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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

LIÇÕES DA ELEIÇÃO AOS POLÍTICOS E PARTIDOS


       Verdadeiras ou não, frequentemente suspeitíssimas, as pesquisas seguem balizando a cena eleitoral. A análise que farei aqui pressupõe que elas não devam ser lidas de cabeça para baixo, ou seja, imagino que acertem ao menos quando apontam para a existência de um bloco dianteiro crescendo, um bloco intermediário dessorando e uma turma do rodapé variando entre o pouco significativo e o insignificante.
        No grupo intermediário se situa o candidato Geraldo Alckmin, com o expressivo apoio de uma legião de partidos cujas bancadas de deputados federais arregimentam mais da metade da Câmara dos Deputados. Mais da metade! Mesmo assim, as manifestações de desânimo de alguns líderes tucanos e a falta de eco aos apelos de um patético Fernando Henrique, evidenciam que a carta desse centrão saiu do baralho.
        A explicação do fenômeno é identificável a olho nu. O quadro partidário nacional se converteu num aglomerado quase indiscernível de siglas partidárias cujos programas ninguém conhece e cujas condutas, salvo alguma excepcionalidade, nada revelam sobre si mesmas. Mais grave ainda: detentores de mandato legislativo, que são a parte mais numerosa e representativa da elite partidária, como regra, resumem sua atividade dita “política” em zelar pela própria reeleição e em atender demandas de interesse pessoal, coletivo ou regional. Uns tantos, ainda, ocupam-se com proteger a retaguarda e apagar suas digitais onde as mãos tenham andado. Isso é o bastante para uma atividade política com expressão em pleito nacional? São essas as lideranças que têm a apresentar à nação?
        Quando observamos os dois dianteiros da eleição presidencial, o que se torna nítido é o trabalho de convencimento. O PT sempre fez o seu. Ele é enganoso, despido de qualquer relação com a realidade e com a verdade. O partido constrói versão para tudo que o compromete e é perito em jogar sobre os demais as culpas e as consequências de seus piores atos.  Lideranças e militantes fazem política full time e repetem incessantemente, por todos os cotovelos, aquilo que lhes interessa.
        Nos últimos dois anos, Bolsonaro foi um solitário e operoso comunicador de suas convicções. Faltaram-lhe orientação técnica e cuidados de forma e conteúdo, mas não lhe faltaram entusiasmo nem identificação com importantes anseios nacionais. A sociedade quer proteger a infância e a instituição familiar; quer que professores ensinem e estudantes estudem; quer que a criminalidade, a violência e a corrupção sejam combatidas; quer a Lava Jato preservada, polícias valorizadas, bandidos presos e penas cumpridas. Candidato do minúsculo PSL, sem dinheiro nem tempo de TV, arregimentou multidões e lidera a disputa sucessória a despeito da carga cerrada que lhe fazem a Globo, a Folha, o Estadão e a maior parte do mundo cultural e estatal sob influência petista.
        Nada é mais insosso do que um projeto de poder pelo poder. O país seria bem menos sujeito a grandes instabilidades se os partidos esgrimissem ideias, se operassem no sentido de formar opinião e criar bons consensos. Se eles não servem para o diálogo com a nação sobre seus problemas, se não recrutam lideranças qualificadas, se seus líderes marcam o próprio território e cuidam de si mesmos, se não se importam com as pautas das ruas, se não resistem à propagação das teses mais absurdas, se não as confrontam com outras superiores, tornam-se entes inservíveis e desprezáveis.



Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

Gestão Pública: como usar a tecnologia para combater a corrupção


Ao acompanhar as propostas dos candidatos no período em que antecede as eleições, o discurso é macro e não dá lugar a assuntos sobre o uso da tecnologia no combate à corrupção. 

O tema Inteligência Digital aplicada por meio do conceito de Modelagem das Informações de Construção, ou BIM (Building Information, junto a Modeling), junto a outras abordagens correlatas, como o VDC (Virtual Digital Construction) e o Digital Twin, são inexistentes no atual debate político, porém deveriam estar nas manchetes, já que são tecnologias efetivas na busca por transparência, gestão e controle dos investimentos.

Quando falamos da aplicação do BIM, o tema leva à melhora de produtividade. Como exemplo, podemos citar as metas do governo do Reino Unido, que na sua segunda fase do programa de BIM, chamado Construction 2025, tem como objetivo diminuir em 33% os custos e 50% o prazo das obras, sem contar a redução da emissão de carbono e o fomento da economia com a exportação na área da construção. O Brasil já tem um programa bem estruturado, que está caminhando dentro de uma linha parecida, porém há uma outra aplicação do BIM que poderia ajudar muito o nosso País: a transparência.

Quanto mais simples e direta for a apresentação da prestação de contas e mais fácil for sua análise, mais cidadãos poderão entendê-las de forma direta, ou seja, mais cidadania teremos. Este é uma potencial contribuição do BIM, ainda que não explorada por nossos políticos.
Hoje, relatórios gerenciais e contábeis sobre custos e avanços de obra não são compreensíveis pela grande maioria da população. Esta falta de clareza pode levar a dúvidas sobre o motivo de um orçamento ter estourado. Erro de projeto? Orçamento mal feito? 

