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quinta-feira, 12 de julho de 2018

Machismo e falta de conhecimento ainda são barreiras para detecção precoce de câncer em homens


Especialista do Centro Paulista de Oncologia comentam sobre os tumores que mais atingem o sexo masculino


Conscientizar a população masculina sobre a importância de exames preventivos no combate a problemas de saúde, em especial o câncer ainda é um grande desafio. Uma pesquisa realizada em 2017 pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), encomendada pelo Datafolha, indica que 21% do público masculino acredita que o exame de toque retal "não é coisa de homem". Considerando aqueles com mais de 60 anos (grupo de risco), 38% disse não achar o procedimento relevante.

Esses dados revelam uma realidade preocupante, que colocam o preconceito e o machismo como os principais entraves para o diagnóstico precoce e combate ao câncer de próstata. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil esse tipo de tumor é o segundo mais comum entre os homens, correspondendo a 68 mil novos casos entre 2018 e 2019, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma.

"Para um diagnóstico precoce é recomendável que homens a partir de 50 anos (e 45 anos para quem tem histórico da doença na família) façam exame clínico (toque retal) e o teste de antígeno prostático específico (PSA) anualmente para rastrear o aparecimento da doença", comenta o Dr. Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia – unidade de São Paulo do Grupo Oncoclínicas.

Os principais sintomas do câncer de próstata podem ser semelhantes ao crescimento benigno da glândula, tendo como características dificuldade para urinar seguida de dor e/ou ardor, gotejamento prolongado no final, frequência urinária aumentada durante o dia ou à noite. Quando a doença já está em fase mais avançada, pode ocorrer a presença de sangue no sêmen, impotência sexual, além de outros desconfortos decorrentes da metástase em outros órgãos.

O tratamento depende do estágio e da agressividade em que o tumor de próstata se encontra. Em casos iniciais e com características de baixa agressividade, o acompanhamento vigilante com consultas e exames periódicos deve ser discutido com o paciente, uma vez que é possível poupar os mesmos de algumas toxicidades que o tratamento causa. Nos outros casos de doença localizada, a cirurgia, a radioterapia associadas ou não a bloqueio hormonal e a braquiterapia (também conhecida como radioterapia interna) pode ser realizada com boas taxas de resposta. "Após realizarem a cirurgia, em alguns casos é necessário realizar o procedimento de radioterapia pós-operatória para a diminuição do risco de recidiva da doença", comenta Dr. Andrey.


Tumor de testículo também envolve tabu a ser superado

Apesar de mais raro, outro tipo de câncer merece a atenção dos homens quando o assunto é detecção precoce: o tumor testicular. Se diagnosticado em fase inicial supera a marca dos 90% de chance de sucesso no tratamento, mas a barreira do preconceito ainda precisa ser superada.

Responsável por cerca de 5% do total de casos de tumores malignos na população masculina, de acordo com o INCA, o câncer de testículo afeta de forma mais frequente homens com idades entre 15 e 50 anos. "Os sintomas mais comuns são aumento do testículo e/ou dor. É muito comum que os homens o descubram no banho, durante a higiene, por isso o autoexame da área é a melhor forma de garantir uma possível detecção precoce de qualquer alteração", comenta o Dr. Andrey.

O tumor testicular é mais comum em indivíduos que sofreram traumatismos na região, o que aumenta o risco de incidência entre atletas. Crianças que tiveram criptorquidia, disfunção congênita em que o testículo nasce dentro do corpo, ou seja, fora de posição normal, também estão entre o grupo que tem maior chance de desenvolver a doença e devem ficar atentos a qualquer alteração no testículo.






Grupo Oncoclínicas


Tabagismo está relacionado a 97% dos cânceres de laringe; Julho Verde é o mês de conscientização do câncer de cabeça e pescoço




●        No país, o câncer de boca é o segundo tipo de câncer mais incidente em homens²;
●        Diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em torno de 80%¹;
●        A doença causa sequelas funcionais irreversíveis na voz do paciente, prejudicando a qualidade de vida.


Já é de conhecimento geral que o cigarro está relacionado ao câncer de pulmão. Mas poucos sabem que o tabagismo também está envolvido na incidência de um outro tipo de câncer: o de cabeça e pescoço. E é justamente para aumentar a conscientização da população sobre a prevenção desses tumores que a campanha Julho Verde foi criada. No Brasil, este é o segundo tipo de câncer mais incidente em homens, segundo o INCA² .

O câncer de cabeça e pescoço é a denominação para tumores que se originam em várias regiões das vias aérea digestivas, como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), seios paranasais3.

 “A incidência do câncer de cabeça e pescoço é alta e a maioria das pessoas é diagnosticada já em fase avançada, o que impacta negativamente na sobrevida do paciente, que fica com a fala comprometida”, explica Tatiane Motta, oncologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP).

Inicialmente, os tumores de cabeça e pescoço podem ser assintomáticos e o diagnóstico precoce aumenta as chances de cura em torno de 80%¹, segundo Tatiane. Com o avanço da doença, alguns sinais e sintomas podem aparecer, como dores locais, sangramentos e machucados com maior tempo de recuperação, além de caroços no pescoço, mudança na voz e rouquidão, e dificuldade para engolir5.


