, seja ele econômico ou obtido através de influências. Mas para combater as citadas irregularidades existem instituições como a Polícia Federal, que tem a tarefa de investigar as regalias, como ocorreu no caso de acusações envolvendo os presos da Operação Lava Jato.

O caminho para alcançar um sistema isonômico ainda é árduo e longo, mas acredito que apresentamos mais avanços do que retrocessos. Muito se deve ao grande interesse da população em acompanhar e entender os fatos que estão acontecendo. Há algum tempo atrás estaríamos preocupados com a escalação da Seleção brasileira de futebol, hoje estamos atentos com a escalação do Supremo.





Joana Salaverry - advogada


Economia da Insegurança - Quem lucra com ataques cibernéticos


O mercado de segurança da informação é economicamente ineficaz, ou seja, contraria a regra da melhor alocação possível de recursos. A Forbes aponta que serão gastos US$ 93 bilhões em segurança da informação em 2018, um aumento de 14% em relação a 2014. Mesmo assim, ataques devastadores contra grandes empresas e ameaças globais como WannaCry dominaram as manchetes. O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais acompanha ataques cibernéticos significantes e aponta o aumento de casos em 230% desde 2014. Isso significa que pagamos 14% mais para deter um problema que cresceu 230%. Esta soa como uma indústria eficiente?

A principal causa dessa ineficiência é a má alocação de recursos. Devemos examinar como um antivírus antigo cria respostas para novas ameaças: cada inovação adiciona uma camada de proteção à última. Embora compreensível esse método não é muito eficaz, pois cria soluções de segurança mais pesadas e que exigem mais recursos do sistema. Cada minuto para processar dados adicionais é um tempo precioso desviado do negócio.

O ataque global do ransomware WannaCry fez manchetes em 2017. Três dias depois foi publicado o aumento das ações de empresas de segurança cibernética. Em seguida, os ataques do NotPetya atingiram a Ucrânia antes de se espalharem para outros 64 países. Dois dias depois, a NASDAQ informou o disparo das ações dessas empresas.

Embora seja contraditório, as empresas de segurança da informação se beneficiam das violações. Alguém pode pensar que esse aumento reflete a preocupação de empresários em proteger seus sistemas. Se esse fosse o caso do WannaCry, o que explicaria a mesma reação do mercado quando ocorreu o NotPetya?

Uma indústria que fornece computação segura não deve se beneficiar de falhas. O público confia nessas empresas para protegê-lo de malwares, mas essa confiança não parece merecida.

Em suma, a natureza reativa da segurança da informação levou à criação de soluções multicamadas ineficazes. As empresas adotaram uma filosofia de que violações são inevitáveis, gerando uma cultura de mediocridade e apatia e, como lucram com essa situação, têm um bom motivo para não mudarem.

O futuro da segurança da informação pede soluções proativas, preventivas e leves, e não um ciclo sem fim de novas defesas sobre os restos quebrados da última. A menos que a visão do mercado mude, essa situação tende a continuar.





Malcolm Harkins - CSTO (Chief Security & Trust Officer)da Cylance


Fake news estão na mira dos líderes corporativos


Não é difícil perceber as imensas dificuldades que uma pessoa teria se acreditasse que dois mais dois são cinco. Entretanto, se um erro de soma é fácil de ser percebido, o mesmo não ocorre com outras informações. E, se elas são relevantes para a tomada de decisão, as consequências podem ser catastróficas.

Quer seja na vida pessoal, na carreira ou na liderança executiva e empresarial, a verdade desempenha papel fundamental em nossas escolhas. Ela é uma alavanca que, se acionada, produz os resultados esperados, e, se for corrompida, pode causar grandes prejuízos. Portanto, a busca pela verdade deve ser o foco na conduta de todos e, em particular, dos líderes.

E as fake news dificultam sobremaneira conhecermos a verdade. Embora o termo exista há mais de um século, nos últimos anos, o advento das redes sociais criou um ambiente propício para sua propagação.

