Novos estudos comprovam
os benefícios da reposição hormonal.
A
testosterona é um hormônio produzido naturalmente pelo nosso corpo e é responsável
por diversas funções, como desenvolvimento muscular, formação óssea, libido e
bem estar. Ele é encontrado tanto em homens quanto em mulheres, porém nelas a
quantidade é aproximadamente 10 vezes menor que no sexo oposto. Nos homens, ela
é produzida principalmente nos testículos, enquanto que nas mulheres, sua
produção se dá nos ovários e nas glândulas supra-renais.
Apesar
dos seus diversos efeitos benéficos, a produção normal desse hormônio decai a
partir dos 30 anos, com uma queda ainda mais acentuada naqueles que fumam, são
sedentários e/ou consomem bebidas alcoólicas. Entre os sintomas que podem
surgir com essa queda hormonal estão: diminuição da massa muscular e força,
aumento da gordura corporal e dificuldade para perder peso, depressão, fadiga,
falta de foco, dificuldade de concentração e diminuição da libido. Esses
sintomas podem estar presentes tanto em homens quanto em mulheres e podem
prejudicar a vida dos indivíduos, piorando ou predispondo a outras doenças,
como osteoporose, anemia, diabetes, síndrome metabólica.
O
tratamento mais aceitável é feito com testosterona bioidêntica, que é uma
estrutura idêntica ao hormônio naturalmente produzido pelo nosso corpo, sob a
forma de gel que deve ser usado diariamente, para repor o hormônio, a fim de
atingir os valores fisiológicos, melhorando a qualidade de vida de quem sofre
com esse problema.
Entretanto,
é fundamental o acompanhamento de um especialista, pois a superdosagem do
hormônio pode causar efeitos colaterais, como o aumento da próstata e dos
glóbulos vermelhos, que são os transportadores de oxigênio no sangue. No caso
de alguém com anemia, esse efeito colateral pode até ser benéfico. Mas outros
efeitos que podem ocorrer, principalmente se não usado de forma adequada, são o
aumento da oleosidade da pele, com consequente aumento de espinhas, perda de
cabelo, infertilidade em homens e características masculinas, como
engrossamento da voz, nas mulheres.
Antigamente,
acreditava-se que o uso de terapia com testosterona aumentava o risco cardiovascular
dos pacientes tratados, porém em estudos recentes publicados em importantes
revistas médicas internacionais, esse risco não tem sido observado e vê-se até
uma diminuição da incidência de doenças cardiovasculares. No mais recente,
publicado em abril desse ano, pesquisadores da Califórnia estudaram mais de 44
mil homens acima de 40 anos com deficiência de testosterona. Entre os pacientes
que recebiam a terapia de reposição de testosterona (TRT), o risco de eventos
cardiovasculares, como infarto e AVC foi de aproximadamente 30% menor que o
grupo sem tratamento.
Até mesmo
o risco de câncer de próstata tem sido revisto: um estudo alemão publicado na
revista médica Aging Male analisou e comparou biópsias de próstata de paciente
recebendo reposição de testosterona e pacientes sem tratamento. Os que recebiam
o tratamento apresentaram os menores números de biópsias positivas, sendo que
elas se encontravam num estágio menos avançado do que o grupo sem tratamento.
Todos esses novos achados vem desmistificando a TRT e fazendo com que ela não
seja vista mais como vilã e sim como o mocinho da história.
Vale
ressaltar, ainda, que a reposição de testosterona permite a redução da gordura
corporal, inclusive da gordura visceral - a grande vilã das doenças do coração
-, aumento da massa muscular e da força, que são fatores preditivos para melhor
função e menor mortalidade no envelhecimento, além de melhora do humor, da
depressão e melhora da vida sexual.
É
fundamental que a terapia seja feita somente por médicos para que o acompanhamento
seja constante, a fim de regular a dose hormonal que será administrada e
controlar os efeitos adversos, que podem ser insignificantes perto dos efeitos
positivos na qualidade de vida do ser humano.
Renato Lobo - médico, pós graduando em nutrologia, com
atuação em emagrecimento, ganho de massa
muscular e desempenho esportivo.