Causas

O tabaco é responsável por 97% dos diagnósticos de câncer de laringe³. O álcool associado ao fumo aumenta o risco em 19 vezes para câncer nessa região¹.

O HPV (vírus do papiloma humano), transmitido também pelo sexo oral sem prevenção, também tem contribuído para o aumento na incidência de tumores de orofaringe (amígdalas e base de língua)³. Esta é uma tendência mundial, que também já é identificada no Brasil.


Tratamento

Os tratamentos terapêuticos para CCP podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou uma combinação de tratamentos. A localização do tumor, o estágio da doença, a idade e o quadro geral de saúde são fatores que contribuem para a escolha da conduta de tratamento mais adequada de cada paciente. O mais importante é o tratamento personalizado, considerando as particularidades de cada caso, oferecendo o melhor tratamento disponível4.
Além das terapias tradicionais, nos últimos anos surgiram medicamentos que proporcionam excelentes resultados no controle da doença com menor impacto na qualidade de vida dos pacientes, que são as terapia-alvo e imunoterapia.


Prevenção

A prevenção é parte fundamental da campanha do Julho Verde. Atitudes simples, como acompanhamento regular com um dentista, diminuição do consumo de bebida alcoólica e suspensão do cigarro já contribuem para uma melhora na saúde4.









Referências
² Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA. Estimativa 2018. Rio de Janeiro, 2018.
³ ACBG Brasil – Associação de Câncer de Boca e Garganta
5 Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA. Laringe – Sintomas. Disponível em: www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/laringe/sintomas. Acesso em: 05 de julho de 2018.


Silencioso, aneurisma cerebral atinge 6% da população mundial



Ausência de sintomas dificulta diagnóstico precoce
 
​​O aneurisma cerebral permanece como uma das principais causas do acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH), atingindo cerca de 6% da população mundial. O médico neurorradiologista intervencionista Gelson Koppe, do Hospital VITA, em Curitiba, conta que o problema ocorre devido a um defeito na parede da artéria, local que submetido a pressão constante do sistema arterial, concorre com a formação de uma dilatação e cria uma espécie de bolha, formando o aneurisma. Como as paredes do aneurisma não têm a mesma estrutura da parede arterial normal, aumenta o risco de que a parede se rompa e provoque um sangramento dentro do crânio (aneurisma roto). “Infelizmente na maioria dos casos só é diagnosticado após o sangramento, sem sintomas que possam proporcionar um diagnóstico precoce”, destaca.

Segundo o especialista, a melhor forma de prevenção é a busca ativa (diagnóstico precoce), onde os fatores genéticos e hábitos de vida são marcantes no desenvolvimento do aneurisma (tabagismo, diabetes, hipertensão arterial, uso de drogas). “Os pacientes que possuem casos de aneurisma e AVC hemorrágico na família devem fazer um acompanhamento e busca diagnóstica com profissional especializado pois possuem eles 9,5% mais chances de ter um aneurisma”, ressalta o médico.

Dr. Gelson explica que a proporção de homens para mulheres é de 1:2, especialmente nas mulheres após os 50 anos. Além disso, mais de 90% dos aneurismas têm menos de 10 mm de diâmetro e por isso podem passar despercebidos em exames usuais.


Sintomas

Forte e repentina dor de cabeça, enjoos, vômitos, perda de consciência, formigamento, perda da força em um dos membros e desmaios são alguns dos sinais mais frequentes do rompimento de um aneurisma. Devido à gravidade da hemorragia cerebral provocada pela ruptura do aneurisma, o tratamento deve ser realizado imediatamente. “Quanto mais rápido for o atendimento e tratamento por um grupo especializado, maiores são as chances para o paciente”, alerta Dr. Gelson. 


Tratamento

A maioria dos casos têm sido tratados por um procedimento endovascular chamado embolização. O paciente recebe uma anestesia local na virilha, onde é feita uma punção com agulha para introduzir os cateteres, microcateteres e microguias chegando ao cérebro por dentro da artéria até o aneurisma, onde serão introduzidos os “coils” (materiais metálicos parecidos com molas de platina que preenchem o aneurisma, como um novelo de lã). Preenchido o espaço, o sangue deixa de circular naquela dilatação (aneurisma) e não haverá mais pressão sobre as paredes do vaso, evitando as rupturas. O aneurisma ainda pode ser tratado com a colocação de uma prótese dentro do vaso (stents diversores de fluxo) a fim de desviar o fluxo de sangue e propiciar a progressiva trombose do saco do aneurisma. “Essas são as técnicas mais modernas, mais eficazes e menos invasivas para tratar os aneurismas”, relata o médico. 

Entre as principais vantagens da técnica endovascular, Dr. Gelson salienta o curto tempo cirúrgico, média de uma hora, e em apenas dois dias o paciente já pode ir para casa, sendo que em uma semana, já pode voltar às atividades normais, sem esforços físicos. 

“O procedimento é muito menos agressivo, já que não é necessário abrir o crânio do paciente. Minimiza-se assim, o risco de infecção hospitalar e outras complicações”, evidencia.




Hospital VITA 


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