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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Acordo de Paris: saída dos EUA reforça nova dinâmica geopolítica e protagonismo da China



A recente saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris terá amplos reflexos sobre o cenário diplomático, econômico e ambiental. Em um momento em que nações e empresas se preparam para a transição rumo a uma economia de baixo carbono, a decisão norte-americana abre espaço para uma maior aproximação entre China e Europa. Também aumenta a pressão internacional sobre os líderes globais para que estabeleçam metas mais ambiciosas de redução de emissões e as anunciem nas próximas reuniões climáticas. 

Em dezembro de 2015, 196 nações reuniram-se em Paris e concordaram em manter o aumento da temperatura média global em menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais. Esse compromisso público, assumido também pelo governo dos Estados Unidos, foi firmado e enviado ao Alto Comissariado das Organizações das Nações Unidas (ONU). Esta ação contrasta com a postura adotada em relação ao Protocolo de Kyoto, que não chegou a ser aceito ou ratificado pelo governo norte-americano.  No pior cenário traçado pela ONU, sem o comprometimento dos Estados Unidos, poderia haver um aumento de 0,3°C na temperatura global para além dos 2º C.

Ao rever a sua adesão ao Acordo de Paris, os Estados Unidos tornam-se, ao lado da Síria (em guerra civil) e da Nicarágua (que considerou o acordo tímido), parte dos três únicos países do mundo que não se comprometeram a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O vácuo geopolítico criado estimula uma maior aproximação entre China e Europa, que já reforçaram nas últimas semanas o engajamento em relação ao tema das mudanças do clima, acenando inclusive com um potencial intercâmbio de permissão de emissões entre os países, assim como investimentos cruzados. 

Em busca de maior protagonismo internacional e competitividade de seus produtos nesse novo cenário, a China direciona os seus esforços diplomáticos e de cooperação para acelerar a expansão das fontes limpas de energia na matriz elétrica global. O governo chinês é o principal incentivador da Global Energy Interconnection (GEI), que tem como meta ampliar para 80% a participação das fontes renováveis no consumo primário global de energia em 2050. Para cumprir este objetivo ambicioso, a estimativa é a de que o GEI demande US$ 50 trilhões em investimentos em novas usinas, como eólicas e solar, e na construção de grandes sistemas de transmissão, que promoveriam a interconexão dos cincos continentes.  

Embora o desfecho da iniciativa seja incerto, observa-se que o Acordo de Paris se insere em um contexto de reconfiguração do fluxo de investimentos e comerciais, de rearranjo dos acordos geopolíticos e abertura de novos mercados. Com a manutenção da precificação do carbono como uma tendência irreversível, o retrocesso no apoio às fontes renováveis de energia significaria prejuízos financeiros, com perda de competitividade industrial e de exportações. Alguns governos, como o da França, já estudam sobretaxar em 100 euros por tonelada de CO2 os produtos importados, cuja pegada de carbono não tenha sido neutralizada.

Aqui, novamente, nota-se o governo chinês utilizando o seu peso geopolítico e econômica para fomentar um novo modelo de desenvolvimento. Com a China mantendo seus preparativos para lançar seu mercado nacional de carbono neste ano, estima-se que 20% das emissões globais serão cobertas por mecanismos de precificação, hoje adotados por mais de 60 países e mais de 500 empresas no mundo. Outras 700 companhias planejam fazer o mesmo até 2018, segundo o CDP.

A preocupação de ver as “portas fechadas” para as oportunidades de um mundo voltado para a economia de baixo carbono tem estimulado autoridades municipais e estaduais dos Estados Unidos a reforçar ou ampliar o compromisso com políticas públicas e tecnologias verdes. Os estados de Nova York, Washington e Califórnia – que reúnem um quinto da população e do PIB do país e responderam por 11% das emissões em 2014 – anunciaram que irão manter as suas metas de redução de poluição global, mesmo com a decisão do governo federal na direção oposta. Outras 200 prefeituras fizeram pronunciamentos na mesma direção. 

A Califórnia – que, se fosse um país, seria a sexta maior economia mundial – reforçou sua decisão de que 50% de sua energia seja oriunda de fontes renováveis até 2030 e que toda sua energia seja gerada por fontes limpas até 2045. A região quer criar mais valor na economia de baixo carbono. Com a adoção de leis que buscaram incentivar a utilização de novas tecnologias, a economia da Califórnia expandiu 80% entre 1990 e 2014 e sua população cresceu 30%, mas as emissões per capita caíram cerca de 20% neste período e as emissões por produção econômica despencaram 44%, segundo estudo da Comissão de Energia do Estado. 

