Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC),
59% dos brasileiros não usa preservativos como medida de prevenção à doença. O
tumor maligno possui alta associação com a infecção pelo vírus do papiloma
humano
Dentre os tumores mais incidentes entre os jovens
brasileiros de até 40 anos de idade, o tumor orofaríngeo – localizado atrás da
boca e que inclui a base da língua, céu da boca, amídalas e paredes laterais –
acomete cerca de 14.700 pessoas por ano no Brasil, segundo dados recentes do
Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O número de casos relacionados à infecção pelo
vírus do HPV vem aumentando em homens e mulheres e a sua transmissão ocorre por
meio da prática sexual sem proteção, em especial por intermédio do sexo oral.
"O que acontece é que o risco de desenvolver o tumor maligno entre os
jovens é muito grande pela liberdade sexual adquirida nos últimos anos",
explica o Dr. Andrey Soares, oncologista do Centro Paulista de Oncologia –
Grupo Oncoclínicas.
O vírus atinge de forma massiva a população
feminina. Em média, 75% das brasileiras sexualmente ativas terão contato com o
HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus acontece na
faixa dos 25 anos. "O HPV, em conjunto com o tabagismo e o etilismo,
hábitos que estão presentes em exageros em datas comemorativas como o Carnaval,
estão associados com esse cenário de desenvolvimento precoce da doença",
acrescenta o médico.
"A camisinha é o meio mais prático e eficiente
para a prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Com o carnaval
chegando, o cuidado deve ser redobrado", finaliza o Dr. Andrey Soares.
Primeiros sinais
Os primeiros sinais do tumor orofaríngeo podem
aparecer por meio de feridas que não cicatrizam na boca nos primeiros 15 dias,
além do aparecimento de nódulos no pescoço. O paciente pode se queixar também
de dor para mastigar ou engolir. "Estes fatores, ligados ao aparecimento
de pequenas verrugas na garganta ou na boca, podem revelar um possível
diagnóstico com associação ao HPV. Portanto, é muito importante que seja
acompanhado de perto por um especialista". Outros sintomas podem estar relacionados
à rouquidão persistente, manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua,
gengivas, céu da boca e bochecha, bem como lesões na cavidade oral ou nos
lábios e dificuldade na fala.
Atenção aos fatores
Tabagismo: Segundo o oncologista, o
câncer de cabeça e pescoço apresenta maior incidência entre os jovens e pouco
mais de um terço é causado por maus hábitos. "O principal e o mais
importante de ser combatido é o tabagismo", revela Dr. Andrey.
Antigamente, o hábito de fumar era visto com elegância e glamour, sendo
incentivado até pelas propagandas que mostravam atores famosos tragando seus
cigarros, o que estimulava esse costume entre as pessoas mais jovens. O uso
frequente do cigarro também é responsável pelo aparecimento do tumor na cabeça
e pescoço. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos
pacientes diagnosticados com câncer de boca eram tabagistas.
Álcool: Houve um tempo em que o
cigarro era liberado nos restaurantes e até em sala de aula. Hoje, isso não é
mais permitido. Contudo, o uso do tabaco persiste e, na maioria das vezes, vem
acompanhando de bebidas alcoólicas. Estimativas apontam que 75% dos casos de
câncer de pulmão são decorrentes do uso do tabaco e os fumantes têm cerca de 20
vezes mais risco de desenvolver a doença. O álcool pode agir como um solvente e
facilitar a penetração de carcinógenos nos tecidos-alvos. Além disso, aumenta o
índice de quebras no material genético e a peroxidação de lipídios e,
consequentemente, a produção de radicais livres. Vários estudos epidemiológicos
demonstram que o consumo combinado de álcool e fumo constitui o principal fator
de risco para o desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.
Infecções Virais: A geração
de jovens e adultos com menos de 40 anos preza e valoriza muito a liberdade
sexual. Trata-se de um grupo que nasceu após o "boom" do HIV e,
apesar de bem informada e consciente dos riscos envolvendo doenças sexualmente
transmissíveis, apresenta índices elevados de contágio pelo chamado papilomavírus
humano – conhecido como HPV. "Além disso, a hepatite B e C
também são fatores de risco para câncer de cabeça e pescoço, são infecções
virais que podem ser transmitidas em relações sexuais não seguras. Vale lembrar
sempre da importância do uso de preservativos para a preservação da
saúde", finaliza o médico.