Em síntese, fake news, nada mais são que notícias falsas propagadas deliberadamente para impor um poder, normalmente político.

Contudo, você não precisa de uma rede social para utilizar fake news. A força devastadora delas pode ser observada na sociedade alemã das décadas de 1920 e 30, que culminou com a ascensão ao poder do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães – Partido Nazista –, que impôs, com o apoio de outras forças, ideias destruidoras em uma sociedade reconhecidamente culta. Uma das características das fake news é a inundação da mente das pessoas com uma quantidade de informação tão grande que elas ficam suscetíveis a acreditar em qualquer coisa – e é aí que está seu grande perigo: manipular pessoas fazendo-as aceitar aquilo que um grupo deseja.

Um líder empresarial deve ter grande preocupação com a mentira empacotada em notícias falsas. Elas são graves para o País, mas podem ocorrer em menor escala dentro da companhia e causar, também, sérios danos a ela.

Embora existam muitas orientações a respeito de como identificar fake news, penso que há um ponto importante, que é rejeitar certas afirmações que criam o ambiente para que elas se propaguem. A que mais me preocupa é a famosa "cada um tem a sua verdade".

Quando ouço alguém afirmar isso, eu interrompo e procuro demonstrar que podemos ter crenças e opiniões diferentes, mas não verdades diferentes. A verdade é aquilo que não pode ser negado.

Dentro da empresa, ocorre o mesmo que no mundo: fatos e registros. E a busca por eles é o enorme desafio. Pois, para saber o que é a verdade, todo gerente, diretor e presidente deve saber o seguinte:

Se a verdade é o que aconteceu, e, portanto, segue uma linha do tempo, ela somente pode produzir resultados se for conhecida por alguém. Portanto, a afirmação de que hoje se produz muito conhecimento é fantasiosa. O que se produz muito é registro de conhecimento, que, se estiver fora da cabeça de um ser humano, não realiza nada.

Como pessoas morrem e também perdem a memória, assim como há uma linha do conhecimento, há uma linha do esquecimento. Por exemplo, recentemente saiu uma notícia de que descobriram mais informações sobre o concreto usado no império romano, o qual, ao contrário do atual, fica cada vez mais duro quanto mais exposto ao sol e às intempéries do clima. Ainda assim, por motivos diversos, são desconhecidos fatores fundamentais para que seja produzido hoje.

Por último, além das linhas da verdade e do esquecimento, e paralelamente a ambas, há a linha da mentira. Ela é criada por pessoas e grupos que desejam o poder a qualquer custo e, para isso, vão se proteger e atacar a verdade por meio de mentiras que são os tijolos que constroem as fake news. Afinal, uma notícia fantasiosa deve ser reforçada ao longo do tempo por mentiras e mais mentiras que devem ser criadas e divulgadas sistematicamente, criando um complexo sistema de confirmações, todas falsas, mas que podem se referenciar umas às outras para suportar a mentira principal.

A conclusão é que é uma tarefa muito difícil descobrir a verdade. Quer seja na história de um país, ou naquilo que ocorre no interior de uma empresa na interação entre seus funcionários, fornecedores, gestores e clientes, a verdade pode estar encoberta por uma camada de informações falsas. E é por isso que um gestor deve ser capaz de selecionar pessoas de boa índole, corajosas e capazes de dizer a verdade dos fatos.

Sob muitos aspectos, confiar em alguém significa confiar nos números e nos fatos que relata.

As fake news, portanto, são criações humanas, e, por isso mesmo, sua origem são pessoas específicas que devem ser identificadas e retiradas do interior da empresa e afastadas dos círculos de decisões para o bem da companhia e de seu futuro. E essa é uma tarefa fundamental a que os gerentes, diretores e presidentes não podem se furtar.

Vamos em frente!






Silvio Celestino - Autor do livro "O Líder Transformador, como transformar pessoas em líderes", Sílvio Celestino é sócio fundador da Alliance Coaching. No Twitter: @silviocelestino. Visite: www.alliancecoaching.com.br e www.facebook.com/AllianceCoachingBrasil


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