Os resultados alcançados pela Califórnia ao longo das últimas três décadas reforçam a percepção de que crescimento econômico e redução das emissões de CO2 podem caminhar lado a lado, gerando riquezas, renda e novos empregos. Estudo recente da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena, sigla em inglês) prevê que essas fontes de energia deverão agregar US$19 trilhões para a economia mundial até 2050 e criar seis milhões de empregos.

A nova configuração do Acordo de Paris não terá impactos significativos no curto prazo para o Brasil, que, no começo de junho, promulgou os compromissos assumidos pelo País para combater as mudanças do clima. Dispondo de uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo - sendo 80% da geração elétrica oriunda de fontes limpas, com ênfase para as hidrelétricas e usinas eólicas –, o Brasil e as empresas brasileiras podem ganhar espaço no cenário internacional, por exemplo, seja atraindo investimentos em fontes renováveis, seja na exportação de produtos com menor pegada de carbono.

No médio e longo prazos, a nova dinâmica geopolítica pode significar o estreitamento dos laços econômicos de Brasil e China. Hoje, o país asiático já é o principal parceiro comercial do nosso País e caminha para se consolidar como um dos principais investidores estrangeiros, sobretudo no campo da infraestrutura. A cooperação entre as duas nações, a exemplo da criação de um fundo de investimento com US$20 bilhões para financiar projetos nas áreas de Logística, Energia, Recursos Minerais, Agricultura, Indústria de Manufatura e Serviços Digitais, pode alçar o Brasil à posição de líder proeminente no processo de transição para uma economia global de baixo carbono. 




Luiz Eduardo Osorio - vice-presidente Jurídico, Relações Institucionais e Sustentabilidade da CPFL Energia.




Aprender brincando: o caminho para fazer a criança gostar de matemática



 Matemática pode ser algo prazeroso para as crianças
Divulgação: Editora Positivo

Disciplina considerada tediosa no passado, a matemática segue sendo um problema que passa de pai para filho. Pais resistentes aos cálculos e números acabam, mesmo sem querer, transferindo para as crianças uma visão negativa da matéria, o que influencia no aprendizado da disciplina. Mas como fazer para evitar que os alunos encarem a matemática com tanta desconfiança? Especialistas explicam que interagir com a disciplina de maneira amigável e prazerosa, como fazem com qualquer outra disciplina, facilita a compreensão. Segundo o coordenador da área de matemática da Editora Positivo, Carlos Wiens, o estudante precisa entender o problema para então elaborar suas ideias, desenvolvendo estratégias, levantando hipóteses e tomando decisões. “A discussão dos conteúdos colocada de maneira prática estimula o aluno a vivenciar o que está sendo estudado, permitindo uma compreensão mais ampla dos conceitos e sua aplicação”, afirma Wiens. Segundo ele, os conteúdos que os alunos precisam aprender devem fazer sentido. "É preciso atribuir a eles um significado prático, para que os estudantes consigam responder ‘para que’ estão aprendendo a matéria em questão", completa. 

E para facilitar o aprendizado, o ensino da matemática deve ser iniciado sempre com uma discussão sobre a matéria, levando em conta a visão do aluno, a interação com colegas, professores e o conteúdo apresentado, deixando que a curiosidade do estudante seja sua própria ferramenta. A professora Marilda de Souza Fagundes, que ensina matemática no colégio Positivo Júnior, em Curitiba (PR), acredita que por meio de atividades que fujam do padrão convencional é possível desmistificar a disciplina e conquistar a atenção e o envolvimento dos alunos. Em suas aulas são comuns abordagens inusitadas como a aula “Mergulho na matemática”, realizada na piscina do colégio, em que são trabalhadas questões de medidas, como comprimento, área e espaço. Outra aula que faz sucesso com os alunos é a “Matemática e Pizza”: a professora reúne a turma - em horário de contraturno - numa pizzaria. Lá são abordadas todas as questões ligadas à atividade do estabelecimento como custos, consumo, frações e porcentagens, fazendo os estudantes exercitarem os cálculos. A professora costuma realizar também atividades mais simples, na própria sala de aula, como, por exemplo, a brincadeira da bomba, em que alunos vão passando de mão em mão um “artefato” cheio de papeizinhos com questões sobre a matemática que precisam ser respondidas por eles. Outra atividade simples e que faz muito sucesso entre as crianças é o uso do tangram, um quebra-cabeça chinês que ajuda a trabalhar noções geométricas. 