Imponderáveis inerentes à engenharia? Decisões administrativas, políticas ou jurídicas que afetaram os custos? Corrupção? Para resolucionar esses casos, há discussões em tribunais de conta e entre os gestores, assim como denúncias na imprensa, mas, geralmente, poucas conclusões que permitem separar o joio do trigo.

Agora, imaginem um projeto em 3D associado com o planejamento da obra e um gráfico do desembolso financeiro planejado, tudo animado, mês a mês, comparando o planejado com o realizado. Vou mais além: quão interessante seria se, na tela do celular, de qualquer cidadão, ao passar pela obra ou acessar o site do governo, poder tirar uma foto do QR Code associado à obra e obter essas informações? Isto é o BIM na dimensão 5D, sem marketing, sem assessoria de imprensa, sem custos adicionais, o "i" da informação fluindo em prol da transparência.

Um outro exemplo é a aplicação do "Irmão Digital" ou Digital Twin. Trata-se de uma cópia digital da obra, que recebe dados de forma contínua do mundo real por meio de sensores. Teríamos como analisar dados de forma muito mais eficaz, monitorar, entender e consertar problemas antes que ocorressem, além de possibilitar simulações e projeções. O custo adicional de criar o irmão digital ao se contratar a obra física é muito baixo. Sua correta aplicação mudaria o patamar dos serviços públicos na saúde, transporte e educação.

Alguns vão pensar que tudo isto é um grande devaneio, que o Brasil não tem nem o básico, logo não se deve pensar em sofisticações. Porém, são estas inovações que estão permitindo fazer "mais com menos", que estão revolucionando o mundo e que permitem o pequeno fazer mais que o grande. Vamos em frente!





Marcus Granadeiro - engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, presidente do Construtivo, empresa de tecnologia com DNA de engenharia e membro da ADN (Autodesk Development Network) e do RICS (Royal Institution of Chartered Surveyours).


Quarta revolução industrial pode mudar gestão das empresas do país


Investir em tecnologia digital é uma necessidade vital para as indústrias e empresas brasileiras que não pretendem fechar as portas nos próximos anos. É que a quarta revolução industrial, a chamada Indústria 4.0, avança forte, em todo mundo, em um caminho sem volta da digitalização dos processos de produção.

Entidades e especialistas apontam que todo o setor produtivo brasileiro terá de se adaptar aos novos conceitos da Indústria 4.0 e o passo inicial parte da gestão – a administração dos negócios. 

Os empresários têm de conhecer as tecnologias e buscar conhecimentos para planejar a digitalização de suas empresas com objetivo de otimizar as linhas de produção por meio da interação dos mundos real e virtual.

O gestor terá de escolher as tecnologias que melhor vão atender às necessidades de cada empresa -“Então, isso, obviamente, coloca desafios para as empresas da forma de se organizar. A forma de se organizar vai depender de cada empresa, da cultura de cada empresa, mas não é mais como funcionava como antigamente” - explicou o Gerente-Executivo de Política Industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI), João Emílio Gonçalves. 


Digitalização Eficaz


Quase 30% das indústrias brasileiras ainda não utilizam tecnologia digital, segundo pesquisa da CNI, realizada no início de 2018. O percentual deixa claro que parte do setor industrial do país ainda precisa se adequar.

A transição da empresa tradicional para a Indústria 4.0 deve ser gradativa, de acordo com a capacidade de produção e investimentos de cada uma, priorizando a integração da tecnologia digital com as máquinas e equipamentos, por meio de sensores, softwares e robôs, por exemplo - “Haverá uma corrida maior pela introdução de tecnologias digitais, uma vez que isso vai garantir aumento de produtividade, aumento de entrega de valor para mercado, ou seja, produtos e serviços com maior valor agregado”, lembrou o professor do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), Antônio Isidro.

No entanto, a digitalização será ineficaz caso as empresas enfrentem problemas estruturais de produção, em desacordo com a filosofia da “Manufatura Enxuta”, que presa pela eficiência, pelo valor dos produtos e pela diminuição dos desperdícios, entre outras. Nesses casos, as empresas devem rever os processos da linha de produção antes de investir em tecnologia digital - “O que a gente diz é que não adianta você digitalizar um processo ineficiente. Ter essa base da Manufatura Enxuta, que gera por si só um ganho de produtividade muito grande, é uma etapa importante que as empresas precisam passar. 

Então, faz sentindo a gente pensar na Indústria 4.0 como um segundo passo, uma evolução em cima da Manufatura Enxuta” - lembrou João Emílio Gonçalves.


Eleições 2018

A implementação das tecnologias digitais nas empresas e a promoção da Indústria 4.0 faz parte do documento Propostas da Indústria para as Eleições 2018, elaborado pela CNI para os presidenciáveis. Uma delas defende que a quarta revolução industrial é essencial para o Brasil crescer economicamente e competir no mercado internacional com os países desenvolvidos. 

No mercado, existem empresas especializadas na integração de tecnologias digitais nas linhas de produção industrial. Além disso, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, o SENAI, atua, por meio dos Institutos de Inovações, na consultoria, no treinamento e capacitação das empresas em diversas áreas tecnológicas, em todo território nacional.






Cristiano Carlos

Fonte: Agência do Rádio Mais 


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