A interação com os pais e a rotina diária do aluno também podem contribuir para o aprendizado. “Fora da sala de aula, os pais devem ajudar os filhos a utilizarem os conceitos matemáticos”, reforça Wiens. Aprender brincando pode ser o caminho para fazer a criança gostar de matemática. Brincadeiras que promovem a interação em grupo motivam, desafiam e desenvolvem o raciocínio lógico. Jogos como amarelinha e pega-pega envolvem conceitos de espaço, forma e tempo. Algumas histórias infantis trazem questões que chamam a atenção para noções de quantidade e medidas. Dobraduras e quebra-cabeças também ajudam a desenvolver o raciocínio geométrico. Com o tempo, as crianças já podem auxiliar os pais, fazendo contas durante as compras no supermercado, por exemplo. Wiens ressalta ainda que os adultos devem sentar com seus filhos para fazer a lição de matemática - lembrando que, hoje, o ensino da disciplina parte do ponto de vista do aluno. 





Entenda como a Síndrome de Burnout pode afetar sua vida profissional



 Segundo pesquisa, 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com o problema


Esgotamento físico, emocional, desinteresse no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, dificuldade de concentração, pessimismo. Estes são alguns sintomas da chamada Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional, um tipo de estresse avançado, provocado por condições de trabalho desgastantes. Burnout, do inglês, seria algo como “queimar por completo”. É quando o funcionário chega ao seu limite, criando uma aversão pelo ambiente ao seu redor e às suas atividades diárias. De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (Isma), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com o problema.

De acordo com Licia Milena de Oliveira, psiquiatra e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria e professora da Medcel, que oferece cursos para residência médica, trabalhadores de qualquer área podem ser acometidos com a patologia, mas ela aponta as áreas mais suscetíveis. “Profissionais da saúde, assistência social, agentes penitenciários, policiais estão mais propensos, pelas condições de trabalho. Mulheres com dupla jornada e cuidadores também são de alto risco para desenvolver a síndrome”, explica

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão será a segunda principal causa mundial de afastamento de profissionais no mundo até 2020. No Brasil, estima-se que 5,8% da população tenha a doença. A Previdência Social registrou, em 2016, o afastamento de 75,3 mil trabalhadores por causa de quadros depressivos —37,8% do total de licenças por distúrbios psíquicos. O país é o quinto no planeta em número de casos.



Como saber se você sofre desta síndrome

Ela pode ser confundida com ansiedade ou mesmo por uma depressão, onde os sintomas são parecidos, porém, relacionados ao contexto geral da sua vida, não somente a vida profissional. O sintoma típico da síndrome é a sensação de esgotamento físico e emocional, que se reflete em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo e baixa autoestima. Podem aparecer sintomas físicos como dores de cabeça, cansaço, sudorese, palpitação, dores musculares, insônia e distúrbios gastrintestinais.

Quanto as características externas, é possível destacar a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, colegas ou clientes, ,, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe.

Dra. Licia conta que existem três níveis da síndrome, que pode se caracterizar por um quadro leve, moderado ou grave. “Sintomas leves geralmente não são incapacitantes e surgem no ambiente de trabalho, enquanto que nos casos graves há alto índice de absenteísmo e sintomas que extrapolam o ambiente corporativo”, completa.
Um estudo recente realizado pela London School of Economics, em oito países, mostra que o Brasil é o segundo país com maior valor em perdas ligadas à depressão no trabalho, com US$ 63,3 bilhões (R$ 206 bilhões), atrás apenas dos EUA, com US$ 84,7 bilhões.



Como tratar e evitar

O tratamento é realizado com psicoterapia, antidepressivos e mudanças no estilo de vida. Algumas dicas são importantes para afastar a síndrome, como adotar um estilo de vida saudável, com exercícios físicos, alimentação adequada, meditação, momentos de lazer e relaxamento.
A sugestão de Licia Oliveira é avaliar as condições de trabalho e tentar implementar maneiras para que a atividade laboral não interfira na qualidade de vida, danificando a saúde física e mental. “Percebendo qualquer alteração emocional ou física, procure um psiquiatra ou psicólogo. Se os sintomas da síndrome forem identificados precocemente, evita maiores danos à saúde”, finaliza a especialista.






Dra. Licia Milena de Oliveira - Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo e em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu. Especialista em Psiquiatria e em Medicina Legal pelo HC-FMUSP. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo AMBAN do Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP. Título de Especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Médica Assistente do Instituto de Psiquiatria no HC-FMUSP. Professora da Medcel, empresa de cursos preparatórios para Residência Médica.




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